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sexta-feira, 16 de março de 2018

Ministério da Saúde participa do maior evento sobre tecnologia da informação e comunicação em saúde nos EUA


Durante cinco dias, a HIMSS18 promoveu educação, colaboração e inovação voltadas para as TIC em saúde

Crédito: Divulgação
Experiências brasileiras de informatização da saúde foram apresentadas em evento nos EUA

Identificar as melhores práticas internacionais, instrumentos e ferramentas para implementação e aperfeiçoamento da Estratégia de Saúde Digital brasileira (digiSUS). Esse foi o objetivo da comitiva do Ministério da Saúde durante a Conferência Internacional de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) em Saúde, a HIMSS18 Conference, realizada em Las Vegas, nos Estados Unidos, de 5 a 9 de março.

Promovida pela Sociedade de Sistemas de Gestão e Informação em Cuidado Saúde (Healthcare Information and Management Systems Society – HIMSS), a conferência, que é a maior no mundo da área de TIC em Saúde, reuniu mais de 45 mil profissionais e 1.300 fornecedores em mais de 300 palestras e oficinas.

Logo no primeiro dia, ocorreu a oficina “Transformação digital nos cuidados de saúde: redefinindo a prestação de cuidados de saúde aos pacientes e a saúde populacional”. Durante o evento, que teve mais de 100 participantes, o Ministério da Saúde promoveu o painel “digiSUS: A Estratégia de Saúde Digital do Brasil”, que foi coordenado pela Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS).

Na ocasião, a Coordenadora-Geral de Monitoramento e Avaliação, Juliana Zinader, apresentou a estratégia do digiSUS e projetos estruturantes, como o Programa de Informatização das Unidades Básicas de Saúde (PIUBS); o Diretor Substituto do Departamento de Atenção Básica, Allan Nuno de Sousa, apresentou a estratégia do e-SUS AB e o impacto da informatização na atenção básica; e o Diretor do Departamento de Informática do SUS, Guilherme Telles, reforçou a importância do Registro Eletrônico em Saúde (RES) para garantir a continuidade e melhorar a qualidade da assistência.

A delegação do MS participou, ainda, de diversos fóruns e discussões relacionados às tendências em estratégias de saúde digital de outros países. “Essa troca de experiências irá contribuir para a disseminação do digiSUS em âmbito internacional, bem como para a atualização de melhores práticas que estão sendo desenvolvidas em países modelos”, explicou Guilherme Telles.

Durante a reunião com o vice-presidente global da HIMSS Analytics, John Daniels, discutiu-se a metodologia do modelo de maturidade de adoção de sistemas de registro eletrônico e experiências da adoção desta metodologia por Ministérios da Saúde em diversos países da Europa e Ásia. Como desdobramento desta reunião, a equipe da HIMSS Analytics encaminhará material para análise pela equipe do MS com vistas a uma possível adoção / adaptação deste modelo para o Brasil.

TROCA DE EXPERIÊNCIAS
Durante encontro com o Coordenador Nacional de Tecnologias de Informação em Saúde do governo dos EUA (ONC), Don Rucker, foi demonstrado a estrutura de governança do escritório nacional americano. Adicionalmente, a diretora do escritório do cientista chefe do ONC, Teresa Cabán, comentou da importância do Brasil participar da iniciativa Global Health Informatics (Informática para a Saúde Global), que congrega 14 países em discussões sobre a implantação da estratégia de e-saúde. Como encaminhamento, será agendada uma reunião com a equipe do MS para discutir como estabelecer parcerias com o ONC.

Ao longo do evento, a comitiva brasileira também teve a oportunidade de se reunir com a CEO da NHS Digital Academy, Rachel Dunscombe, que é responsável pela informatização da região de Manchester (Reino Unido). Na oportunidade foi exposto que Manchester adotou a mesma arquitetura e tecnologia adquiridas para o RES Nacional brasileiro, que conta com um repositório de informações clínicas, em formato não proprietário, baseado no modelo OpenEHR.

Para a CEO, que se colocou à disposição para trocar experiências com a equipe do MS, o Brasil fez a escolha acertada ao optar por uma base de dados clínicos em formato aberto. Ela comentou ainda que, pelo tamanho e número de registros, o projeto brasileiro será referência internacional de adoção de padrões abertos de armazenamento. O encontro também contou com a participação do co-presidente da Fundação OpenEHR e CEO da empresa Marand, Tomaž Gornik, que abordou exemplos do mundo real, comprovando que as soluções baseadas em OpenEHR (padrão universal para interoperabilidade semântica da informação) podem ser aplicadas em escala.

Para que a equipe do MS pudesse ver um exemplo de sistema de prescrição eletrônica seguindo todos os requisitos de segurança do paciente (nos mesmos moldes que se pretende adotar no eSUS-AB) a SBIS solicitou a Tomaž Gornik que apresentasse a solução hoje em operação na rede de hospitais universitários em Plymouth (Inglaterra). Este exemplo utiliza interfaces gráficas de domínio público que acessam um repositório de arquétipos OpenEHR, exatamente como no projeto do RES brasileiro.

O modelo apresentado é um importante exemplo para o desenvolvimento do prontuário eletrônico do paciente desenvolvido pelo MS e usado nas UBS brasileiras (e-SUS AB), que poderá ser o primeiro sistema a testar a base de medicamentos da Ontologia Brasileira de Medicamentos (OBM) e validar os requisitos de segurança, já com os mapeamentos para a SNOMED (Systematizade Nomenclature of Medicine: a mais completa nomenclatura sistematizada de termos clínicos de medicina, internacional e multilíngue).

Juliana Zinader ressaltou que “a necessidade de uma estratégia para a Saúde Digital está visivelmente presente nas conversas feitas com os técnicos norte-americanos e ingleses”. Estes últimos, inclusive, apresentaram a importância da utilização do SNOMED como terminologia para dados clínicos “uma decisão acertada recentemente tomada pelo Ministério da Saúde” destaca a coordenadora-geral do MS.

O Showcase de Interoperabilidade é talvez a maior atração da Feira da HIMSS. Neste espaço foram apresentados mais de 80 diferentes casos de uso de interoperabilidade de sistemas, com demonstrações sobre cada uma das instâncias por onde pode passar um paciente. Contudo, a delegação brasileira observou que tratavam-se de exemplos fragmentados e que a implementação de um caso de uso não necessariamente conversava com outras implementações, já que as empresas líderes de mercado nos Estado Unidos criam redes proprietárias de troca de informação, diferentemente da proposta brasileira na qual todos poderão participar e compartilhar dados com a base nacional.

A participação da delegação brasileira na HIMSS18 foi muito proveitosa, pelos contatos estabelecidos com outros governos e por verificar que o Brasil está no caminho certo, alinhado com outros países que possuem sistemas públicos de saúde, como a Inglaterra e Austrália. Segundo Allan Nuno, “a equipe do MS teve uma excelente oportunidade de apresentar a estratégia e-Saúde para o Brasil para um conjunto de atores dos setores público e privado de todo o mundo”, conclui.

Por Nucoms DATAUS, DEMAS e DAB


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