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sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

O farmacêutico na era da informação e da tecnologia


Uma carreira em constante evolução. Seja pelos desafios da incorporação de novas tecnologias, seja em função da própria ampliação da sua área de atuação, o farmacêutico teve que se reinventar. “O profissional saiu de trás do balcão e expandiu suas atividades. Com a expansão da farmácia clínica e das salas de serviços farmacêuticos, ele deixou de lidar apenas com o medicamento e passou a dar atenção à saúde do paciente”, analisa Marcos Machado, presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP).

Para o CEO da AbrafarmaSergio Mena Barreto, o farmacêutico está cada vez próximo do consumidor e posiciona-se como um personagem estratégico na desafiadora tarefa de estimular o acesso à saúde no país. “Trata-se de um especialista que utiliza suas competências a serviço de uma proximidade maior com o paciente, agregando mais valor à sociedade com ações preventivas na detecção de riscos e influenciando hábitos mais saudáveis”, afirma Barreto.

Avanço tecnológico muda a forma de atuação do farmacêutico
Para Cassyano Correr, coordenador do programa de Assistência Farmacêutica Avançada da Abrafarma, o farmacêutico de 2019 é, mais do que nunca, um profissional de saúde especializado no cuidado das pessoas e com foco na adesão ao tratamento. “Ele está redescobrindo seu papel no Brasil, ao mesmo tempo em que as novas tecnologias estão moldando e ampliando seu campo de atuação”, ressalta.

Machado partilha dessa opinião em referência aos impactos dos avanços tecnológicos. “Temos o exemplo dos testes laboratoriais rápidos (TLR), que têm a capacidade de diagnosticar algumas doenças em apenas 24 horas. Hoje, temos mais de 600 aplicativos em desenvolvimento na área da saúde”, ressalta Machado.

Segundo ele, a grande preocupação e urgência está em como fazer para normatizar e regulamentar o uso destas  tecnologias. “Ano passado, a Anvisa  informou que criou um departamento específico para acompanhar essas novas tecnologias e que estão buscando ser ágeis na devolução de uma resolução sobre o assunto, mas ainda estamos aguardando”, desabafa. De acordo com Machado, os testes rápidos estão sendo discutidos há mais de três anos. “Precisamos de uma reposta mais rápida, pois o avanço tecnológico, assim como o mercado não esperam. Eles, na verdade, impulsionam o serviço”, afirma.

Para Marco Fiaschetti, diretor executivo da Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), a profissão tem tudo para se tornar uma das grandes carreiras do futuro com o advento da farmacogenética e a promessa de tratamentos personalizados de acordo com o mapeamento do DNA. “Junto com a individualização, deve-se ressaltar que a longevidade da população também fortalece a carreira, já que o farmacêutico é fundamental para a saúde do idoso. Somos o único setor capaz de oferecer o tratamento personalizado que é tão importante nessa faixa etária”, ressalta o executivo.

O presidente da Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar)Edison Tamascia, acredita que o mercado só está apto para os profissionais que realmente se preocupam com o que acontece no ambiente da farmácia, sabendo adequar às novas tecnologias contribuindo para a melhoria da saúde pública.
O farmacêutico e a indústria

Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), entende que o farmacêutico é uma peça fundamental no desenvolvimento da indústria farmacêutica. “Essa relevância não irá mudar nem com a revolução tecnológica ou com as tecnologias que possam ser incorporadas aos nossos processos. Afinal, o discernimento que advém do conhecimento humano não será substituído pelas máquinas. Temos a certeza de que, nos próximos anos, o farmacêutico continuará sendo fundamental para o desenvolvimento de novos fármacos e de novos produtos para a indústria”, ressalta.

Capacitação profissional
A farmácia é uma das dez profissões com as maiores taxas de ocupação do Brasil, ao figurar como a terceira com o maior número de contratações formais em 2018. Segundo Walter da Silva Jorge João, presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF), desde 2012 a entidade vem investindo em iniciativas que resgatam o farmacêutico como protagonista do cuidado à saúde, principalmente a comunitária. “Na medida em que assume a sua autoridade técnica dentro do estabelecimento, ele se torna mais respeitado e, consequentemente, mais necessário à sociedade”, ressalta.

São cerca de 220 mil farmacêuticos inscritos nos Conselhos Regionais e o Brasil detém ¼ de todos os cursos de graduação do mundo. “São colocados 18 mil novos farmacêuticos no mercado por ano e, para respaldar ainda mais a atuação clínica, lançaremos em breve um glossário de termos farmacêuticos em Libras”, afirma. Um grupo de trabalho será constituído por farmacêuticos especialistas, intérpretes e pessoas com surdez, para mapear os sinais já existentes e criar outros, de modo a identificar termos farmacêuticos ainda desconhecidos na língua de sinais.

“Hoje, o farmacêutico não sai da faculdade apenas tendo feito o curso de graduação com conhecimento para atuar em todas as áreas. Ele precisa se especializar principalmente em função da velocidade da informação. O paciente já vai munido com tudo o que pesquisou na internet quando chega à farmácia. O profissional precisa estar atualizado para poder responder de forma satisfatória”, explica Marcos Machado.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico


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