ReginaCastro (Agência Fiocruz de Notícias)
Divulgado nesta segunda-feira
(27/3), o novo Boletim InfoGripe da Fiocruz apresenta sinal de
crescimento de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na tendência de longo
prazo (últimas seis semanas) e de estabilidade na tendência de curto prazo
(últimas três semanas). Na Bahia, no Ceará, no Pará, no Paraná, no Rio de
Janeiro, no Rio Grande do Sul e em São Paulo, os dados laboratoriais sugerem que
o aumento na população adulta ou idosa é decorrente do vírus Sars-CoV-2
(Covid-19), com casos eventuais de influenza A e B.
Coordenador do InfoGripe,
Marcelo Gomes destaca que os país vive dois cenários diferentes, que precisam
de "bastante atenção". Um deles é a volta da Covid-19, que vem
gerando um aumento de internações e atingindo um número maior de estados, e o
outro é referente a casos de SRAG em crianças e adolescentes. "Em
fevereiro, verificamos um aumento muito expressivo de internações por SRAG,
semana após semana nessas faixas etárias. No mês de março, em alguns estados,
há uma estabilização ou já um início do processo de queda nos adolescentes. No
entanto, nas crianças pequenas voltou a aumentar. Estava começando a
estabilizar e voltou a crescer principalmente nos estados da metade Sul do
país", alertou o pesquisador, enfatizando a importância da vacinação
nesses públicos.
Referente à Semana
Epidemiológica (SE) 11 (período de 5 a 11 de março), a análise tem como base os
dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe
(Sivep-Gripe) até o dia 13 de março. Em nível nacional, nas quatro últimas
semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 3% para
influenza A; 3,3% para influenza B; 32,1% para Vírus Sincicial Respiratório
(VSR); e 48,6% para Sars-CoV-2 (Covid-19). Entre os óbitos, a presença destes
mesmos vírus entre os positivos foi de 4,8% para influenza A; 2,2% para
influenza B; 4,8% para VSR; e 83,3% para Sars-CoV-2 (Covid -19).
No Amapá, Ceará, Pará, Rio de
Janeiro e São Paulo, há sinal de crescimento de SRAG em todas as faixas
etárias. Na Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul, verifica-se o início de aumento
na população acima de 60 anos, além de manutenção do aumento de casos em
crianças pequenas. No Amazonas, foi registrado crescimento associado ao
Sars-CoV-2 (Covid-19), além de aumento simultâneo de influenza A, embora
em menor intensidade.
"No Amapá, Distrito
Federal, Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina e Sergipe, até o momento,
o crescimento está concentrado fundamentalmente nas crianças e adolescentes. Em
Minas Gerias, embora apresente interrupção no sinal de crescimento nesse grupo
etário, há manutenção de patamar elevado de novos casos semanais",
ressalta o pesquisador.
Gomes destaca ainda que o
aumento de SRAG em crianças, observado em estados de todas as regiões do país
desde fevereiro, ainda não possui associação clara com algum vírus respiratório
específico. O pesquisador acrescenta que na Bahia, em Minas Gerais, no Paraná, em
Santa Catarina e, em menor escala, em São Paulo, observa-se aumento nos casos
positivos para rinovírus em crianças até 11 anos, sugerindo possível relação.
Além disso, ele informa que, em março, é possível observar o aumento de casos
associados ao VSR em crianças pequenas.
“O VSR é sempre uma
preocupação importante para crianças pequenas, pela grande volume de
internações que ele causa. Porém, na população acima de 65 anos, também é um
vírus que merece atenção tanto pelo risco de internação quanto para óbito. Por
isso, é fundamental que esse público também seja testado para esse vírus quando
há internação por problema respiratório, para evitar subnotificação”, explica
Gomes.
Segundo a análise, além da
presença de rinovírus em crianças e adolescentes observada na Bahia, no Paraná
e em Minas Gerais, as últimas semanas têm apresentado aumento do VSR em
crianças pequenas na maioria dos estados que apontam crescimento de SRAG nessa
faixa etária. "O cenário de aumento recente de casos de SRAG associados
à Covid-19, que vem avançando no território nacional, reforça a importância de
adesão à campanha de vacinação iniciada no dia 27 de fevereiro, para que o
cenário atual não gere impacto significativo em termos de casos graves",
reforça o pesquisador.
Estados e capitais
O estudo aponta que 18 estados
apresentam sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Amazonas,
Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia,
Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.
Conforme já relatado, na
Bahia, no Ceará, no Pará, no Paraná, no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul e
em São Paulo, os dados laboratoriais sugerem que o crescimento na população
adulta ou idosa é decorrente do vírus Sars-CoV-2 (Covid-19), com casos
eventuais de influenza A e B. Até o momento, no Amapá, no Distrito Federal, no
Espírito Santo, em Minas Gerais, em Santa Catarina e em Sergipe, o indício de
crescimento está concentrado fundamentalmente nas crianças e adolescentes. Já
no Maranhão, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Tocantins, o crescimento ainda é
compatível com oscilação em período de baixa atividade.
Entre as capitais, 17 apresentam sinal de crescimento de SRAG no SE 11: Aracaju (SE), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Macapá (AP), Palmas (TO), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), São Luís (MA), São Paulo (SP), Teresina (PI) e Vitória (ES).
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