30 de setembro de 2019 –
A meta de “saúde universal” deveria estar ao alcance das Américas – uma região
que tem sido líder mundial no progresso da saúde. No entanto, é necessário
intensificar as ações e investimentos para acelerar o progresso em direção à
saúde universal, afirmou a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde
(OPAS), Carissa F. Etienne, durante a cerimônia de abertura do 57º Conselho Diretivo da OPAS,
que ocorreu nesta segunda-feira (30).
As observações foram feitas
diante das principais autoridades de saúde das Américas do Norte, do Sul,
Central e do Caribe, que se reúnem em Washington (EUA) nesta semana para buscar
um acordo sobre estratégias e planos capazes de enfrentar desafios comuns à
saúde. Isso inclui um plano para reduzir as doenças cardiovasculares,
eliminando os ácidos graxos trans produzidos industrialmente; uma estratégia
para tornar o acesso a transplantes de órgãos, tecidos e células mais
equitativo; e um plano para melhorar a qualidade do atendimento prestado nos
serviços de saúde.
Dirigindo-se a mais de cem
delegados e representantes da sociedade civil presentes na reunião, Etienne
citou os recentes sucessos em saúde alcançados pelos países das Américas,
descritos no Relatório Global de Monitoramento de 2019: “Atenção Primária à
Saúde no Caminho para a Cobertura Universal de Saúde”, lançado na Assembleia
Geral das Nações Unidas na última semana.
A diretora da OPAS apresentou
como êxitos a mais alta classificação entre todas as regiões em uma medida
global de cobertura de serviços de saúde (79 em 100 no Índice de Cobertura de
Serviços da UHC) e o aumento significativo na despesa pública regional média em
saúde, de 3,8 para 4,2% do PIB nos últimos cinco anos.
Apesar de tal progresso, no
entanto, Etienne apontou para uma necessidade urgente de ação conjunta em
desafios de saúde maiores que, “se não forem abordados, afetarão negativamente
nossa capacidade coletiva de oferecer” saúde universal para o povo das
Américas. Entre eles, estão o aquecimento global e as mudanças climáticas, a
prevenção da disseminação rápida e descontrolada de doenças infecciosas, a
resistência antimicrobiana, a migração em massa e a produção de alimentos e
água seguros, entre outros, “para os quais os riscos, desafios e possíveis
impactos se estendem além das fronteiras nacionais”, observou Etienne.
A diretora da OPAS instou os
ministros e os delegados a "trabalharem em conjunto para o bem global
mútuo em muitas áreas".
O secretário de Saúde e Serviços
Humanos dos EUA, Alex Azar, enfatizou a "orgulhosa história de cooperação
nas Américas na área da saúde" e pediu uma colaboração contínua. "É
importante lembrar que o objetivo final de nosso trabalho é a saúde de todas as
pessoas", disse.
Azar também destacou o
trabalho de países – como a Colômbia – que receberam migrantes da Venezuela e
afirmou que "estaremos mais aptos a responder a emergências de saúde se
estivermos melhor preparados".
O diretor-geral da Organização
Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, elogiou a Região das
Américas por ser “a única região que viu melhorias na cobertura de serviços e
proteção financeira”, mas citou as mudanças climáticas como um desafio
particularmente importante para o hemisfério.
"O que vi nas Bahamas é
um lembrete trágico da necessidade urgente de mitigar e adaptar-se às mudanças
climáticas", disse Tedros. Embora os pequenos Estados insulares sejam os
menos responsáveis pelas mudanças climáticas, eles estão entre os com maior
risco. “Nossa visão é que, até 2030, todas as ilhas do Caribe terão um sistema
de saúde resiliente às mudanças climáticas. Isso é ambicioso, mas factível”,
acrescentou.
O ministro da Saúde Pública
das Bahamas e o presidente cessante do Conselho Diretivo, Duane Sands, agradeceram
à OPAS/OMS por sua assistência na restauração e reconstrução após o furacão
Dorian. "Seu trabalho resultou em salvar inúmeras vidas, impedir a
propagação de doenças e mortes e promover uma vida saudável para indivíduos,
populações, comunidades e países sem medo ou favor", alegou.
Sands afirmou ainda que a OPAS
continua liderando o mundo com a erradicação, prevenção e controle de doenças,
apesar da mudança de paisagens políticas e incertezas econômicas, e prestando
atenção especial à diversidade cultural, sensibilidade étnica e proteção de
populações vulneráveis. "A base da força da OPAS pode ser resumida: um
país com todos os recursos do mundo não pode alcançar o que 39 países podem
alcançar juntos”, pontuou.
O ministro da Saúde da Costa
Rica, Daniel Salas Peraza, foi
eleito presidente do 57º Conselho Diretivo da OPAS deste ano.
Opas
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