A Organização Mundial da Saúde
(OMS) lançou nesta quinta-feira (17) a publicação “World Health Statistics 2018”, que apresenta as mais
recentes estatísticas mundiais de saúde, incluindo dados empíricos e
estimativas relacionadas à mortalidade, morbidade, fatores de risco, cobertura
de serviços de saúde e sistemas de saúde. A nova edição destaca progressos
notáveis em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em
algumas áreas. No entanto, outras continuam com progresso estagnado e algumas
conquistas realizadas pelos países e regiões podem ser facilmente perdidas.
Os dados do relatório
destacam, entre outros pontos, que menos da metade da população mundial recebe
atualmente todos os serviços de saúde essenciais. Em 2010, por exemplo, quase
100 milhões de pessoas foram levadas à pobreza extrema por terem que pagar
pelos serviços de saúde com dinheiro dos próprios bolsos. Estima-se também que
13 milhões de pessoas morrem todos os anos antes dos 70 anos por doenças
cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas, diabetes e câncer – a maioria
delas em países de baixa e média renda; e que, em 2016, morreram por dia 15 mil
crianças menores de cinco anos.
Progressos rumo aos ODS: uma
seleção de dados das estatísticas mundiais de 2018
ODS 3: Assegurar uma vida
saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
Meta 3.1: Até
2030, reduzir a taxa de mortalidade materna global para menos de 70 mortes por
100.000 nascidos vivos.
• 303 mil mulheres morreram
por complicações na gravidez e no parto em 2015. Quase todas essas mortes
ocorreram em países de baixa e média renda (99%). Reduzir a mortalidade materna
depende crucialmente de garantir que as mulheres tenham acesso a cuidados de
qualidade antes, durante e após o parto.
• Dados disponíveis desde 2007
mostram que menos da metade de todos os nascimentos em vários países de baixa e
média renda foram atendidos por pessoal de saúde qualificado. Globalmente,
estima-se que mais de 40% de todas as gestantes não receberam cuidados
pré-natais em 2013.
Meta 3.2: Até
2030, acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de 5
anos, com todos os países objetivando reduzir a mortalidade neonatal para pelo
menos 12 por 1.000 nascidos vivos e a mortalidade de crianças menores de 5 anos
para pelo menos 25 por 1.000 nascidos vivos
• As taxas de mortalidade
entre menores de cinco anos continuaram a melhorar em 2016, caindo para 41 a
cada 1.000 nascidos vivos – em 1990, a estimativa era de 93 a cada 1.000
nascidos vivos. No entanto, em 2016, morreram por dia 15 mil crianças menores de
cinco anos. A mortalidade neonatal caiu de 37 a cada 1.000 nascidos vivos, em
1990, para 19 a cada 1.000 nascidos vivos em 2016.
• Com mais crianças pequenas
sobrevivendo neste momento, melhorar a sobrevivência de crianças mais velhas
(com idade entre 5 e 14 anos) é um foco crescente. Cerca de 1 milhão dessas
crianças morreram em 2016, principalmente por causas evitáveis.
Meta 3.3: Até
2030, acabar com as epidemias de aids, tuberculose, malária e doenças tropicais
negligenciadas, e combater a hepatite, doenças transmitidas pela água e outras
doenças transmissíveis
• Estima-se que, em 2016, 1
milhão de pessoas morreram por doenças relacionadas ao HIV. O aumento global da
terapia antirretroviral tem sido o principal responsável pelo declínio de 48%
nas mortes relacionadas ao HIV, que tiveram um pico de 1,9 milhão em 2005. No
entanto, a terapia antirretroviral só atingiu 53% das pessoas que vivem com HIV
até o fim de 2016.
• Após conquistas globais sem
precedentes no controle da malária, o progresso está estagnado. Em todo o
mundo, cerca de 216 milhões de casos da doença ocorreram em 2016, em comparação
com 237 milhões de casos em 2010 e 210 milhões de casos em 2013. O principal
desafio que os países enfrentam na luta contra essa enfermidade é a falta de
financiamento sustentável e previsível.
Meta 3.4: Até
2030, reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças crônicas não
transmissíveis via prevenção e tratamento, e promover a saúde mental e o
bem-estar
• A probabilidade de morrer
por diabetes, câncer, doenças cardiovasculares e doenças crônicas pulmonares
entre 30 e 70 anos caiu para 18% em 2016, abaixo dos 22% em 2000. Adultos em
países de baixa e baixa-média renda enfrentaram os maiores riscos – quase o
dobro da taxa para adultos em países de alta renda. O número total de mortes
por doenças crônicas não transmissíveis está aumentando devido ao crescimento
populacional e ao envelhecimento.
• Quase 800 mil mortes por suicídio
ocorreram em 2016, com a taxa mais elevada na Região Europeia (15,4 por cada
100.000 habitantes).
Meta 3.5: Reforçar
a prevenção e o tratamento do abuso de substâncias, incluindo o abuso de drogas
entorpecentes e uso nocivo do álcool
• De 2010 a 2016, o nível
mundial de consumo de álcool permaneceu estável: 6,4 litros de álcool puro por
pessoa com 15 anos ou mais.
Meta 3.6: Até
2020, reduzir pela metade as mortes e lesões em todo o mundo por acidentes de
trânsito
• As mortes por lesões
causadas no trânsito aumentaram desde 2000, chegando a 1,25 milhão em 2013.
• A taxa de mortalidade devido
a lesões no trânsito foi 2,6 vezes maior em países de baixa renda (24,1 mortes
por 100.000 habitantes) do que em países de alta renda (9,2 mortes por 100.000
habitantes), apesar de haver uma quantidade menor de veículos em países de
baixa renda.
Meta 3.7: Até
2030, assegurar o acesso universal aos serviços de saúde sexual e reprodutiva,
incluindo o planejamento familiar, informação e educação, bem como a integração
da saúde reprodutiva em estratégias e programas nacionais
• Estima-se que 208 milhões de
mulheres em idade reprodutiva que são casadas ou estão em união em todo o mundo
ainda não têm suas necessidades de planejamento familiar atendidas com um
método contraceptivo moderno. Isso representa 23% de todas as mulheres em idade
reprodutiva que são casadas ou estão em união e desejam limitar ou espaçar
gestações.
• Estima-se que haja,
anualmente, 12,8 milhões de nascimentos entre meninas adolescentes de 15 a 19 anos.
A gravidez precoce pode aumentar os riscos para os recém-nascidos, bem como
para as jovens mães.
Meta 3.8: Atingir
a cobertura universal de saúde, incluindo a proteção do risco financeiro, o
acesso a serviços de saúde essenciais de qualidade e o acesso a medicamentos e
vacinas essenciais seguros, eficazes, de qualidade e a preços acessíveis para
todos
• Pelo menos metade da
população mundial não tem cobertura total dos serviços essenciais de saúde.
• Em 2010, estima-se que 808
milhões de pessoas – 11,7% da população mundial – gastaram pelo menos 10% de
seu orçamento familiar pagando pelos serviços de saúde do próprio bolso.
Calcula-se que 97 milhões de pessoas foram levadas à pobreza devido a esses
gastos em 2010.
Meta 3.9: Até
2030, reduzir substancialmente o número de mortes e doenças por produtos
químicos perigosos, contaminação e poluição do ar e água do solo
• Em 2016, a poluição do ar
exterior nas cidades e áreas rurais causou cerca de 4,2 milhões de mortes em
todo o mundo.
• No mesmo ano, a poluição do
ar interior e exterior causou cerca de 7 milhões de mortes – uma em cada oito
mortes no mundo.
• Água não potável, saneamento
e falta de higiene foram responsáveis por cerca de 870.000 mortes em 2016.
Meta 3.a: Fortalecer
a implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco em todos os
países, conforme apropriado
• Em 2016, mais de 1,1 bilhão
de pessoas fumaram tabaco – 34% de todos os homens de 15 anos e mais de 6% de
todas as mulheres nessa faixa etária.
• Entre 2015-2016, mais da
metade (98) dos Estados Membros da OMS reforçaram a implementação da
Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco por meio de várias medidas, como a
introdução ou o fortalecimento da legislação que exige avisos de saúde nas
embalagens de produtos derivados do tabaco.
Meta 3.b: Apoiar
a pesquisa e o desenvolvimento de vacinas e medicamentos para as doenças
transmissíveis e não transmissíveis, que afetam principalmente os países em
desenvolvimento, proporcionar o acesso a medicamentos e vacinas essenciais a
preços acessíveis, de acordo com a Declaração de Doha, que afirma o direito dos
países em desenvolvimento de utilizarem plenamente as disposições do acordo
TRIPS sobre flexibilidades para proteger a saúde pública e, em particular,
proporcionar o acesso a medicamentos para todos
• Em 2016, uma em cada 10
crianças em todo o mundo não recebeu sequer a primeira dose da vacina contra
difteria, tétano e coqueluche (DTP1) e a cobertura com as três doses
recomendadas foi de 86%, um nível que permaneceu praticamente inalterado desde
2010.
Meta 3.c: Aumentar
substancialmente o financiamento da saúde e o recrutamento, desenvolvimento e
formação, e retenção do pessoal de saúde nos países em desenvolvimento,
especialmente nos países menos desenvolvidos e nos pequenos Estados insulares
em desenvolvimento
• No período entre 2007 e
2016, 76 países relataram ter menos de um médico por mil habitantes.
• No mesmo período, 87 países
informaram ter menos de três enfermeiros e profissionais de obstetrícia por mil
habitantes.
Meta 3.d: Reforçar
a capacidade de todos os países, particularmente os países em desenvolvimento,
para o alerta precoce, redução de riscos e gerenciamento de riscos nacionais e
globais de saúde
• Em 2017, 167 Estados Membros
(85% de todos os Estados Membros) responderam a um questionário de auto-avaliação
usado para mensurar o status de implementação de 13 capacidades essenciais. A
pontuação média da capacidade principal de todos os países declarantes foi de
72%.
Objetivos relacionados à saúde
fora do ODS 3
Meta 2.2: Até
2030, acabar com todas as formas de má nutrição, incluindo atingir, até 2025,
as metas acordadas internacionalmente de estatura baixa para a idade e peso
abaixo do ideal para a estatura em crianças menores de cinco anos de idade, e
atender às necessidades nutricionais dos adolescentes, mulheres grávidas e
lactantes e pessoas idosas
• Em 2017, 151 milhões de
crianças com menos de cinco anos (22%) estavam com baixa estatura para a idade
– três quartos delas vivem na Região do Sudeste Asiático ou na Região Africana.
• 51 milhões de crianças
menores de cinco anos (7,5%) estão com peso abaixo do ideal para a estatura,
enquanto 38 milhões de crianças nessa faixa etária (5,6%) estavam com
sobrepeso. O peso abaixo do ideal para a estatura e o sobrepeso podem coexistir
em uma população em níveis considerados de médios a altos – a chamada “dupla
carga da má nutrição” –, como observado na Região do Mediterrâneo Oriental.
Meta 6.1: Até
2030, alcançar o acesso universal e equitativo à água potável e segura para
todos• Os serviços de água potável com gestão segura – ou seja, localizados em
instalações, disponíveis quando necessário e livres de contaminação – foram
proporcionados para apenas 71% da população mundial (5,2 bilhões de pessoas) em
2015.
Meta 6.2: Até
2030, alcançar o acesso a saneamento e higiene adequados e equitativos para
todos, e acabar com a defecação a céu aberto, com especial atenção para as
necessidades das mulheres e meninas e daqueles em situação de vulnerabilidade
• Serviços de saneamento
gerenciados com segurança – com excretas descartadas com segurança in situ ou
tratadas fora do local – estavam disponíveis para apenas 39% da população
mundial (2,9 bilhões de pessoas) em 2015.
Meta 7.1: Até
2030, assegurar o acesso universal, confiável, moderno e a preços acessíveis a
serviços de energia• O acesso a combustíveis e tecnologias limpos para cozinha
melhorou gradualmente. Em 2016, 59% da população mundial utilizava
principalmente combustíveis limpos.
• O crescimento populacional
continua superando a transição para combustíveis e tecnologias limpos, deixando
3 bilhões de pessoas ainda cozinhando com combinações de poluentes.
Meta 11.6: Até
2030, reduzir o impacto ambiental negativo per capita das cidades, inclusive
prestando especial atenção à qualidade do ar, gestão de resíduos municipais e
outros
• Mais da metade da população
urbana estava exposta a níveis de poluição do ar exterior pelo menos 2,5 vezes
acima do padrão de segurança estabelecido pela OMS.
• Estima-se que 9 em cada 10
pessoas no mundo respirem ar poluído.
Meta 13.1: Reforçar
a resiliência e a capacidade de adaptação a riscos relacionados ao clima e às
catástrofes naturais em todos os países
• No período de 2012 a 2016,
em média, havia 11 mil mortes em todo o mundo a cada ano devido a desastres
naturais.
Meta 16.1: Reduzir
significativamente todas as formas de violência e as taxas de mortalidade
relacionada em todos os lugares
• Em 2016, estima-se que
180.000 pessoas foram mortas em guerras e conflitos. Isso não inclui as taxas de
mortalidade para os efeitos indiretos da guerra e do conflito, como a
disseminação de doenças, má nutrição e colapso dos serviços de saúde. A taxa de
mortalidade global devido aos conflitos nos últimos cinco anos (2012-2016) –
com 2,5 mortes por 100.000 habitantes – foi mais do que o dobro da taxa média
no período de cinco anos antes (2007-2011).
• Houve uma estimativa de
477.000 assassinatos, com quatro quintos de todas as vítimas de homicídio do
sexo masculino. Os homens da Região das Américas foram os mais afetados (31,8
por cada 100.000 habitantes).
Meta 17.19: Até
2030, valer-se de iniciativas existentes para desenvolver medidas do progresso
do desenvolvimento sustentável que complementem o produto interno bruto (PIB) e
apoiem a capacitação estatística nos países em desenvolvimento
• Em 2016, 49% das mortes
foram registradas com uma causa de morte, variando de 6% das mortes na Região
Africana a 98% na Região Europeia.
Imagem: Radu
Bercan/Shutterstock.com
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