O presidente Jair Bolsonaro (PSL) avalia trocar o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o ex-deputado William Dib, pelo recém-nomeado diretor do órgão regulador, o contra-almirante Antônio Barra Torres. Bolsonaro recebeu Torres em audiência no Palácio do Planalto nessa quinta-feira (01/08/2019).
A intenção de Bolsonaro de
interferir na agência ocorre no momento em que o órgão discute o plantio de cannabis no Brasil para fins
medicinais. O atual presidente da Anvisa é o relator do projeto e um dos
maiores defensores da medida.
Como chefe da agência, Torres
poderia assumir a relatoria do processo e escolher quando colocá-lo em pauta.
Nesse cenário, Dib continuaria na agência, mas como diretor até o fim do
mandato, em dezembro.
À reportagem, o
contra-almirante disse que fez visita de cortesia ao Planalto, mas não foi
convidado para se tornar presidente da Anvisa. Afirmou, porém, que a decisão é “discricionária” de
Bolsonaro. “Não sei o que o presidente fará amanhã”, disse. O Planalto não
confirmou se ele será nomeado presidente.
Sobre a conversa com Bolsonaro,
Torres disse que não tratou do tema cannabis, mas que “não consegue imaginar”
pedido do presidente para travar o debate sobre o tema na Anvisa. Questionado
se reformulará o projeto, caso se torne presidente da agência, disse que não
trabalha com hipóteses. Mais cedo, Bolsonaro declarou em entrevista que poderia
colocar o contra-almirante “no mesmo dia na Anvisa como presidente”.
A fala de Bolsonaro e a
reunião com o contra-almirante fizeram gestores da Anvisa e representantes da
indústria dobrar a aposta sobre a saída de Dib da chefia. A interpretação do
governo é de que não há ilegalidade na troca de comando. Apesar de o diretor da
agência ter mandato, a escolha do chefe do órgão é feita por decreto do
presidente da República, avalia o Planalto.
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