Destaques

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

USO DE AGROTÓXICOS, DOIS PROJETOS QUE TRATAM DE MANEIRAS OPOSTAS O TEMA AGUARDAM ANÁLISE DO PLENÁRIO DA CÂMARA


Agrotóxicos, pesticidas, inseticidas, defensivos agrícolas ou produtos fitossanitários. Independentemente do nome que se dê aos produtos usados na agricultura para eliminar ervas daninhas, pragas e doenças que incidem sobre a produção rural, não há consenso dentro da Câmara dos Deputados sobre o assunto. Ao contrário. Duas propostas em tramitação na Câmara têm posições opostas a respeito.

O primeiro projeto (PL 6299/02) rechaça a palavra agrotóxicos, adota o termo pesticida e prevê que esses produtos tenham um registro temporário dado apenas pelo Ministério da Agricultura, o Mapa, mesmo sem a conclusão das análises de risco em outros órgãos reguladores, como Ibama e Anvisa. Já o segundo projeto (6670/16) cria uma Política Nacional de Redução de Agrotóxicos, a Pnara, com foco nas alternativas biológicas e naturais de defensivos agrícolas.

O deputado Bohn Gass, do PT do Rio Grande do Sul, festeja a aprovação do Pnara e lamenta a liberação dos pesticidas:
"Eu vi isso como um alento para a nossa agricultura, principalmente a agricultura agroecológica, nós termos uma redução de agrotóxicos. Infelizmente, foi votado também, pela bancada ruralista, e obviamente que as grandes indústrias dos venenos gostam muito disso, e as indústrias dos venenos já estão acopladas à indústria também da medicina, que, na verdade, aprovou um projeto de aumento de venenos".

Relator do projeto que prevê o registro temporário para os novos pesticidas, o deputado Luiz Nishimori, do PR do Paraná, defende a proposta:
"Importante deixar claro que nenhum órgão perderá a sua competência: Anvisa continuará analisando o risco toxicológico, o Ibama, o risco ambiental, e o Mapa, a eficiência agronômica. O projeto inova principalmente para trazer novas moléculas, trazer produtos mais modernos, que precisam de menos aplicação. Buscamos também a maior celeridade no registro de produtos novos, já que, atualmente, pode-se levar até oito anos. Muitas vezes, quando o produto é autorizado, está defasado."

Já o deputado Pedro Uczai, do PT de Santa Catarina, defende a Pnara:
"A Política Nacional de Redução de Agrotóxicos parte do princípio de proteção aos agricultores, proteção aos produtores rurais, porque hoje, se pegarmos o exemplo de Santa Catarina, a cada 100 pessoas que têm câncer, 18 são agricultores. (...) Proteger o meio ambiente, taí as várias notícias na imprensa nacional, mostrando que o veneno numa lavoura está atingindo outras (...) a ciência, a tecnologia mostra que é possível produzir economicamente, com alta produtividade, sem uso de agrotóxicos."

Os dois projetos que tratam de maneiras opostas o uso de agrotóxicos já foram aprovados por comissões especiais e aguardam serem pautados para votação pelo Plenário da Câmara. Mesmo com objetivos opostos, as duas propostas podem ser aprovadas ou rejeitadas. Tudo dependerá do voto dos 513 deputados federais.

Reportagem - Newton Araújo


0 comentários:

Postar um comentário

Calendário Agenda