Apenas uma empresa, fora a
Hemobras, conseguiu se instalar no polo anunciado em 2011, durante governo
Eduardo Campos
Hemobras é a principal empresa
do polo farmacoquímico em Goiana, mas enfrenta problemas
Para além de uma moribunda Empresa Brasileira de Hemoderivados
(Hemobras), ainda há muito a ser feito no polo farmacoquímico de Goiana, na
Zona da Mata Norte de Pernambuco. Anunciado no primeiro governo de Eduardo
Campos, até hoje apenas uma empresa se instalou no local, fora a estatal.
Outras seis empresas têm projetos para a região de 159 hectares, mas enfrentam
dificuldades para se instalar devido à crise. No total, os investimentos na
área somam mais de R$ 1,5 bilhão (a maior parte é da Hemobras).
A ideia do polo farmacoquímico
nasceu em um momento de prosperidade para Pernambuco. A Hemobras, a empresa
mais importante do polo, iniciou suas obras em 2010. O polo, inicialmente,
também receberia a fábrica de vacinas da Novartis, empreendimento de R$ 1
bilhão, anunciado pelo presidente Lula e o então secretário de Desenvolvimento
Econômico, Fernando Bezerra Coelho. A empresa escolheu ficar em Jaboatão dos
Guararapes.
Muita coisa mudou desde lá. A
Hemobras está com 70% das obras concluídas e a Novartis não colocou a fábrica
em operação. “A crise veio e atrasou a implantação de várias obras. Hoje, a
White Martins concluiu a instalação na área. A Multisaúde e a Inbesa (do grupo
Rishon) estão com obras em andamento. A Brasbiocombustíveis, Quantas
Biotecnologia, Hair Fly e a Biologicus estão para se instalar”, comenta o
presidente da AD Diper, Leonardo Cerquinho. Hoje, o governo do Estado oferece
95% de crédito presumido de ICMS, por meio do Prodepe para trazer empresas ao
polo.
A Inbesa tem 30% das obras
prontas, mas teve que interromper por causa da crise. A empresa anunciou a intenção de mudar a fábrica em Afogados,
na Zona Oeste do Recife, para Goiana em 2013. Em 2015, iniciou o projeto,
mas não teve perna para continuar. “Sofremos uma queda de 30% do faturamento
com a crise. Estamos tentando aprovar financiamento no Banco do Nordeste para
continuar a obra em Goiana”, explica o diretor da Rishon, Carlos Eduardo
Villachan. O projeto está avaliado em R$ 6 milhões.
A Brasbiocombustível, empresa
especializada em projetar usinas de biodiesel e com um dos maiores
investimentos, de R$ 70 milhões, perdeu um dos investidores. O plano inicial
era de começar as obras em 2015. Em Goiana, a empresa vai atuar como
Brasbioquímica em um novo segmento. O objetivo é de fazer produtos para pets e
indústria de cosméticos a partir de resíduos do biodiesel. “Com essa limitação,
tivemos que remodelar o projeto. Este ano, estamos fazendo ajustes para começar
as obras”, disse o diretor Jorge Santos.
Já a Biologicus, da área de
cosméticos, enfrentou problemas com burocracia. Atualmente, trabalha no
processo de liberação de terreno. O investimento é de R$ 3 milhões.
O JC não conseguiu contato com a Multisaúde, Hair Fly e Quantas
Biotecnologia.
ENTRAVE
Um entrave para o polo
farmacoquímico em Goiana é o atraso na construção do Arco Metropolitano e do
mini arco, que ajudariam a desafogar a BR-101 e a escoar com mais facilidade a
produção das empresas para o Porto de Suape. Atualmente, o mini arco é o mais
avançado. Uma empresa está realizando estudos sobre a viabilidade da obra.
Sobre mobilidade, a Secretaria
estadual de Desenvolvimento Econômico informou que concluiu o acesso viário à
Hemobras. Já as obras de acesso ao polo vidreiro, na mesma região do polo
farmacoquímico, terão início até o final deste ano.
Mas nem tudo quanto ao polo
farmacêutico em Pernambuco está perdido. Ano passado, a empresa Aché anunciou investimento inicial de R$ 500
milhões que consiste na implantação de uma fábrica, em Suape, com previsão de
gerar 500 postos de trabalho. A previsão é de que fique pronto em 2018.
O Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe) está
ampliando a produção para o Sistema Único de Saúde (SUS) com antipsicóticos. Já a empresa mineira Biomm comprou a antiga fábrica da
Novartis, em Jaboatão dos Guararapes.
Foto: Guga Matos/JC Imagem,
BIANCA BION -btrajano@jc.com.br
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