Mônica Tarantino-https://medscape.com
Nota da editora: Veja as
últimas notícias e orientações sobre a covid-19 em nosso Centro de
Informações sobre o novo coronavírus SARS-CoV-2.
O surgimento de novas
linhagens do SARS-CoV-2 não será uma prova fácil para as vacinas contra a
covid-19. Mas cientistas em todo o mundo já estão reunindo dados para avaliar o
possível impacto de variantes do novo coronavírus sobre a proteção oferecida
pelos imunizantes em uso ou em processo de aprovação.
Antes de avançar nessa
discussão, porém, é preciso lembrar que mutações são absolutamente esperadas no
processo evolutivo de um vírus. Para se ter ideia, de acordo com o mais recente
boletim epidemiológico publicado pela Organização Pan-Americana da Saúde
(Opas), em 26 de janeiro, mais de 414.575 sequências genômicas de mutações
foram compartilhadas até a data por meio de bancos de dados de acesso público.
Dentre tantas, algumas são consideradas preocupantes. As variantes de atenção
(VOC, do inglês, variants of concern) são alvo de estudos
porque portam uma ou mais mutações com potencial para alterar desfechos
clínicos. Podem, por exemplo, tornar o vírus mais transmissível ou causar
quadros mais graves da infecção.
Mas o que se sabe até agora
sobre o impacto dessas variantes no desempenho das vacinas? Ainda pouco, mas
novas informações começam a surgir. Uma das variantes que preocupa é a B.1.1.7,
identificada no Reino Unido em outubro de 2020. Em janeiro deste ano,
especialistas no Reino Unido relataram que ela pode estar associada a um risco
maior de morte em comparação com outras linhagens, mas ainda serão necessários
mais estudos para confirmar esta suspeita. De acordo com mais recente boletim
epidemiológico da Organização Mundial de Saúde (OMS), baseado em dados
compilados até 28 de fevereiro, a variante B.1.1.7 já foi detectada em 106
países do mundo.
Outra variante de atenção foi
detectada na África do Sul. Chamada de B.1.351, ela foi identificada no início
de outubro de 2020 e tem alterações em comum com a variante do Reino Unido.
Mais uma linhagem que se mostra preocupante é a P.1, detectada inicialmente em
viajantes oriundos de Manaus (AM) testados em triagem de rotina em um aeroporto
no Japão, no início de janeiro. Além de maior transmissibilidade, dados publicados esta
semana indicam que a P.1 tem mutações adicionais que podem aumentar a
capacidade do vírus de escapar dos anticorpos formados em infecção prévia.
Por enquanto, apenas as
variantes B.1.1.7 (Reino Unido), B.1.351 (África do Sul) e P.1 (Brasil) compõem
a lista de VOCs da OMS. Sabe-se que as três compartilham a mesma mutação N501Y,
que fortalece a ligação entre a proteína da espícula (spike, em inglês)
e atua na ligação do vírus com o receptor ACE-2, encontrado nas células humanas.
Outra mutação, a E484K, está presente nas variantes B.1.351 (África do Sul) e
P.1 (Brasil). De acordo com os Centers for Disease Control and
Prevention (CDC), as evidências indicam que esta mutação pode afetar a
neutralização do vírus por anticorpos fabricados pelo organismo.
Vacinas vs. variantes
Sob a pressão das mudanças em tempo real, os cientistas se empenham em esclarecer se a doença causada pelas novas variantes difere daquela associada a outras cepas que circulam atualmente, se pode ser mais branda ou mais grave. Ainda não há dados conclusivos sobre o impacto dessas variantes nos tratamentos ou se são igualmente detectáveis pelos testes existentes, por exemplo.
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