Argélia
e Argentina foram oficialmente reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) como livres da malária. A certificação é concedida quando um país prova
que interrompeu a transmissão autóctone da doença por pelo menos três anos
consecutivos.
Contraída
por meio da picada de um mosquito infectado, a malária continua sendo uma das
principais causas de mortes no mundo, com a estimativa de 219 milhões de casos
e mais de 400 mil mortes relacionadas à doença em 2017. Aproximadamente 60% das
mortes ocorrem entre crianças com menos de cinco anos.
A
Argélia é o segundo país da Região Africana da OMS a ser oficialmente
reconhecida como livre de malária, depois das Ilhas Maurício, certificadas em
1973. A Argentina é o segundo país da Região das Américas da OMS a ser
certificada em 45 anos, após o Paraguai, que recebeu o status em junho de 2018.
Argélia
e Argentina relataram seus últimos casos autóctones de malária em 2013 e 2010,
respectivamente.
Um
"compromisso inabalável"
Tanto
para a Argélia quanto para a Argentina, a malária tem uma história que se
estende por centenas de anos, e a batalha contra a doença tem sido dura.
Durante a última década, a melhoria da vigilância permitiu que cada caso de
malária fosse rapidamente identificado e tratado. É importante ressaltar que
ambos os países proporcionaram diagnóstico e tratamento gratuitos dentro de
suas fronteiras, garantindo que ninguém ficasse para trás na obtenção dos
serviços necessários para prevenir, detectar e curar a doença.
"A
Argélia e a Argentina eliminaram a malária graças ao compromisso inabalável e à
perseverança das pessoas e dos líderes de ambos os países", disse Tedros
Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. "Seu sucesso serve como modelo
para outros países que trabalham para acabar com esta doença de uma vez por
todas.”
Eliminação
da malária na Argélia
O
médico francês Charles Louis Alphonse Laveran descobriu o parasito da malária
na Argélia em 1880. Na década de 1960, a doença se tornou o principal desafio
de saúde do país, com cerca de 80 mil casos registrados a cada ano.
O
subsequente sucesso da Argélia em vencer a malária pode ser atribuído
principalmente a uma força de trabalho de saúde bem capacitada, ao fornecimento
de diagnóstico e tratamento por meio de cuidados de saúde universais e a uma
resposta rápida a surtos da doença. Juntos, esses fatores permitiram que o país
atingisse – e mantivesse – a meta de zero casos de malária.
"A
Argélia é onde o parasito da malária foi descoberto em humanos há quase um
século e meio, e esse foi um marco significativo na resposta à doença",
disse Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS para a África. “Agora, a
Argélia mostrou ao resto do continente que a malária pode ser derrotada por
meio da liderança do país, ação ousada, investimento sólido e ciência. O
restante da região pode aprender com essa experiência”.
Caminho
da Argentina para a eliminação
Na
década de 1970, a Argentina se propôs a eliminar a malária. Entre os principais
elementos de sua abordagem, estavam a capacitação de profissionais de saúde
para pulverizar as casas com inseticidas, diagnosticar a doença por meio de
microscopia e responder de forma mais efetiva aos casos na comunidade.
A
colaboração entre fronteiras também foi crítica para que o país alcançasse
esses resultados. Entre 2000 e 2011, a Argentina trabalhou em estreita
colaboração com o governo da Bolívia para pulverizar mais de 22 mil casas em
áreas de fronteira, além de oferecer diagnóstico e tratamento aos casos de
malária.
“A
Argentina relatou o último caso autóctone em 2010 e demonstrou o compromisso, a
capacidade dentro de seus sistemas de saúde, laboratório e vigilância e o
financiamento necessário para impedir o restabelecimento da malária dentro do
país”, disse Carissa F. Etienne, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde
(OPAS), Escritório Regional da OMS para as Américas. “Tenho certeza de que a
Argentina servirá de inspiração e exemplo para que outros países das Américas
possam eliminar a malária nos próximos anos.”
Os
certificados serão apresentados pelo diretor-geral da OMS a representantes da
Argélia e da Argentina durante evento no marco da 72ª sessão da Assembleia
Mundial da Saúde.
Nota
aos editores
A OMS
concede a certificação de eliminação da malária quando um país prova, para além
de qualquer dúvida razoável, que a cadeia de transmissão autóctone foi
interrompida durante pelo menos os três anos anteriores. Além disso, um sistema
de vigilância nacional capaz de detectar e responder rapidamente a qualquer
caso de malária, juntamente a um programa eficaz para impedir o
restabelecimento da doença.
Ao
todo, 38 países e territórios foram declarados livres da malária:
Mais
detalhes sobre o processo de certificação de eliminação da malária da OMS podem
ser encontrados em https://www.who.int/malaria/areas/elimination/certification/en/.
Fonte:OPAS/OMSBrasil
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