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domingo, 1 de setembro de 2019

GENÓTIPO D8 PREVALENTE NA EUROPA É O MESMO QUE CIRCULA EM SÃO PAULO - REINO UNIDO, GRÉCIA, REPÚBLICA CHECA E ALBÂNIA PERDERAM STATUS DE ELIMINAÇÃO DO SARAMPO


Pela primeira vez em sete anos, quatro países europeus perderam o status de eliminação do sarampo.

Reino Unido, Grécia, República Checa e Albânia, são os quatro países que perderam o certificado de eliminação da doença. A informação foi divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Trinta e cinco países da Europa mantêm o certificado, outros 12 seguem endêmicos para o sarampo e dois conseguiram interromper as transmissões endêmicas, ou seja, entre pessoas que moram na região, garantindo o certificado.

A avaliação sobre a situação do sarampo na Europa se baseou em dados de 53 países referentes a 2018 e foi feita por uma comissão regional independente. Os especialistas que integram a comissão avaliaram fatores como vigilância epidemiológica, cobertura de vacinas, resposta a epidemias e alcance das campanhas suplementares de imunização.

De 2018 para cá, a epidemia de sarampo na Europa segue crescendo. Apenas na primeira metade de 2019, foram registrados aproximadamente 90 mil casos da doença infecciosa na região. No ano passado inteiro, foram 84.462 casos. “O restabelecimento da transmissão de sarampo é preocupante. Se uma alta cobertura de imunização não for alcançada em cada comunidade, tanto crianças quanto adultos sofrerão desnecessariamente, e alguns tragicamente poderão morrer”, afirmou Günter Pfaff, presidente da Comissão Regional Europeia para a Eliminação de Sarampo e Rubéola, o grupo responsável pela avaliação recente.

O genótipo prevalente do vírus do sarampo que tem circulado pela Europa é o D8, mesmo sorotipo atualmente circulante em São Paulo. Por isso, é mais provável que a doença tenha sido reintroduzida no Estado de São Paulo a partir de casos provenientes de países europeus do que de casos importados da Venezuela, que levaram aos surtos no Amazonas e em Roraima no ano passado. Segundo o boletim epidemiológico mais recente do Ministério da Saúde, o Estado de São Paulo concentrou 99% dos casos confirmados da doença no Brasil entre 19 de maio e 10 de agosto.

Segundo Marta Heloisa Lopes, professora da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e responsável pelo Centro de Imunizações do Hospital das Clínicas da FMUSP, além da reintrodução a partir de casos importados da Europa, uma das possíveis razões por trás do atual surto de sarampo em São Paulo é a queda nos últimos anos da cobertura da vacina tríplice viral (SCR), que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. A cobertura da vacina tríplice SCR no Brasil era de 90,19% em 2014 e caiu para 76% em 2018; no Estado de São Paulo, passou de 98% para 81% no mesmo período.

Os casos atuais de sarampo são menos frequentes entre crianças. O grupo mais frequente agora é o de jovens e adultos na faixa dos 15 aos 29 anos, justamente o público-alvo das campanhas recentes do Ministério da Saúde. “A vacina monovalente contra sarampo foi licenciada no Brasil em 1967 e sistematicamente distribuída a partir de 1973, sendo que a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) só entrou no calendário do Programa Nacional de Imunização a partir de 1992. Por isso, muita gente pensa que foi imunizada na infância, mas está enganada”, disse Lopes em uma palestra ministrada neste mês no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (IMTSP), da USP.


Com informações da USP


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