Quase um terço (31%) dos
homens brasileiros não tem o hábito de ir aos serviços de saúde para acompanhar
seu estado de saúde e buscar auxílio na prevenção de doenças e na qualidade de
vida. Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde aponta que barreiras socioculturais
interferem na prevenção à saúde. Em muitos casos, os homens pensam que não
ficam doentes ou têm medo de descobrir doença, além de sentirem que esse
cuidado pode interferir na sua imagem de cuidado com a família.
“Saúde é importante para que os
homens participem ativamente das atividades familiares. Nossa chamada é para
que os pais procurem os serviços e recebam orientações para cuidar de sua saúde
e prevenir doenças, como manter as vacinas em dia. Filhos, lembrem seus pais de
cuidar regularmente da saúde. Esse será o melhor presente para toda a família”,
afirmou o ministro da Saúde, Ricardo Barros.
- Confira a apresentação da coletiva
- Guia do Pré-Natal do Parceiro para Profissionais de Saúde
- Guia de Saúde do Homem para Agente Comunitário de Saúde (ACS)
Uma das respostas mais comuns
entre os homens (55%) é dizer que não buscaram os serviços de saúde, pois nunca
precisaram. Essa falta de cuidado, no entanto, esconde uma crescente
consequência para a maioria dos brasileiros: eles morrem mais cedo do que as
mulheres e de doenças que poderiam ser prevenidas, como acidentes vasculares,
infartos, cânceres e doenças do aparelho digestivo.
A partir deste diagnóstico e
aproveitando a semana em que se comemora o Dia dos Pais, o Ministério da Saúde
lança o Guia do Pré-Natal do parceiro e o Guia da Saúde do Homem para agente
comunitário de saúde. O objetivo é aproveitar o momento em que o homem está
mais próximo do serviço de saúde, acompanhando sua parceira no Pré-Natal, para
que ele adote hábitos saudáveis e realize exames preventivos. Como a chegada de
um filho traz mudanças à família, a ideia é despertar nos futuros pais a
necessidade de adoção de medidas preventivas que lhe garantam um futuro ao lado
dos filhos.
“Alguns pilotos de capacitação
com profissionais de saúde já foram feitos na Bahia, São Paulo e Paraná. Nossa
ideia é mostrar a forma triangular da família e sair daquele binômio mãe e
filho. Algumas unidades de saúde já atendem em horário ampliado para atrair os
homens”, informa Francisco Norberto, coordenador da saúde do homem.
A pesquisa mostrou ainda que,
apesar do Pré-natal da parceira ser o momento em que o homem está mais próximo
do serviço de saúde, ele ainda é pouco aproveitado pelos profissionais. A
maioria dos homens (80%) disse que acompanhou a parceira nas consultas de
pré-natal, mas 56% disseram que o atendimento teve foco apenas nas orientações
para a gestante.
Sobre a realização de exames,
84,6% dos pais não realizaram nenhum durante o pré-natal. Os exames mais
pedidos para os que realizaram foram tipagem sanguínea (70,4%), seguido da
sorologia para HIV e hemograma. Também foi alto o percentual de homens que
informaram que não atualizaram o seu cartão de vacinas – 64%. Quanto às
orientações sobre planejamento familiar, 61% relataram ter recebido atendimento
nos serviços de saúde.
O inquérito telefônico foi
realizado em 2015, com mais de seis mil homens cujas parceiras fizeram parto no
SUS. Dentre os participantes, 80% tinham entre 20 e 39 anos e 67,3% afirmaram
ter renda entre 1 e 2 salários mínimos. Quase metade (49%) relataram que são
casados e apenas 36,9% possuíam nível médio completo.
O Ministério da Saúde também
lançou com a Avasus um curso a distância chamado Pai Presente – Cuidado e
Compromisso. O curso é voltado para todos os pais que querem viver uma
paternidade ativa e consciente. Quem tiver interesse, o endereço é https://avasus.ufrn.br/
SAÚDE DO HOMEM – O
resultado da busca tardia pelo serviço de saúde é que, em média, os homens
vivem sete anos a menos que as mulheres. Segundo a última pesquisa do IBGE,
enquanto a expectativa de vida dos homens alcançou 71 anos, entre as mulheres,
a expectativa é de 78 anos. As causas que mais matam os homens são as externas,
(acidentes de trânsito, violências), seguido de doenças do aparelho circulatório,
neoplasias e aparelho digestivo. Ou seja, males que, se conhecidos no estágio
inicial, podem ser prevenidos ou controlados.
Dados do Vigitel 2015
mostraram ainda outros problemas de saúde. No quesito da nutrição, 57% dos
homens têm sobrepeso e 18% estão obesos, 25% deles consomem bebidas alcóolicas,
13% deles fumam e apenas 31% consomem regularmente frutas e verduras.
O governo brasileiro foi o
primeiro das Américas a desenvolver e executar uma política exclusiva para
homens. Atualmente, além do Brasil, apenas a Austrália e Irlanda apresentam uma
política com a mesma finalidade.
Agora, com o Guia do Pré-Natal
do Parceiro para Profissionais de Saúde e o Guia da Saúde do Homem para o
Agente Comunitário de Saúde (ACS), o Ministério da Saúde quer estimular os
homens a assumirem cuidados preventivos – no mês que é marcado, no Brasil, pelo
Dia dos Pais e que, por isso, foi adotado como mês de valorização da
paternidade. “Gravidez também é assunto de homem. Estimular a participação do
parceiro é fundamental para o bem estar da mãe, do bebê e do próprio homem”,
afirma o coordenador da saúde do homem, Francisco Norberto.
Já o Guia da Saúde do Homem do
Agente Comunitário de Saúdetem o propósito desensibilizar os ACS’s no sentido
de levar o homem às unidades básicas de saúde para trabalhar a prevenção.
“Nossa intenção é educar o homem para que ele entenda as unidades de saúde como
um espaço de cuidado”, completa o coordenador.
As publicações serão
apresentadas em capacitações que acontecerão em todo o país de agosto a
novembro deste ano. Serão distribuídos 242.500 exemplares do Guia do Pré-Natal
do Parceiro para Profissionais de Saúde,voltado para inserção dos homens
no pré-natal de suas parceiras. Ele orienta e incentiva o homem a exercer a
paternidade desde o planejamento reprodutivo do casal, passando pela fase do
pré-natal, parto e atenção às crianças.
Carolina Valadares, da
Agência Saúde
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