A procuradora-geral
da República, Raquel Dodge, participou da cerimônia de abertura da Campanha da
Fraternidade 2019, realizada na manhã desta Quarta-feira de Cinzas, na sede
provisória da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília
(DF). Em sua fala, a chefe do Ministério Público Federal (MPF) enfatizou a
promoção da fraternidade, “como princípio que move a Igreja e deve mover o
Estado brasileiro”. Para a procuradora, a CF “pede políticas públicas que
ensejem vida digna para todos”.
“Esta
edição da Campanha toca em uma dimensão da fraternidade que fala ao Estado
brasileiro, aos gestores públicos, aos serviços públicos que todos utilizamos
ou são postos à nossa disposição. Fala também aos cristãos leigos e a todos os
cidadãos da sua atuação no campo da política”, afirmou Raquel Dodge, que
continuou ressaltando que a CF “toca na esperança dos brasileiros, nas suas
perplexidades, em suas dores e expectativas de solução para problemas concretos
que enfrentam no cotidiano de suas vidas”.
Vida digna e políticas
públicas
Raquel
Dodge, ao destacar o pedido por políticas públicas que ensejem vida digna para
todos, elencou vários exemplos que devem ser atingidos de forma solidária com a
abordagem da temática proposta pela CNBB neste tempo da Quaresma: “os que
sofrem de doenças raras ou incuráveis, que necessitam de mais pesquisa
científica ou de medidas que aliviem a dor; com os que padecem de doenças
curáveis ou controláveis e necessitam de diagnóstico mais rápido, de
medicamentos constantes e de assistência mais próxima de suas casas; com os que
perdem a vida em estradas mal preservadas e mal sinalizadas; com os que sofrem
sede de água potável ou são forçados a sobreviver com acesso precário ou águas
impróprias para consumo humano; com os que precisam de educação de qualidade,
para romper o ciclo da miséria e para garantia do desenvolvimento nacional”.
“As
políticas públicas devem resultar na inclusão de todos, com qualidade e trato
humanitário, de modo a que ninguém esteja fora de seu âmbito de proteção”,
reforçou Dodge, que fez referência aos fundamentos e objetivos da República
expressos nos artigos 1º e 3º da “Constituição Cidadã de 1988”.
Citando
o Papa Francisco, para quem a “fraternidade manifesta-se nos deveres de
solidariedade, de justiça social e de caridade universal”, a procuradora
apontou para políticas públicas que estimulam relações fraternas entre
brasileiros e imigrantes. Continuou enumerando realidades que podem ser tocadas
pela fraternidade: redução da violência cotidiana; enfrentamento das muitas
formas de corrupção, de crime organizado e ações ilícitas “que fragilizam
direitos e deixam milhares de pessoas submetidas à força destrutiva da avareza
e da manipulação”.
Ainda:
o estímulo ao trabalho mais vigoroso pela erradicação da violência doméstica; o
tratamento adequado e prioritário ao fenômeno da violência e dos abusos contra
crianças e adolescentes; o impedimento à destruição das florestas, à extinção
da fauna e à degradação de recursos naturais.
Direito e a justiça
Raquel
Dodge encerrou ressaltando que o Estado deve considerar as dimensões do Direito
e da Justiça, expressos no lema da Campanha da Fraternidade 2019: “Esta Campanha
nos convida, finalmente, a refletir sobre o modo como realizaremos o justo.
Propõe que estimulemos fraternidade nos objetivos, na idealização e na
implementação de políticas públicas, que protejam a dignidade humana em uma
sociedade livre, justa, pluralista e solidária”.
“Estou
segura de que esta Campanha fortalecerá políticas públicas de qualidade,
comprometidas com a proteção devida a todos, sobretudo aos mais frágeis e
marginalizados. E, nos passos do Papa Francisco, também concluo: ‘A força da
fraternidade […] é a nova fronteira do cristianismo’ e da humanidade”,
finalizou.
Foto:
Edições CNBB/Lilian Lima
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