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sexta-feira, 2 de março de 2018

Falta de investimento limita expansão da indústria química no longo prazo


Após três anos consecutivos de queda, a indústria química obteve faturamento recorde em 2017. Porém, a falta de investimentos pode limitar a recuperação no longo prazo, favorecendo as importações.

“De uma forma generalizada, a indústria química brasileira não investe em produção, o que restringe a perspectiva de crescimento dos volumes e da competitividade da indústria”, avalia a sócia-executiva da Maxiquim Assessoria de Mercado, Solange Stumpf.

O faturamento líquido anual (em dólares) da indústria química, que havia apresentado queda entre 2014 e 2106, fechou o ano passado com crescimento de cerca de 1%. “Apesar do avanço modesto, é um faturamento recorde e mostra uma reversão da tendência, que era negativa nos últimos três anos.”

O presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fernando Figueiredo, aponta que, historicamente, o setor cresce um pouco acima do Produto Interno Bruto (PIB) do País. “Isso ocorre pela dependência de outros setores em relação à indústria químicos. O que nós lamentamos é que esse PIB não é nenhum caso de sucesso.”

De acordo com dados da Fundação Getulio Vargas (FGV), o PIB brasileiro cresceu 1% em 2017 e atingiu o valor de R$ 6,51 trilhões. Para Figueiredo, a perspectiva para 2018 é parecida. “É muito provável que o Brasil esteja entre os piores crescimentos nos países da América Latina. Crescer 1 % não é bom. Precisamos de uma política para crescimento robusto, que nos leve a crescer 5% ou 6%, como China e Índia.”

Figueiredo afirma que o crescimento do setor está sendo ocupado por produtos importados. “Cerca de 38% do mercado químico. As causas disso são o alto custo da matéria-prima e da energia.”

Solange também vê o cenário político conturbado contribuindo negativamente para o desenvolvimento do setor. “O efeito é sentido na queda do nível de confiança do empresário e das instituições, fator importante na tomada de decisão de investimentos em capital, tecnologia e inovação”, diz. “O efeito deverá ser sentido de forma mais contundente no longo prazo, quando a indústria não tiver mais capacidade de absorver o crescimento da demanda e não houver mais geração de recursos humanos especializados na área. O setor tem um grande potencial, considerando a perspectiva de crescimento de consumo do País, que não está sendo aproveitado”, complementa.

Demanda dos setores
Para Solange, a recuperação da economia brasileira e a saída da recessão indicam uma melhora mais significativa para a indústria química em 2018.

“Se espera uma recuperação em praticamente todos os setores demandantes, tanto de uso industrial quanto final”, estima. “Nos setores de uso industrial, relacionados com bens de consumo, a perspectiva é uma recuperação mais significativa, pois existe uma demanda reprimida devido à recessão dos últimos anos.”

Figueiredo acredita que a agricultura e o setor automotivo serão os principais demandantes da indústria química. “Também esperamos que a construção civil tenha uma recuperação. É um setor que sofreu com a crise, mas que é sempre incentivado pelo governo, por ser um grande gerador de empregos.”

O presidente da junta diretiva da Basf, Kurt Bock, declarou em relatório da empresa do exercício de 2017 que a situação do mercado de soluções agrícolas na América do Sul foi difícil a maior parte do ano, mas apresentou melhora considerável no último trimestre. “Projetamos que o crescimento da economia global continuará no mesmo ritmo de 2017. Acreditamos na continuação da lenta recuperação de Brasil e Argentina.”

(Fonte: DCI – 28/02/2018)


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