O método Wolbachia, já aplicado no
Rio de Janeiro, será levado às cidades de Campo Grande (MS), Petrolina (PE) e
Belo Horizonte (MG). Medida reduz doenças transmitidas pelo Aedes
aegypti
Foto: Alexandre Penido / ASCOM MS
Três cidades brasileiras irão
realizar a etapa final do método “Wolbachia” para o combate ao mosquito Aedes
aegypti, antes da sua incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS). A nova
fase do projeto World Mosquito Program Brasil (WMPBrasil) da Fiocruz em parceria
com o Ministério da Saúde será testado nos municípios de Campo Grande (MS),
Belo Horizonte (BH) e Petrolina (PE). Para isso, a pasta vai destinar R$ 22
milhões. A metodologia é inovadora, autossustentável e complementar às demais
ações de prevenção ao mosquito. Consiste na liberação do Aedes com o
microrganismo Wolbachia na natureza, reduzindo sua capacidade de transmissão de
doenças.
O anúncio da etapa final de avaliação
da Wolbachia, nos três municípios, foi feito pelo ministro da Saúde, Henrique Mandetta,
nesta segunda-feira, (15), durante a abertura do evento “Atualização em Manejo
Clínico da Dengue e febre do chikungunya e no controle vetorial do Aedes
aegypti”, em Campo Grande (MS). O evento tem como objetivo capacitar
médicos, enfermeiros, coordenadores e supervisores de Controle de Vetores dos
79 municípios do estado de Mato Grosso do Sul em relação à técnica de manejo,
controle do mosquito e operação de campo.
Ao fazer o lançamento, em Campo
Grande, o ministro da Saúde reforçou que a estratégia de combate ao mosquito
Aedes continua sendo responsabilidade de todos. “Essa é uma estratégia
complementar. Governo e população precisam continuar fazendo sua parte. No
âmbito da pesquisa, hoje estamos dando um importante passo. Tínhamos duas
linhas de trabalho, sendo uma voltada ao controle do mosquito com o uso de
inseticidas, e outra direcionada ao controle biológico, que é o caso do uso da
Wolbachia. Essa última pesquisa foi muito bem em todas as etapas, desde a parte
teórica até o ensaio clínico em laboratório, e no teste em cidades de pequeno
porte. E agora, vamos testar em cidades acima de 1,5 milhão de habitantes”,
disse o ministro Henrique Mandetta.
De acordo com o ministro, as três
cidades, onde serão trabalhadas a última fase, vão servir de base para
verificar a eficácia da metodologia nas regiões do Centro-Oeste, a partir de
Campo Grande; Nordeste, por meio de Petrolina; e Sudeste, a partir da
experiência em Belo Horizonte. “Em breve, devemos fazer em outras cidades, para
colhermos os frutos com o desenvolvimento. Isso vai envolver trabalho da
assistência, com o acompanhamento do número de casos; de entomologistas, para
saber a prevalência do mosquito; com agentes comunitários de Saúde; e por meio
de armadilhas colocadas a campo”, explicou o ministro.
A última fase de teste, agora em
cidades com mais de 1,5 mil habitantes, com o mosquito Aedes aegypti infectados
com Wolbachia, terá início, em Campo Grande, Belo Horizonte e Petrolina, no
segundo semestre de 2019 e tenha uma duração de cerca de três anos. O método é
seguro para as pessoas e para o ambiente, pois a Wolbachia vive apenas dentro
das células dos insetos. No caso do município de Belo Horizonte, o Ministério
da Saúde apoiará a realização de Ensaio Clínico Randomizado Controlado (em inglês
Randomized Controlled Trial, RCT) em parceria com a Universidade Federal de
Minas Gerais e apoio do National Institute of Allergy and Infectious Diseases
(NIAID).
A medida é complementar e ajuda a
proteger a região das doenças propagadas pelos mosquitos, uma vez que o Aedes
aegypti com Wolbachia - que têm a capacidade reduzida de transmitir dengue,
Zika, chikungunya – ao serem soltos na natureza se reproduzem com os mosquitos
de campo e geram Aedes aegypti com as mesmas características, tornando o método
autossustentável. Esta iniciativa não usa qualquer tipo de modificação
genética.
As liberações de mosquitos são
precedidas por uma série de ações educativas e de comunicação, com o objetivo
de informar a população sobre o método Wolbachia. Esta etapa tem o apoio e a
participação de parceiros do WMP no território, como lideranças comunitárias e
associações de moradores, unidades de saúde, escolas e organizações
não-governamentais.
A Wolbachia é um microrganismo
presente em cerca de 60% dos insetos na natureza, mas ausente no Aedes aegypti.
Uma vez inserida artificialmente em ovos de Aedes aegypti, a capacidade do
Aedes transmitir o vírus da zika, Chikungunya e Febre Amarela fica reduzida.
Com a liberação de mosquitos com a Wolbachia, a tendência é que esses mosquitos
se tornem predominante e diminua o número de casos associado a essas doenças
nos três municípios.
INVESTIMENTOS
Desde 2011, o Ministério da Saúde em
parceria com a Fundação Bill & Melinda Gates e National Institutes of
Health já investiram no método Wolbachia R$ 31,5 milhões. As primeiras
liberações dos mosquitos contendo Aedes aegypti com wolbachia no Brasil
ocorreram em 2015 nos bairros de Jurujuba em Niterói e Tubiacanga na Ilha do
Governador ambos no estado do Rio de Janeiro.
Em 2016 a ação foi ampliada em larga
escala em Niterói e em 2017 no município do Rio de Janeiro. Atualmente o WMP
Brasil atende 29 bairros na cidade do Rio de Janeiro e 28 bairros de Niterói.
No total, já são 1,3 milhão de pessoas beneficiadas no estado com o método
Wolbachia. Além do Brasil, também desenvolvem ações do programa países como:
Austrália, Colômbia, Índia, Indonésia, Sri Lanka, Vietnã, e as ilhas do oceano
pacífico Fiji, Kiribati e Vanuatu.
AÇÕES DE COMBATE AO MOSQUITO
As ações de prevenção e combate ao
mosquito Aedes aegypti são permanentes e tratadas como prioridade pelo Governo
Federal. Todas as ações são gerenciadas e monitoradas pela Sala Nacional de
coordenação e Controle para enfrentamento do Aedes, que atua em conjunto com
outros órgãos. A Sala Nacional articula com as 2.166 Salas Estaduais e
Municipais as ações de mobilização e também monitora os ciclos de visita a
imóveis urbanos no Brasil, que são vistoriados pelos agentes comunitários de
saúde e agentes de combate às endemias.
O Ministério da Saúde também oferece
continuamente aos estados e municípios apoio técnico e fornecimento de insumos,
como larvicidas para o combate ao vetor, além de veículos para realizar os
fumacês, e testes diagnósticos, sempre que solicitado pelos gestores locais.
Para o diagnóstico das doenças zika e chikungunya, e também dengue, todos os
laboratórios do país estão abastecidos com o teste em Biologia Molecular.
Também são investidos recursos em ações de comunicação, como campanhas
publicitárias e divulgação nas redes sociais, junto à população.
Para estas ações, a pasta tem
garantido orçamento crescente aos estados e municípios. Os recursos para as
ações de Vigilância em Saúde, incluindo o combate ao Aedes aegypti, cresceram
nos últimos anos, passando de R$ 924,1 milhões, em 2010, para R$ 1,73 bilhão em
2018. Este recurso é destinado à vigilância das doenças transmissíveis, entre
elas dengue, zika e chikungunya e é repassado
mensalmente a estados e municípios.
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