Medicamento é vendido
livremente sem a exigência de receita médica. Anti-inflamatórios em excesso
podem causar doenças do fígado.
Cientistas alertam sobre o
risco do uso abusivo de anti-inflamatórios
Pesquisadores estão alertando
para o risco do uso abusivo dos anti-inflamatórios. É um tipo de medicamento
vendido sem receita médica.
É só a coluna dar sinal de
desconforto que a cozinheira Zenaide Pereira Maciel corre para a farmácia atrás
de um remedinho contra inflamação.
“Ele tira o cansaço, a dor que
eu estou com ela. Aí no outro dia eu estou outra pessoa. Eu uso sempre as
receitas antigas”, disse.
O perigo que está por trás do
hábito da automedicação foi desvendado por um microscópio de altíssima
definição e três anos de estudos num laboratório da UFMG.
Cientistas mapearam células do
sistema imunológico de cobaias, que foram tratadas com remédios
anti-inflamatórios vendidos em drogarias. Os testes funcionaram assim: eles
aplicaram anti-inflamatórios em camundongos com lesões no fígado e viram que,
até certo ponto, os remédios aliviaram os sintomas, controlaram a dor. Mas
também constataram que o uso prolongado atrapalhou aquilo que mais se esperava:
a cura do problema.
“O que o estudo mostrou é que
bloquear a inflamação com anti-inflamatórios de maneira descontrolada ou
exagerada ao invés de ter efeitos benéficos para a cura, atrasa o reparo
daquele tecido que foi lesionado, atrasando então o retorno a função normal do
órgão”, explicou Gustavo Menezes, pesquisador do Instituto de Ciências
Biológicas da UFMG.
As conclusões da pesquisa
foram publicadas no periódico suíço “Cells”, especializado em estudos de
biologia, e vão servir de referência para cientistas do mundo inteiro, podendo
ajudar, inclusive, no desenvolvimento de medicamentos mais seguros.
“Anti-inflamatórios em excesso
podem causar desde leve desconforto no estômago, até confusão mental, doenças
do fígado que podem levar inclusive à necessidade de um transplante hepático
nos casos mais graves."
O especialista José de Resende
Barros Neto lembra que os pacientes vão ter sempre um papel importante no
combate ao uso descontrolado.
“A cada comprimido que ele
toma é um riscozinho que ele está tendo. E se ele tem outras doenças - e
normalmente isso não é infrequente, por exemplo, diabetes, hipertensão - e acaba
tomando anti-inflamatório, é mais ou menos como o fumante que tem uma história
familiar muito forte para infarto ou para câncer de pulmão e continua fumando a
despeito disso. Significa que ele vai ter o problema? Não. Mas ele aumenta a
probabilidade”, disse Barros Neto, que é diretor científico da Sociedade
Mineira de Nefrologia.
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