Último caso da doença foi
registrado em junho deste ano. Vacinação continua sendo ferramenta mais
importante para prevenir surgimento de casos no próximo verão
O Brasil não registra casos de
febre amarela desde junho, quando foi confirmado o último caso da doença no
Espírito Santo. O anúncio do fim do surto foi feito nesta quarta-feira (6) pelo
ministro da Saúde, Ricardo Barros, durante a apresentação do novo boletim
epidemiológico sobre a situação da doença no país. Mesmo com a interrupção da
transmissão, o Ministério da Saúde ressalta a importância de manter as ações de
prevenção e ampliar a cobertura vacinal para a febre amarela para prevenir
novos casos da doença no próximo verão, período com maior probabilidade de
ocorrência.
“A situação, hoje, está sob
controle, mas é fundamental que os estados e municípios se esforcem para
aumentar as coberturas vacinais nas áreas com recomendação, seja com a busca
ativa de pessoas não vacinadas ou por meio de campanhas específicas, envolvendo
também as escolas. Além disso, é necessário manter as ações de prevenção, como
o controle de vetor, capacitação de profissionais de saúde e intensificação das
ações de vigilância de epizootias”, afirmou o ministro Ricardo Barros.
Desde o início do surto, em 1º
de dezembro do ano passado, até 1º de agosto deste ano, foram confirmados 777
casos e 261 óbitos por febre amarela. Outros 2.270 casos foram descartados e
213 permanecem em investigação. Além disso, 304 casos foram considerados inconclusivos,
pois não foi possível produzir evidências da infecção por febre amarela ou não
se encaixavam na definição de caso. No total, foram 3.564 notificações. A
região Sudeste concentrou a grande maioria dos casos. Foram 764 casos
confirmados, seguida das regiões Norte (10 casos confirmados) e Centro-Oeste (3
casos). As regiões Sul e Nordeste não tiveram confirmações.
Para o diretor de vigilância
das doenças transmissíveis do Ministério da Saúde, João Paulo Toledo, o fim do
surto se dá pelo fim da sazonalidade da doença e pelo sucesso das ações de
vigilância. “Além do fim do período de maior número de casos, que é o verão,
todo o empenho do Ministério da Saúde, em conjunto com estados e municípios,
resultaram no controle do surto. Mas isso não significa que devemos encerrar as
ações. A vacina está disponível para todos que moram ou viajam para as áreas
com recomendação de vacinação”, explicou o diretor.
Para conter a transmissão do
vírus e proteger a população, o Ministério da Saúde enviou aos estados
brasileiros 36,7 milhões de doses da vacina ao longo deste ano, tanto para a
rotina de vacinação como para o reforço nos estados afetados pelo surto. Somente
para os estados de MG, RJ, SP, ES e BA foram distribuídas 27,8 milhões de doses
extras.
O Ministério da Saúde
intensificou a vacinação em 1.121 municípios desses cinco estados. Do total,
apenas 205 cidades estão com a cobertura vacinal ideal (igual ou superior a
95%). Atualmente, a média da cobertura vacinal nessas localidades está em
60,3%. A pasta considera atingir a meta fundamental para evitar nova expansão
da doença.
AÇÕES – Além da
intensificação da vacinação, foram liberados R$ 66,7 milhões aos estados para
controlar o surto e reforçar a assistência. Entre as medidas adotadas estão o
envio de profissionais da Força Nacional do SUS a Minas Gerais e equipes para
investigação de campo no Espírito Santo e Minas Gerais. Também foram realizadas
videoconferências semanais para monitoramento dos registros em MG, ES, RJ, BA e
SP e ações para eliminação do Aedes aegypti, reduzindo o risco de
urbanização nos municípios com registro de epizootias.
A investigação e a notificação
de morte e adoecimento de macacos são consideradas a mais importante forma de
detectar precocemente a circulação do vírus em determinada região, o que
permite que as medidas de prevenção de casos em humanos sejam antecipadas e
aplicadas com mais eficácia pelos estados e municípios. Durante o período do
surto, foram notificadas ao Ministério da Saúde 5.364 epizootias, das quais
1.412 foram confirmadas para febre amarela.
AMPLIAÇÃO – Em 2018, a
vacina para febre amarela será incluída no calendário de vacinação para
crianças a partir dos nove meses. Além disso, o Ministério da Saúde estuda a
inclusão de outros municípios - que atualmente não fazem parte da área de
recomendação -, na vacinação de rotina, para a população de todas as faixas
etárias.
“Todas essas mudanças serão
discutidas com grupos de especialistas, além de estados e municípios, para que
sejam definidas quais cidades serão incluídas e em qual momento isso será
possível. A forma como as ampliações serão feitas, a lista de quais cidades
terão vacinação e quando isso vai ocorrer será definido até o fim deste ano”,
esclareceu a coordenadora geral do Programa Nacional de Imunizações do
Ministério da Saúde, Carla Domingues.
DOSE ÚNICA - Desde abril
deste ano, o Brasil adota o esquema vacinal de apenas uma dose durante toda a vida,
medida que está de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde
(OMS). Atualmente, nenhum país utiliza mais o esquema de duas doses. Isso
significa que quem já foi vacinado - em qualquer momento da vida - não precisa
de dose de reforço.
A vacinação para febre amarela
é ofertada na rotina em 20 estados: Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia,
Roraima, Tocantins, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso,
Bahia, Maranhão, Piauí, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio
Grande do Sul e Santa Catarina. Além das áreas com recomendação, neste momento,
também está sendo vacinada a população do Espírito Santo.
A vacina de febre amarela é a
medida mais importante para prevenção e controle da doença e apresenta eficácia
de 95% a 99%. Entretanto, assim como qualquer vacina ou medicamento, pode
causar eventos adversos como febre, dor local, dor de cabeça, dor no corpo. Ela
é contraindicada para crianças menores de seis meses, pessoas imunossuprimidas
e pessoas com reação alérgica grave a ovo. Idosos acima dos 60 anos, gestantes,
pessoas vivendo com HIV/AIDS ou com doenças hematológicas devem ser avaliadas
por um médico antes de se vacinar.
INFLUENZA – Em 2017, foi
registrada uma baixa circulação da gripe no país. O número de casos teve
redução de 81% em relação ao ano passado, com 2.070 casos e 361 óbitos até 28
de agosto. No mesmo período de 2016, foram 11.062 casos e 2.007 mortes por
influenza. Além disso, neste ano o vírus com maior circulação até o momento é o
H3N2, quando no ano anterior predominou o H1N1.
Na campanha de vacinação deste
ano, foram vacinadas 51,8 milhões de pessoas, uma cobertura de 87,5% do
público-alvo definido pelo Ministério da Saúde. A campanha foi realizada entre
os dias 17 de abril e 26 de maio, e prorrogada até 9 de junho. Devido à baixa
procura dos públicos prioritários, o Ministério da Saúde autorizou estados e
municípios a ampliar a vacinação para toda a população. O objetivo foi evitar o
desperdício de doses, uma vez que a vacinação é mais efetiva antes do início do
inverno, época de maior sazonalidade da influenza.
Distribuição dos casos e
óbitos confirmados de febre amarela até 1º de agosto/2017
UF
|
Casos
|
Óbitos
|
Amazonas
|
1
|
0
|
Pará
|
8
|
4
|
Tocantins
|
1
|
1
|
Distrito Federal
|
1
|
1
|
Goiás
|
1
|
1
|
Mato Grosso
|
1
|
1
|
Espírito Santo
|
252
|
83
|
Rio de Janeiro
|
25
|
8
|
Minas Gerais
|
465
|
152
|
São Paulo
|
22
|
10
|
TOTAL
|
777
|
261
|
Anexo:
Por Camila Bogaz, da Agência
Saúde
0 comentários:
Postar um comentário