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sábado, 3 de março de 2018

Brics definem compartilhamento de grandes infraestruturas de pesquisa científica


Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul articulam uma plataforma para compartilhar seus principais laboratórios. Essa parceria internacional deve se consolidar no segundo encontro do Grupo de Trabalho dos Brics sobre Infraestruturas de Pesquisa e Projetos de Megaciência, que se reunirá nesta quinta (1º) e sexta-feira (2) no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP).

“Os cinco países têm diferentes infraestruturas de pesquisa, que são caras e difíceis de serem construídas”, explica o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTIC, Alvaro Prata. “Os Brics se relacionam científica e tecnologicamente desde 2014 e sabem que, individualmente, não se dispõe de tudo de que se necessita para gerar conhecimento. Por isso, montamos esse grupo de trabalho no ano passado, na Rússia, para compartilhar nossos grandes laboratórios.”

Do encontro no CNPEM, que é vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), deve sair uma plataforma de compartilhamento de até 25 laboratórios. O Brasil se propõe a franquear acesso à fonte de luz síncroton Sirius, que será a maior e mais complexa infraestrutura científica já erguida no país; o Navio de Pesquisa Hidroceanográfico Vital de Oliveira; o Laboratório de Integração e Testes do Inpe (LIT), em São José dos Campos (SP); o Observatório de Torre Alta da Amazônia (Atto), em São Sebastião do Uatumã (AM); e o supercomputador Santos Dumont, em Petrópolis (RJ).

“Essa é uma reunião de aproximação. O desfecho é justamente definir quais são as infraestruturas de cada país e também como vamos operar esse compartilhamento”, adianta Prata. “Não vamos esgotar o assunto, mas temos que estabelecer regras mínimas de como isso vai ocorrer. É claro que teremos mais discussões no futuro, quando vamos detalhar outras questões: trabalhar assim e assim, de acordo com a característica de cada laboratório.”

Articulação
O grupo de trabalho teve sua primeira reunião em maio de 2017, no Instituto Conjunto de Pesquisa Nuclear (JINR, na sigla em inglês), em Dubna, cidade russa a 125 quilômetros de Moscou. Dois meses depois, no 5º Encontro Ministerial de Ciência, Tecnologia e Inovação do Fórum de Diálogo dos Brics, em Hangzhou, na China, representantes das pastas científicas dos cinco países confirmaram o CNPEM como sede do segundo encontro, em função do Sirius, uma das primeiras fontes de luz síncroton de 4ª geração do mundo.

A programação em Campinas inclui visitas técnicas ao Sirius e aos laboratórios nacionais de Biociências (LNBio), Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), Luz Síncrotron (LNLS) e Nanotecnologia (LNNano). Já na sexta-feira, haverá sessões para definir o modelo operacional da plataforma e as características de seu portal na internet. O projeto inclui a mobilidade de pesquisadores.

Segundo Prata, o portal na internet vai facilitar o acesso da academia e da indústria dos cinco países às infraestruturas. “Para que todos possamos utilizá-las, precisamos divulgá-las de alguma maneira. Então, vamos criar uma plataforma pela qual pesquisadores vão poder descobrir como fazer para usar cada laboratório. Vamos ter que tomar ainda uma série de medidas: talvez lançar editais e investir em projetos de megaciência compartilhados.”

Embora sigam diferentes caminhos de desenvolvimento, os Brics enfrentam preocupações comuns, como a melhoria da qualidade de vida, a necessidade de crescimento econômico inclusivo, a criação de emprego e a sustentabilidade. Desde 2014, em sinergia, os cinco países buscam abordar seus desafios com ciência, tecnologia e inovação. O esforço colaborativo procura fornecer soluções para esses problemas e servir de modelo para o resto do mundo.

Na visão dos ministérios científicos dos Brics, para serem eficazes, suas inovações precisam de uma infraestrutura muito forte e o suporte a projetos de megaciência. Assim, o grupo avalia como estratégico: encontrar formas de promover o compartilhamento em larga escala de suas instalações, estabelecer instrumentos de mobilidade acadêmica, tratar dos direitos de propriedade intelectual para pesquisa conjunta, apoiar o empreendedorismo em megaprojetos e instituir uma plataforma comum e eficiente.
  
(Fonte: Agência Abipti – 01/03/2018)


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