Durante cinco dias, a HIMSS18
promoveu educação, colaboração e inovação voltadas para as TIC em
saúde
Crédito: Divulgação
Experiências brasileiras de
informatização da saúde foram apresentadas em evento nos EUA
Identificar as melhores
práticas internacionais, instrumentos e ferramentas para implementação e
aperfeiçoamento da Estratégia de Saúde Digital brasileira (digiSUS). Esse foi o
objetivo da comitiva do Ministério da Saúde durante a Conferência Internacional
de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) em Saúde, a HIMSS18 Conference,
realizada em Las Vegas, nos Estados Unidos, de 5 a 9 de março.
Promovida pela Sociedade de
Sistemas de Gestão e Informação em Cuidado Saúde (Healthcare Information and
Management Systems Society – HIMSS), a conferência, que é a maior no
mundo da área de TIC em Saúde, reuniu mais de 45 mil profissionais e 1.300
fornecedores em mais de 300 palestras e oficinas.
Logo no primeiro dia, ocorreu
a oficina “Transformação digital nos cuidados de saúde: redefinindo a prestação
de cuidados de saúde aos pacientes e a saúde populacional”. Durante o evento,
que teve mais de 100 participantes, o Ministério da Saúde promoveu o painel
“digiSUS: A Estratégia de Saúde Digital do Brasil”, que foi coordenado pela
Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS).
Na ocasião, a Coordenadora-Geral
de Monitoramento e Avaliação, Juliana Zinader, apresentou a estratégia do
digiSUS e projetos estruturantes, como o Programa de Informatização das
Unidades Básicas de Saúde (PIUBS); o Diretor Substituto do Departamento de
Atenção Básica, Allan Nuno de Sousa, apresentou a estratégia do e-SUS AB e o
impacto da informatização na atenção básica; e o Diretor do Departamento de
Informática do SUS, Guilherme Telles, reforçou a importância do Registro
Eletrônico em Saúde (RES) para garantir a continuidade e melhorar a qualidade
da assistência.
A delegação do MS participou,
ainda, de diversos fóruns e discussões relacionados às tendências em
estratégias de saúde digital de outros países. “Essa troca de experiências irá
contribuir para a disseminação do digiSUS em âmbito internacional, bem como
para a atualização de melhores práticas que estão sendo desenvolvidas em países
modelos”, explicou Guilherme Telles.
Durante a reunião com o
vice-presidente global da HIMSS Analytics, John Daniels, discutiu-se a
metodologia do modelo de maturidade de adoção de sistemas de registro
eletrônico e experiências da adoção desta metodologia por Ministérios da Saúde
em diversos países da Europa e Ásia. Como desdobramento desta reunião, a equipe
da HIMSS Analytics encaminhará material para análise pela equipe do MS com
vistas a uma possível adoção / adaptação deste modelo para o Brasil.
TROCA DE EXPERIÊNCIAS
Durante encontro com o
Coordenador Nacional de Tecnologias de Informação em Saúde do governo dos EUA
(ONC), Don Rucker, foi demonstrado a estrutura de governança do escritório
nacional americano. Adicionalmente, a diretora do escritório do cientista chefe
do ONC, Teresa Cabán, comentou da importância do Brasil participar da
iniciativa Global Health Informatics (Informática para a Saúde
Global), que congrega 14 países em discussões sobre a implantação da estratégia
de e-saúde. Como encaminhamento, será agendada uma reunião com a equipe do MS
para discutir como estabelecer parcerias com o ONC.
Ao longo do evento, a comitiva
brasileira também teve a oportunidade de se reunir com a CEO da NHS Digital
Academy, Rachel Dunscombe, que é responsável pela informatização da região de
Manchester (Reino Unido). Na oportunidade foi exposto que Manchester adotou a
mesma arquitetura e tecnologia adquiridas para o RES Nacional brasileiro, que
conta com um repositório de informações clínicas, em formato não proprietário,
baseado no modelo OpenEHR.
Para a CEO, que se colocou à
disposição para trocar experiências com a equipe do MS, o Brasil fez a escolha
acertada ao optar por uma base de dados clínicos em formato aberto. Ela
comentou ainda que, pelo tamanho e número de registros, o projeto brasileiro
será referência internacional de adoção de padrões abertos de armazenamento. O
encontro também contou com a participação do co-presidente da Fundação OpenEHR
e CEO da empresa Marand, Tomaž Gornik, que abordou exemplos do mundo real, comprovando
que as soluções baseadas em OpenEHR (padrão universal para interoperabilidade
semântica da informação) podem ser aplicadas em escala.
Para que a equipe do MS
pudesse ver um exemplo de sistema de prescrição eletrônica seguindo todos os
requisitos de segurança do paciente (nos mesmos moldes que se pretende adotar
no eSUS-AB) a SBIS solicitou a Tomaž Gornik que apresentasse a solução hoje em
operação na rede de hospitais universitários em Plymouth (Inglaterra). Este
exemplo utiliza interfaces gráficas de domínio público que acessam um
repositório de arquétipos OpenEHR, exatamente como no projeto do RES
brasileiro.
O modelo apresentado é um
importante exemplo para o desenvolvimento do prontuário eletrônico do paciente
desenvolvido pelo MS e usado nas UBS brasileiras (e-SUS AB), que poderá ser o
primeiro sistema a testar a base de medicamentos da Ontologia Brasileira de
Medicamentos (OBM) e validar os requisitos de segurança, já com os mapeamentos
para a SNOMED (Systematizade Nomenclature of Medicine: a mais completa
nomenclatura sistematizada de termos clínicos de medicina, internacional e
multilíngue).
Juliana Zinader ressaltou que
“a necessidade de uma estratégia para a Saúde Digital está visivelmente
presente nas conversas feitas com os técnicos norte-americanos e ingleses”.
Estes últimos, inclusive, apresentaram a importância da utilização do SNOMED
como terminologia para dados clínicos “uma decisão acertada recentemente tomada
pelo Ministério da Saúde” destaca a coordenadora-geral do MS.
O Showcase de
Interoperabilidade é talvez a maior atração da Feira da HIMSS. Neste espaço
foram apresentados mais de 80 diferentes casos de uso de interoperabilidade de
sistemas, com demonstrações sobre cada uma das instâncias por onde pode passar
um paciente. Contudo, a delegação brasileira observou que tratavam-se de
exemplos fragmentados e que a implementação de um caso de uso não
necessariamente conversava com outras implementações, já que as empresas
líderes de mercado nos Estado Unidos criam redes proprietárias de troca de
informação, diferentemente da proposta brasileira na qual todos poderão
participar e compartilhar dados com a base nacional.
A participação da delegação
brasileira na HIMSS18 foi muito proveitosa, pelos contatos estabelecidos com
outros governos e por verificar que o Brasil está no caminho certo, alinhado
com outros países que possuem sistemas públicos de saúde, como a Inglaterra e
Austrália. Segundo Allan Nuno, “a equipe do MS teve uma excelente oportunidade
de apresentar a estratégia e-Saúde para o Brasil para um conjunto de atores dos
setores público e privado de todo o mundo”, conclui.
Por Nucoms DATAUS,
DEMAS e DAB
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