Centro Tecnologia em Vacinas
da UFMG recebe nesta segunda-feira (06) o Vírus Vaccínia Ankara Modificado (MVA)
doado pelo Instituto Nacional de Saúde dos EU
Foto: Raphaella Dias | UFMG
Duas alíquotas-semente do Vírus Vaccínia Ankara Modificado (MVA) foram entregues nesta segunda-feira (05/9) no Centro de Tecnologia de Vacinas (CT Vacinas) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O material biológico chegou Brasil na sexta-feira (02), no aeroporto de Confins, em Minas Gerais. A ação é apoiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) por meio da RedeVírus MCTI. Esse é um primeiro passo para que o Brasil possa iniciar a pesquisa para produção em território nacional de uma vacina antivariólica, que tem ação para monkeypox.
O CT Vacinas está em processo
para ser transformado em um Centro Nacional de Tecnologias em Vacinas MCTI,
decorrente de um acordo firmado em 2021 entre a pasta ministerial e a UFMG. A
medida ampliará a capacidade brasileira no desenvolvimento de vacinas.
O material biológico foi doado pelo Instituto Nacional de Saúde (National
Institutes of Health - NHI), agência de pesquisa médica dos Estados Unidos, ao
CT Vacinas da UFMG por meio de um Acordo de Transferência de Material Clínico
(CMTA - Clinical Material Transfer Agreement).
As sementes do vírus vacinal,
como são chamadas tecnicamente, serão utilizadas para a produção de lotes de
vacina para a realização de testes pré-clínicos e clínicos no Brasil. As etapas
fazem parte do processo de desenvolvimento de vacina. O material também é ponto
de partida para o desenvolvimento nacional do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA),
que é a matéria-prima para a produção vacinas, contra a varíola símia
(monkeypox). Os estudos clínicos que serão realizados no País também contribuirão
para confirmar a eficácia do uso do MVA como vírus vacinal para seres humanos
no contexto do surto de monkeypox.
O CTVacinas receberá o lote e
trabalhará em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio do
Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos). Cada alíquota
contém 0,2ml do vírus ultrapuro que foi produzido em boas práticas de
fabricação e de laboratório, ou seja, apto para servir de base para produção de
material que possa ser inoculado em seres humanos.
Os pesquisadores especialistas
em varíola e responsáveis pelas pesquisas das duas instituições integram a
RedeVírus MCTI e utilizarão o material biológico para iniciar pesquisas para
avaliar a utilização da vacina contra o vírus monkeypox. O trabalho conjunto
envolve a definição de protocolos e processos.
A iniciativa é uma das ações
definidas como prioritária pelos pesquisadores brasileiros que integram a
CâmaraPOX MCTI. Constituída em maio deste ano, o grupo formado por oito
pesquisadores brasileiros especialistas em varíola e outros poxvírus assessora
o MCTI sobre o assunto em relação à pesquisa, desenvolvimento e inovação.
O apoio da RedeVírus MCTI, por
meio do financiamento pretérito que fomenta a pesquisa na área de vírus
emergentes e reemergentes desde 2020, permitiu estabelecer as condições para
que os integrantes da CâmaraPOX pudessem requisitar o vírus, incorporação,
negociações para a produção no Brasil.
Varíola –
A varíola humana foi erradicada no mundo na década de 1970 por meio da ação
vacinal coordenada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). À época, o MVA, que
é uma espécie de ‘primo’ da varíola humana, foi um dos vírus utilizados nos
programas de imunização. De acordo com os especialistas, são poucos
laboratórios no mundo possuem esse vírus que é base para vacinas de 3ª geração.
O MVA foi modificado na Alemanha por meio de ‘passagens’, pelo menos 500 vezes,
em ovos de galinha de modo a ficar completamente atenuado, ou seja, sofreu
mutações capazes de deixar o vírus adaptado ao hospedeiro aviário, mas que o
tornou incapaz de se replicar produtivamente em seres humanos e outros
mamíferos. Essas alterações permitem que ao ser aplicado no corpo humano no
formato de vacina, o vírus produção de antígenos (induz resposta imunológica),
mas não consegue se replicar. É o mesmo princípio da vacina que utiliza como
base o adenovírus, utilizado para a produção de vacinas de combate à Covid-19.
RedeVírus MCTI –
A RedeVírus MCTI foi instituída em fevereiro de 2020, antes mesmo de a
Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar pandemia do coronavírus. O comitê
presta assessoramento técnico-científico ao MCTI sobre as estratégias e
necessidades na área de ciência, tecnologia e inovação necessárias na área de
saúde. A Rede está organizada em subredes que contemplam desenvolvimento de
testes para diagnóstico, sequenciamento e monitoramento genômico,
desenvolvimento de vacinas, monitoramento epidemiológico de animais e em águas
residuais.
CT Vacinas - O
CT-Vacinas é um centro de pesquisas em biotecnologia voltado para o desenvolvimento
de novas tecnologias ligadas à produção de kits de diagnóstico e vacinas contra
doenças humanas e veterinárias. É também a sede do Instituto Nacional de
Ciência e Tecnologia de Vacinas.
O CT Vacinas conduz pesquisas para desenvolver vacinas contra doenças como leishmaniose, malária, doença de Chagas e Covid-19. A vacina contra Covid-19, SpiN-Tec, que recebeu financiamento do MCTI, aguarda autorização do órgão regulador brasileiro para iniciar os testes clínicos. A vacina contra malária, que também conta com apoio do MCTI, aguarda a realização dos testes de segurança, um dos últimos pré-requisitos antes dos ensaios clínicos.
0 comentários:
Postar um comentário