As vacinas contra hepatite A e
a tríplice acelular (dTPa) serão produzidas pela primeira vez no Brasil pelo
Instituto Butantan. A iniciativa foi possível devido ao anúncio da construção
de uma nova fábrica de medicamentos que dará espaço para a produção das duas
substâncias.
Com o registro concedido pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a instituição será um dos
quatros produtores mundiais da vacina contra hepatite A e um dos três
produtores da vacina contra difteria, tétano e coqueluche.
“Este novo laboratório
reafirma a missão do Butantan com as pesquisas, inovação, produção e
desenvolvimento de produtos, contribuindo com a saúde pública do país”,
diz Dimas Covas, diretor do Instituto.
A primeira vacina contra
hepatite A é proveniente de uma parceria com a empresa Merck Sharp Dohme, que
irá conceder a transferência integral da tecnologia utilizada na fabricação da
vacina. O processo será feito em etapas e o Butantan receberá os blocos de
produção aos poucos.
“Hoje, o Instituto já oferece
essa vacina para o SUS. Mas o processo de produção não é feito totalmente aqui.
Nós fazemos o controle e a embalagem antes de distribuir para a rede. Com a
parceria e com a absorção da tecnologia, a ideia é conseguir avançar em outras
fases da vacina”, explica o gerente de transferência de tecnologia do Butantan,
Tiago Rocca.
No caso da tríplice, o
processo será um pouco diferente. A parceria com a farmacêutica britânica
GlaxoSmithKline (GSK) oferecerá parte da tecnologia de fabricação da vacina.
Isso porque o Instituto já possui a ciência de dois dos três elementos
presentes na substância.
Segundo Rocca, ela também já
está incorporada ao SUS no Brasil. “Hoje a farmacêutica europeia produz cerca
de 90% da vacina. A ideia é desenvolver o produto combinando as frações que o
Brasil já tem com o que a GSK nos forneceu. Lá na frente teremos um produtor
100% desenvolvido pelo Butantan”, completa.
Ela será, portanto,
configurada como um novo produto nacional, uma vez que a instituição de
pesquisa deve realizar estudos clínicos dentro do país.
“A produção dessas duas
vacinas será extremamente estratégica. Enquanto a hepatite A acomete diversos
brasileiros, a vacina contra difteria, tétano e coqueluche tem as gestantes
como público-alvo. Com o anúncio da parceria, nós diminuiremos a importação de
materiais, teremos autossuficiência de produção e, claro, reduziremos os
custos”, finaliza Rocca.
Nova fábrica
O anúncio da construção da
nova fábrica foi feito na comemoração do 117º aniversário do Instituto
Butantan, no último dia 23 de fevereiro. O projeto prevê a construção de um
laboratório de anticorpos monoclonais através da parceria com a farmacêutica
Libbs, empresa 100% nacional. Com ele, a instituição irá produzir seis novos
medicamentos para o SUS.
A nova unidade será
implementada em uma área de 800m² com incentivo de R$ 40 milhões da entidade
parceira. Os anticorpos monoclonais serão utilizados para o tratamento de
câncer e doenças autoimunes. Assim, o Instituto será capaz de aumentar o acesso
ao tratamento de alto custo dessas doenças.
“A melhor maneira de comemorar
o aniversário do Butantan é trabalharmos em cima da produção de novas vacinas,
novos medicamentos e novas moléculas que possam trazer mais avanços à ciência”,
declara o governador Geraldo Alckmin.
A fábrica também oferecerá
espaço para a produção das duas vacinas. Ambas necessitam de um ambiente
próprio para fabricação que, até então, o Instituto não possuía. O objetivo é
utilizar as instalações para conseguir trazer toda a tecnologia concedida pelos
laboratórios estrangeiros. É importante ressaltar que a produção das vacinas
será independente da dos anticorpos monoclonais.
“O Instituto Butantan é um
orgulho da saúde pública nacional e um dos mais modernos e avançados centros de
pesquisa científica do mundo. As duas novas vacinas e a fábrica de anticorpos
monoclonais reafirmam o compromisso da instituição e do governo paulista em
desenvolver imunobiológicos de qualidade para prevenção e tratamento de doenças
na rede pública”, completa o secretário de Estado da Saúde de São Paulo, David
Uip.
0 comentários:
Postar um comentário