A Fiocruz Pernambuco
coordenará, no estado, os testes em humanos da primeira vacina brasileira da
dengue, desenvolvida pelo Instituto Butantan (SP). O lançamento da fase III dos
testes no estado ocorrerá hoje (20/10), às 10h, na Fiocruz PE. Cerca de 1,2
mil pessoas serão selecionadas para o estudo, que terá duração de cinco anos.
Por questão de logística, o trabalho de recrutamento dos voluntários
ocorrerá no Engenho do Meio, bairro da zona oeste do Recife que fica
próximo ao centro de pesquisas, na Cidade Universitária. O diretor do Instituto
Butantan, Jorge Kalil, estará presente ao evento.
Poderão participar dos testes
pessoas saudáveis, que tiveram ou não dengue, com idade entre 2 a 59 anos.
Durante o período do estudo os participantes serão acompanhados por uma equipe
de saúde para verificar a duração da proteção oferecida pela vacina, que é
feita de vírus vivo enfraquecido e protege contra os quatro tipos do vírus
dengue.
Essa terceira etapa de testes
clínicos envolverá o total de 17 mil voluntários, em 13 cidades nas cinco
regiões do Brasil, e tem por objetivo comprovar a eficácia da vacina. Do total
de participantes, 2/3 receberão a vacina e 1/3, placebo, uma substância com as
mesmas características da vacina, mas sem efeito. A finalidade é descobrir, a
partir de exames, se quem tomou a vacina ficou protegido e quem tomou o placebo
contraiu ou não a doença.
Para dar início ao processo de
recrutamento dos voluntários, uma equipe de campo visitará moradias do Engenho
do Meio, que serão escolhidas por sorteio. “A meta é visitar 1.500 domicílios
durante todo o processo. Na visita, que ocorrerá à noite, quando a maioria das
famílias está em casa, os moradores receberão informações sobre os testes e
serão convidados a participar. Aceitando, será agendado exame físico e
entrevista com o candidato”, explica o pesquisador da Fiocruz PE Rafael Dhalia,
coordenador executivo da fase III no Recife.
Apta a fazer parte do teste, a
pessoa será vacinada e acompanhada por cinco anos. Os participantes serão
transportados para a Fiocruz e de lá para casa de carro e receberão atestado
médico para cada dia que precisarem vir ao Centro de Pesquisas. Primeiro serão
vacinadas pessoas com idade entre 18 e 59 anos, em seguida os que têm entre 7 e
17 e por último os de 2 a 6 anos.
Os testes já estão em
andamento em Manaus (AM), Boa Vista (RR), Porto Velho (RO), em três centros no
Estado de São Paulo (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP,
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e Santa Casa de Misericórdia de
São Paulo), em Fortaleza (CE), Aracaju (SE), além de Porto Alegre (RS), Campo
Grande (MS) e Cuiabá (MT).
Histórico
Em 2008, o Instituto Butantan firmou parceria de colaboração com o NIH, passando a desenvolver, no Brasil, uma vacina similar a uma das estudadas pelo instituto americano, composta pelos quatro tipos de vírus da dengue.
Em 2008, o Instituto Butantan firmou parceria de colaboração com o NIH, passando a desenvolver, no Brasil, uma vacina similar a uma das estudadas pelo instituto americano, composta pelos quatro tipos de vírus da dengue.
Um dos avanços do Butantan no
desenvolvimento da vacina foi a formulação liofilizada (em pó), que garante a
estabilidade necessária para manter os vírus vivos em temperaturas não tão
frias, permitindo seu armazenamento em sistemas de refrigeração comum, como
geladeiras, além de aumentar o período de validade da vacina para um ano.
Nas etapas anteriores, a
vacina foi testada em 900 pessoas: 600 na primeira fase de testes clínicos,
realizada nos Estados Unidos pelo NIH, e 300 na segunda etapa, realizada na
cidade de São Paulo em parceria com a Faculdade de Medicina da USP (através do
Hospital das Clínicas e do Instituto da Criança) e com o Instituto Adolfo Lutz.
Ter a vacina desenvolvida e
produzida por um produtor público nacional é uma vantagem competitiva para o
Brasil, pois garante a disponibilidade do produto, permitindo a
autossuficiência produtiva, além de garantir preços mais acessíveis.
Por: Fabíola Tavares (Fiocruz Pernambuco)
Fonte: Portal Fiocruz

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