POR WANDY RIBEIRO. POSTADO
EM FARMÁCIA CLÍNICA - 7035
Pesquisa realizada em
território nacional sobre a serpente jararaca-do-norte (Bothrops atrox)
e uma espécie de tarântula (Acanthoscurria rondoniae), publicados no
Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases e na
Frontiers in Pharmacology, identificou que o veneno desses animais peçonhentos
possui potencial farmacológico. Segundo os cientistas, as substâncias podem ser
eficazes no combate às variações cardíacas, bactérias, fungos, alguns vírus e
até no auxílio do tratamento de tipos de câncer.
O estudo durou mais de quatro
anos e foi feito por meio da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da
Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Butantan, apoiado pela Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). As duas espécies
pesquisadas são nativas da Amazônia e a conclusão dos cientistas surgiu depois
da descoberta de mais de cem fragmentos de proteína (peptídeos) nas glândulas
de veneno dos animais analisados.
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Segundo o professor da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, Alexandre Tashima, que coordenou a pesquisa, os resultados do estudo serviram para reforçar o conceito popular de que “a diferença entre o veneno e o fármaco está na dose”. Segundo o G1, o cientista explica que é possível formular um paralelo entre o efeito da substância em ambiente natural e suas administrações por meios farmacológicos.
“As espécies venenosas
passaram por anos de evolução para se alimentar e se defender com maior
eficiência. Observamos na jararaca-do-norte, por exemplo, ações
anti-hipertensivas e capazes de diminuir a coagulação. Esses são processos
usados quando a serpente vai fazer a captura da presa para que o veneno se
espalhe no organismo dela mais rapidamente”, exemplifica o pesquisador, em
matéria publicada pelo G1.
Ainda de acordo com informação
divulgada pelo veículo, a jararaca, que foi estudada durante a análise, é a
serpente de maior relevância médica na região amazônica. No entanto, embora o
conteúdo de suas proteínas já tenha sido pesquisado, os fragmentos desses
peptídeos ainda não tinham sido submetidos às análises.
Nesse sentido, como no
desenvolvimento de um composto sintético é mais simples por meio do uso dos
peptídeos, Tashima resolveu pesquisar os fragmentos e chegou aos resultados
promissores.
“Esse estudo mostra como
conhecemos pouco da nossa biodiversidade, a maior do mundo, tanto do ponto de
vista biológico e ecológico, quanto farmacológico e biotecnológico. Quando nós
vemos a destruição que ocorre no País, lamentamos porque podemos estar perdendo
espécies importantes para a medicina sem nem ao menos conhecê-las”, reforçou o
cientista.
Próximos passos e cautela
Contudo, apesar dos resultados
promissores, os cientistas envolvidos no estudo ressaltam que os testes ainda
não preliminares, indicando apenas potenciais de atividades biológicas. Por
isso, mais estudos ainda deverão ser realizados em culturas celulares e animais
para constatar a ação farmacológica dessas peçonhas no desenvolvimento de
medicamentos, por exemplo.
Nesse sentido, vale reforçar que a peçonha desses animais não deve ser usada para o tratamento de doenças de forma discriminada ou por meio de automedicação, pois, inclusive, apresenta risco de morte.
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