População idosa deverá
duplicar nos próximos anos no país demandando mais acesso aos serviços de saúde
A audiência pública da
Comissão, coordenada pela deputada Lídice da Mata (PSB-BA), de Defesa dos
Direitos da Pessoa Idosa, realizada na Câmara dos Deputados, na última
quarta-feira (24), para tratar da questão ‘Planos de Saúde e a crescente
população idosa no Brasil’.
José Cechin, diretor executivo
da FenaSaúde, apresentou o cenário do envelhecimento para os próximos anos e
exibiu gráficos do custo médio com saúde por faixa etária, para mostrar como o
gasto com internações e atendimentos ambulatoriais evolui por idade, segundo
estatísticas do Sistema Único de Saúde (SUS) e de planos de autogestão.
“Seremos uma sociedade de idosos em muito pouco tempo. Quanto mais velhos, mais
se utiliza os serviços de saúde, que ficam cada vez mais complexos. Mas
envelhecer é positivo e esperado. Quem envelhece hoje envelhece melhor e as
próximas gerações poderão ser ainda mais saudáveis”, afirmou.
Cechin ressaltou ainda que o
aumento rápido das mensalidades não é do interesse das operadoras de planos de
saúde, até porque as primeiras a saírem dos planos são as pessoas saudáveis.
“Os custos são crescentes, ainda mais em um cenário de recessão e desemprego.
Uma das formas de diminuir os altos custos é atuando em suas causas, diminuir
desperdícios, fraudes e conter o crescimento desenfreado das despesas. Os
planos de saúde podem ser considerados caros em relação à renda média do idoso,
mas não são em relação ao custo da faixa etária. A faixa dos octogenários é a
que mais cresceu ultimamente dentre os beneficiários e representa um custo
quatro vezes maior”, apontou.
A gerente econômico-financeira
e atuarial de Produtos na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Daniele
Rodrigues Campos, explicou o pacto intergeracional e reforçou que os gastos
relativos por faixa etária aumentam de forma exponencial de acordo com o
envelhecimento. “Os reajustes são necessários, o papel da ANS é proteger os
beneficiários com regras e mantendo seus canais abertos. O envelhecimento da
população, a introdução de novas tecnologias e a judicialização são custos não
controláveis. Já o uso adequado dos serviços médicos é um custo controlável,
que pode ser aprimorado pelas operadoras”, afirma.
Já Ana Paula Cavalcante,
gerente de Estímulo à Inovação e Avaliação da Qualidade Setorial, da ANS,
defendeu uma revisão do modelo assistencial em prol da sustentabilidade do
setor e, consequentemente, reajustes menores. “É necessário mudar a organização
do sistema e a melhoria da qualidade com coordenação do atendimento. Sem um
sistema integrado, exames são repetidos e, às vezes, desnecessários. Com a
coordenação do cuidado, pode-se ter uma atenção melhor com custo mais razoável.
A ANS lançou três projetos piloto nesse sentido: Idoso Bem Cuidado, Oncorede e
a Certificação em Atenção Primária à Saúde (APS)”, ressaltou.
Durante a audiência, o
deputado federal e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha apontou uma série de
ações nas quais a esfera legislativa pode atuar para o desenvolvimento da Saúde
Suplementar. “É necessário avançar na capacidade regulatória da ANS, como
regular os prestadores de serviço, como o hospital, o ambulatório, o
laboratório e os profissionais de saúde. É preciso ampliar a competência da
agência reguladora”, afirma Padilha.
Participaram também do debate
Carlos Augusto Melo Ferraz, secretário de Controle Externo da Saúde do Tribunal
de Contas da União (TCU); Ana Carolina Navarrete, advogada do Instituto
Brasileiro de Defesa do Consumidor; Andrey de Freitas, da Secretaria Nacional
de Defesa do Consumidor (Senacom) e Ricardo Dias Holanda, representante da
Federação Brasileira de Órgãos de Defesa do Consumidor (Febracon).
· Escrito
ou enviado por Mariana Menezes
0 comentários:
Postar um comentário