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quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Judicialização da saúde Juízes Federais recebem capacitação em Pernambuco com o curso "Aspectos relevantes da judicialização da saúde na Justiça Federal"

A JFPE sediou, nos dias 24 e 25 de agosto, o curso “Aspectos relevantes da judicialização da saúde na Justiça Federal”, ofertado pela Escola da Magistratura Federal da 5ª Região (Esmafe-5/Núcleo PE). Vinte magistrados participaram da capacitação, que foi considerada um sucesso pelo diretor da ESMAFE na Seção de Pernambuco, o juiz federal Frederico Koehler.

O primeiro palestrante a iniciar o tema foi o juiz federal de Santa Catarina, Clenio Schulze. Na abordagem, o magistrado falou sobre os critérios que os juízes devem utilizar nas decisões judiciais que envolvem a judicialização da saúde, especialmente a judicialização de medicamentos, que são pedidos de fornecimento de medicamentos feitos judicialmente. “O que estamos trazendo de novo são os critérios científicos da medicina baseada em evidências que devem ser utilizados pelos juízes, e que indiquem altos níveis de evidência científica quanto à eficácia e à segurança do medicamento, permitindo ao juízo qualificar suas decisões”, apontou.

Ainda segundo Schulze, esse tipo de demanda tem crescido no país inteiro, especialmente depois da crise financeira. “Houve uma redução no recebimento de valores por parte dos entes públicos, deixando de comprar inclusive medicamentos que já estavam incorporados no âmbito do sistema público de saúde. Ao mesmo tempo aumenta o número de medicamentos não incorporados, já que a indústria farmacêutica cresce muito rapidamente e o SUS não consegue acompanhar esse desenvolvimento, então a judicialização da saúde tem crescido exponencialmente em todos os âmbitos”.

No período da tarde do dia 24, a farmacêutica Fabiana Toledo Velloso e a médica Mirela Rebello, que atuam no Núcleo de Assessoria Técnica em Saúde do TJPE (NATS), esclareceram o funcionamento da estrutura do SUS em Pernambuco, como o fornecimento de medicamentos aos hospitais e pacientes pela Farmácia do Estado, os trâmites ordinários e judiciais para aquisição de medicamentos e tratamentos de saúde e o impacto da judicialização para a Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco com exemplo de casos práticos vivenciados por médicos e pacientes. “O objetivo do Núcleo é responder dúvidas dos juízes sobre demandas de saúde que às vezes eles não possuem conhecimento. A partir da análise dos casos, elaboramos pareceres com base nos pilares da evidência científica, a disponibilidade ou alternativas disponíveis pelo SUS, e o custo dos medicamentos, tratamentos, cirurgias ou internações. A ideia é que esses pareceres auxiliem dos juízes a tomarem as decisões”, explicou Mirela Rebello.

Já na sexta-feira (25), pela manhã, o superintendente do Núcleo de Ações Judiciais da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Geraldo Jorge Filho apresentou uma visão prática do que ocorre quando as decisões saem do judiciário e chegam à SES. “O positivo nesse encontro é essa troca de experiências entre judiciário e executivo, inclusive a predisposição de estarmos em conjunto, resolvendo esses problemas e não em lados opostos”, comemorou o gestor.

O último módulo do curso foi ministrado pelo professor e advogado especialista em Direito da Medicina, Gabriel Schulman, que apresentou a palestra 8 mitos sobre saúde e direito.  Schulman abordou os critérios para fornecimento de tratamentos médicos e apontou alternativas para melhorar o sistema de saúde. “A justiça não se limita só à ação que o paciente pede. É o diálogo com os outros órgãos, como chamar a Secretaria de Saúde para conhecer os procedimentos, é fiscalizar como são realizadas as prescrições e laudos médicos. O foco desse debate é a saúde pública, mas estamos abordando também os planos privados. Por isso, devemos tratar de saúde no Brasil como um todo”, explicou.

Para a juíza federal Daniela Zarzar, que participou da capacitação, essa foi uma oportunidade de conhecer melhor a estrutura médica no estado. “Temos muito pouco contato com o sistema de saúde no Estado de Pernambuco. Vim para o curso com o objetivo de conhecer melhor a estrutura, os caminhos e meandros de acesso à saúde no estado, facilitando assim, a tomada de decisões nessa área. Minha preocupação é de que forma posso me aproximar do sistema de saúde para decidir com mais segurança, favorecendo um paciente, mas sobretudo, sem tirar o direito de ninguém”, argumentou a magistrada.

Autor: Assessoria de Comunicação - JFPE


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