Deputados
que participaram de seminário da Câmara para novos parlamentares nesta
quarta-feira se manifestaram contrariamente às emendas orçamentárias
individuais. Estas emendas, no valor de R$ 15,4 milhões por deputado, têm
execução obrigatória dentro do Orçamento da União e geralmente são destinadas a
pequenas obras e programas em municípios específicos.
Após uma
explicação inicial dos consultores da área de Orçamento da Câmara sobre os
tipos de emendas existentes, o deputado General Girão (PSL-RN) disse que é
contrário às emendas parlamentares por acreditar que o Congresso deveria atuar
mais em políticas públicas gerais e na fiscalização dos recursos.
Em seguida,
o deputado Luiz Philippe (PSL-SP) comentou que os deputados estaduais e
vereadores é que deveriam discutir a alocação de recursos nos estados e
municípios. Para Luiz Philippe, a situação acaba gerando distorções:
"Qual
que seria o interesse de um deputado federal? Sempre se eleger. E como ele
alocaria os recursos? Maximizando a capacidade de ele se reeleger. Então, ele
não alocaria talvez em alguns municípios que são contrários a ele, onde ele não
recebeu votos. Talvez em algo que dê bastante visibilidade na mídia, que não
necessariamente esteja vinculada a alguma necessidade do estado ou dos
municípios. Então, tem um descasamento aí total de quem tem o poder e do que é
entregue, e que cria problemas. Você é deputado federal e faz uma emenda para
uma creche ou faz uma obra pública que exige manutenção. Mas a manutenção é do
município e eles não têm recursos para isso."
Já o
deputado Professor Luizão (PRB-PR) explicou que é a favor das emendas por causa
da realidade atual. Segundo ele, o ideal seria o fim das emendas parlamentares
a partir da redistribuição da arrecadação de impostos. Professor Luizão disse
que hoje o bolo tributário está mais concentrado na União:
"Mas
como o sistema nosso hoje não está em um nível que permita um planejamento do
governo federal que atenda a todos os estados e municípios conforme as suas
necessidades regionais, o deputado é aquele que vai fazer o contraponto,
destinando o recurso onde ele representa aquela população. E ele sabe os
problemas localizados lá."
O diretor
da Consultoria de Orçamento da Câmara, Ricardo Volpe, disse que a discussão do
Orçamento da União já foi mais profunda em torno das grandes despesas do
governo e que hoje ela estaria mais concentrada nas emendas. Mas explicou que
isso também é um reflexo da difícil situação fiscal de todas as esferas
federativas. Segundo ele, uma revisão das responsabilidades e dos recursos da
União, estados e municípios depende de mudanças constitucionais. E citou que um
passo importante será a reforma tributária.
Reportagem
- Sílvia Mugnatto
0 comentários:
Postar um comentário