Uma equipe de pesquisadores das
universidades de Sydney (Austrália), Toronto (Canadá) e Califórnia (EUA)
decidiu investigar se e como os dados dos usuários são compartilhados por
aplicativos de celulares relacionados à saúde e ao uso de medicamentos. Eles
também queriam caracterizar os riscos de privacidade para os usuários desses
aplicativos, tanto para os médicos quanto para os consumidores.
Seus dados vão longe: além do
programador do aplicativo, 21 "terceiras partes" e 216 "quartas
partes" acessam as informações sobre sua saúde e uso de
medicamentos.
[Imagem: Universidades de Sydney e Toronto]
A pesquisa identificou 24 aplicativos
de primeira linha para a plataforma Android - foram pesquisados aplicativos em
inglês com grande penetração no Reino Unido, Estados Unidos, Canadá e
Austrália.
Os aplicativos de saúde incluem
programas voltados para pacientes e para profissionais de saúde. Os aplicativos
relacionados a medicamentos ajudam os pacientes a monitorar suas receitas e
lembrá-los de tomar suas pílulas. Eles também fornecem informações sobre
medicamentos para ajudar os médicos a prescrever e administrar medicamentos.
Sem privacidade
A equipe descobriu que o
compartilhamento de dados dos usuários é uma rotina desses aplicativos. E,
longe de ser transparente, há um pequeno número de entidades comerciais com
capacidade de agregar e potencialmente reidentificar o usuário pelos dados.
Dos aplicativos da amostra, a maioria
- 19 de 24, ou 79% - compartilha dados do usuário fora do aplicativo. Um total
de 55 entidades únicas, pertencentes a 46 empresas-mãe, recebem ou processam
esses dados, incluindo desenvolvedores, empresas controladoras (primeiras
partes) e provedores de serviços (terceiros).
Os terceiros também anunciam a
capacidade de compartilhar dados de usuários com 216 "quartas
partes", incluindo empresas de tecnologia multinacionais, empresas de
publicidade digital, corporações de telecomunicações e uma agência de
relatórios de crédito ao consumidor. Apenas três dentre essas quartas partes
envolvidas poderiam ser caracterizadas como pertencentes ao setor da saúde.
Várias empresas, incluindo Alphabet
(controladora do Google), Facebook e Oracle, ocupam posições centrais dentro
dessa rede de compartilhamento dos dados dos pacientes, com a capacidade de
agregar e reidentificar os dados do usuário.
Risco de privacidade sem precedentes
Por conta dos resultados alarmantes,
os pesquisadores estão pedindo maior transparência e maior regulamentação legal
sobre os dados de saúde coletados por aplicativos e programas de computador na
área de saúde, que representam um risco de privacidade sem precedentes porque
os dados dos usuários incluem informações confidenciais, dados e informações
essas que são altamente valiosas para interesses comerciais de empresas
farmacêuticas, hospitais, planos de saúde, farmácias, anunciantes etc.
"A maioria dos aplicativos de
saúde não fornece garantias de privacidade ou transparência em relação às
práticas de compartilhamento de dados.
"Os dados coletados dos usuários
por esses aplicativos que fornecem informações ou suporte a medicamentos também
podem ser particularmente atraentes para criminosos cibernéticos ou corretores
de dados comerciais.
"Os profissionais de saúde
precisam estar cientes dos riscos de privacidade em seu próprio uso de
aplicativos e, ao recomendar aplicativos, explicar o potencial de perda de
privacidade como parte do consentimento informado.
"As autoridades reguladoras também
devem enfatizar as responsabilidades daqueles que controlam e processam dados
dos usuários, enquanto os desenvolvedores de aplicativos de saúde devem
divulgar todas as práticas de compartilhamento de dados e permitir que os
usuários escolham precisamente quais dados são compartilhados e onde,"
disse Quinn Grundy, coordenadora da pesquisa, que foi publicada no British
Medical Journal (MG).
Redação do Diário da Saúde
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