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quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Pesquisa da UFMG alerta para o risco do uso abusivo de anti-inflamatórios


Medicamento é vendido livremente sem a exigência de receita médica. Anti-inflamatórios em excesso podem causar doenças do fígado.



Cientistas alertam sobre o risco do uso abusivo de anti-inflamatórios

Cientistas alertam sobre o risco do uso abusivo de anti-inflamatórios
Pesquisadores estão alertando para o risco do uso abusivo dos anti-inflamatórios. É um tipo de medicamento vendido sem receita médica.

É só a coluna dar sinal de desconforto que a cozinheira Zenaide Pereira Maciel corre para a farmácia atrás de um remedinho contra inflamação.

“Ele tira o cansaço, a dor que eu estou com ela. Aí no outro dia eu estou outra pessoa. Eu uso sempre as receitas antigas”, disse.

O perigo que está por trás do hábito da automedicação foi desvendado por um microscópio de altíssima definição e três anos de estudos num laboratório da UFMG.

Cientistas mapearam células do sistema imunológico de cobaias, que foram tratadas com remédios anti-inflamatórios vendidos em drogarias. Os testes funcionaram assim: eles aplicaram anti-inflamatórios em camundongos com lesões no fígado e viram que, até certo ponto, os remédios aliviaram os sintomas, controlaram a dor. Mas também constataram que o uso prolongado atrapalhou aquilo que mais se esperava: a cura do problema.

“O que o estudo mostrou é que bloquear a inflamação com anti-inflamatórios de maneira descontrolada ou exagerada ao invés de ter efeitos benéficos para a cura, atrasa o reparo daquele tecido que foi lesionado, atrasando então o retorno a função normal do órgão”, explicou Gustavo Menezes, pesquisador do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG.

As conclusões da pesquisa foram publicadas no periódico suíço “Cells”, especializado em estudos de biologia, e vão servir de referência para cientistas do mundo inteiro, podendo ajudar, inclusive, no desenvolvimento de medicamentos mais seguros.

“Anti-inflamatórios em excesso podem causar desde leve desconforto no estômago, até confusão mental, doenças do fígado que podem levar inclusive à necessidade de um transplante hepático nos casos mais graves."

O especialista José de Resende Barros Neto lembra que os pacientes vão ter sempre um papel importante no combate ao uso descontrolado.

“A cada comprimido que ele toma é um riscozinho que ele está tendo. E se ele tem outras doenças - e normalmente isso não é infrequente, por exemplo, diabetes, hipertensão - e acaba tomando anti-inflamatório, é mais ou menos como o fumante que tem uma história familiar muito forte para infarto ou para câncer de pulmão e continua fumando a despeito disso. Significa que ele vai ter o problema? Não. Mas ele aumenta a probabilidade”, disse Barros Neto, que é diretor científico da Sociedade Mineira de Nefrologia.


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