Pela primeira vez em sete
anos, quatro países europeus perderam o status de eliminação do sarampo.
Reino Unido, Grécia, República
Checa e Albânia, são os quatro países que perderam o certificado de eliminação
da doença. A informação foi divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Trinta e cinco países da
Europa mantêm o certificado, outros 12 seguem endêmicos para o sarampo e dois
conseguiram interromper as transmissões endêmicas, ou seja, entre pessoas que
moram na região, garantindo o certificado.
A avaliação sobre a situação
do sarampo na Europa se baseou em dados de 53 países referentes a 2018 e foi
feita por uma comissão regional independente. Os especialistas que integram a
comissão avaliaram fatores como vigilância epidemiológica, cobertura de
vacinas, resposta a epidemias e alcance das campanhas suplementares de
imunização.
De 2018 para cá, a epidemia de
sarampo na Europa segue crescendo. Apenas na primeira metade de 2019, foram
registrados aproximadamente 90 mil casos da doença infecciosa na região. No ano
passado inteiro, foram 84.462 casos. “O restabelecimento da transmissão de
sarampo é preocupante. Se uma alta cobertura de imunização não for alcançada em
cada comunidade, tanto crianças quanto adultos sofrerão desnecessariamente, e
alguns tragicamente poderão morrer”, afirmou Günter Pfaff, presidente da
Comissão Regional Europeia para a Eliminação de Sarampo e Rubéola, o grupo
responsável pela avaliação recente.
O genótipo prevalente do vírus
do sarampo que tem circulado pela Europa é o D8, mesmo sorotipo atualmente
circulante em São Paulo. Por isso, é mais provável que a doença tenha sido
reintroduzida no Estado de São Paulo a partir de casos provenientes de países
europeus do que de casos importados da Venezuela, que levaram aos surtos no
Amazonas e em Roraima no ano passado. Segundo o boletim epidemiológico mais
recente do Ministério da Saúde, o Estado de São Paulo concentrou 99% dos casos
confirmados da doença no Brasil entre 19 de maio e 10 de agosto.
Segundo Marta Heloisa Lopes,
professora da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e responsável pelo Centro de
Imunizações do Hospital das Clínicas da FMUSP, além da reintrodução a partir de
casos importados da Europa, uma das possíveis razões por trás do atual surto de
sarampo em São Paulo é a queda nos últimos anos da cobertura da vacina tríplice
viral (SCR), que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. A cobertura da
vacina tríplice SCR no Brasil era de 90,19% em 2014 e caiu para 76% em 2018; no
Estado de São Paulo, passou de 98% para 81% no mesmo período.
Os casos atuais de sarampo são
menos frequentes entre crianças. O grupo mais frequente agora é o de jovens e
adultos na faixa dos 15 aos 29 anos, justamente o público-alvo das campanhas
recentes do Ministério da Saúde. “A vacina monovalente contra sarampo foi
licenciada no Brasil em 1967 e sistematicamente distribuída a partir de 1973,
sendo que a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) só entrou no calendário
do Programa Nacional de Imunização a partir de 1992. Por isso, muita gente
pensa que foi imunizada na infância, mas está enganada”, disse Lopes em uma palestra ministrada neste mês no
Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (IMTSP), da USP.
Com informações da USP
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