Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul articulam uma plataforma para compartilhar
seus principais laboratórios. Essa parceria internacional deve se consolidar no
segundo encontro do Grupo de Trabalho dos Brics sobre Infraestruturas de
Pesquisa e Projetos de Megaciência, que se reunirá nesta quinta (1º) e
sexta-feira (2) no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM),
em Campinas (SP).
“Os
cinco países têm diferentes infraestruturas de pesquisa, que são caras e
difíceis de serem construídas”, explica o secretário de Desenvolvimento
Tecnológico e Inovação do MCTIC, Alvaro Prata. “Os Brics se relacionam
científica e tecnologicamente desde 2014 e sabem que, individualmente, não se
dispõe de tudo de que se necessita para gerar conhecimento. Por isso, montamos
esse grupo de trabalho no ano passado, na Rússia, para compartilhar nossos
grandes laboratórios.”
Do
encontro no CNPEM, que é vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações (MCTIC), deve sair uma plataforma de compartilhamento
de até 25 laboratórios. O Brasil se propõe a franquear acesso à fonte de luz
síncroton Sirius, que será a maior e mais complexa infraestrutura científica já
erguida no país; o Navio de Pesquisa Hidroceanográfico Vital de Oliveira; o
Laboratório de Integração e Testes do Inpe (LIT), em São José dos Campos (SP);
o Observatório de Torre Alta da Amazônia (Atto), em São Sebastião do Uatumã (AM);
e o supercomputador Santos Dumont, em Petrópolis (RJ).
“Essa
é uma reunião de aproximação. O desfecho é justamente definir quais são as
infraestruturas de cada país e também como vamos operar esse compartilhamento”,
adianta Prata. “Não vamos esgotar o assunto, mas temos que estabelecer regras
mínimas de como isso vai ocorrer. É claro que teremos mais discussões no
futuro, quando vamos detalhar outras questões: trabalhar assim e assim, de
acordo com a característica de cada laboratório.”
Articulação
O grupo
de trabalho teve sua primeira reunião em maio de 2017, no Instituto Conjunto de
Pesquisa Nuclear (JINR, na sigla em inglês), em Dubna, cidade russa a 125
quilômetros de Moscou. Dois meses depois, no 5º Encontro Ministerial de
Ciência, Tecnologia e Inovação do Fórum de Diálogo dos Brics, em Hangzhou, na
China, representantes das pastas científicas dos cinco países confirmaram o
CNPEM como sede do segundo encontro, em função do Sirius, uma das primeiras
fontes de luz síncroton de 4ª geração do mundo.
A
programação em Campinas inclui visitas técnicas ao Sirius e aos laboratórios
nacionais de Biociências (LNBio), Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), Luz
Síncrotron (LNLS) e Nanotecnologia (LNNano). Já na sexta-feira, haverá sessões
para definir o modelo operacional da plataforma e as características de seu
portal na internet. O projeto inclui a mobilidade de pesquisadores.
Segundo
Prata, o portal na internet vai facilitar o acesso da academia e da indústria
dos cinco países às infraestruturas. “Para que todos possamos utilizá-las,
precisamos divulgá-las de alguma maneira. Então, vamos criar uma plataforma
pela qual pesquisadores vão poder descobrir como fazer para usar cada
laboratório. Vamos ter que tomar ainda uma série de medidas: talvez lançar editais
e investir em projetos de megaciência compartilhados.”
Embora
sigam diferentes caminhos de desenvolvimento, os Brics enfrentam preocupações
comuns, como a melhoria da qualidade de vida, a necessidade de crescimento
econômico inclusivo, a criação de emprego e a sustentabilidade. Desde 2014, em
sinergia, os cinco países buscam abordar seus desafios com ciência, tecnologia
e inovação. O esforço colaborativo procura fornecer soluções para esses
problemas e servir de modelo para o resto do mundo.
Na
visão dos ministérios científicos dos Brics, para serem eficazes, suas
inovações precisam de uma infraestrutura muito forte e o suporte a projetos de
megaciência. Assim, o grupo avalia como estratégico: encontrar formas de
promover o compartilhamento em larga escala de suas instalações, estabelecer
instrumentos de mobilidade acadêmica, tratar dos direitos de propriedade
intelectual para pesquisa conjunta, apoiar o empreendedorismo em megaprojetos e
instituir uma plataforma comum e eficiente.
(Fonte:
Agência Abipti – 01/03/2018)
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