No último domingo do mês de
janeiro é comemorado o Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase. Durante todo o
mês, o Janeiro Roxo, ações chamam a atenção da população e de profissionais de
saúde para os sinais e sintomas e alertam para a importância do diagnóstico
precoce, tratamento oportuno e ações de controle da doença.
O combate ao estigma e à
discriminação também faz parte das ações do Dia Mundial. Por isso, nesta
celebração é importante lembrar que a enfermidade, marcada por um passado
triste de discriminação e isolamento de pacientes, possui tratamento eficaz e
pode ser curada.
É essencial a conscientização
da população e também dos profissionais de saúde. Muitos mitos e preconceitos
sobre a hanseníase ainda confundem as pessoas, o que prejudica tanto a
prevenção quanto o tratamento. Conhecer a doença é fundamental para que o
tratamento seja realizado da forma adequada.
Quanto antes a pessoa iniciar
o tratamento, menores são as chances de surgirem incapacidades físicas, além de
favorecer a interrupção da cadeia de transmissão. A hanseníase deixa de ser
transmitida poucos dias após o início do tratamento. Além disso, é reforçada a
importância de que familiares, amigos e colegas de trabalho também sejam
examinados.
Convivendo com a hanseníase
Marines Uhde sofreu as consequências da hanseníase Marines
Uhde, 44 anos, sentiu as consequências do início tardio do tratamento.
Ela começou a sentir os
primeiros sintomas da doença em 2004, mas não sabia exatamente do que se
tratava. “Eu sou enfermeira e sempre desconfiei que poderia ser hanseníase. Mas
eu não tive as manchas características pelo corpo. Comecei a sentir muitas
dores no braço e fiz vários exames na época, mas não identificaram nada. Com o
passar do tempo, tive nervos afetados e fui recebendo diagnósticos errados”,
lembra. O diagnóstico da doença foi feito em 2012.
Além das dores e demais
consequências da hanseníase, Marines teve que enfrentar a discriminação. “Eu me
lembro de uma situação no trabalho. Quando eu disse que tinha a doença, uma
colega se afastou de mim na hora. Deu um passo atrás. No meu caso, a doença não
causou incapacidades visíveis e não sofri tanto quanto outras pessoas. Mas
sempre procurei falar muito sobre o assunto, com objetivo de conscientizar
mesmo”, explica.
A hanseníase é transmitida por
meio de tosse ou espirro, pelo convívio prolongado com uma
pessoa doente sem tratamento. Ou seja, não se pega a doença imediatamente ao
ter contato com uma pessoa doente. Além disso, pessoas em tratamento não
transmite a doença.
Tratamento
O Sistema Único de Saúde (SUS)
disponibiliza o tratamento e acompanhamento da doença em unidades básicas de
saúde e centros de referências. O tratamento da doença é realizado com a
poliquimioterapia, uma associação de antibimicrobianos, recomendado pela
Organização Mundial de Saúde. Os medicamentos são seguros e eficazes. O
paciente deve tomar a primeira dose mensal supervisionada pelo profissional de
saúde. As demais são realizadas pelo próprio paciente.
Marines fez todo o tratamento
pelo SUS e foi considerada completamente curada no ano de 2014. Porém, o tempo
de espera até a descoberta da doença deixou complicações permanentes. “Pelo
tempo passado, perdi a força da mão, pernas e braços. Ainda tenho dificuldades
para realizar as atividades mais simples do dia a dia”, conta.
Por isso, a enfermeira orienta
as pessoas a conhecer a doença e a procurar um serviço de saúde se identificar
algum sintoma. “Para pessoas que suspeitam ter a doença, eu aconselho que
procurem uma segunda opinião, para iniciar o tratamento o mais rápido possível.
Além disso, diria para as pessoas que procurem saber mais sobre a hanseníase.
Existe muito preconceito e o que a pessoa mais precisa nesse momento é de
apoio”, desabafa.
Sintomas da Hanseníase
• Manchas esbranquiçadas,
avermelhadas ou amarronzadas, em qualquer parte do corpo, com perda ou
alteração de sensibilidade térmica (ao calor e frio), tátil (ao tato) e à dor,
que podem estar principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas
orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas.
• Áreas com diminuição dos pelos e do suor.
• Dor e sensação de choque, formigamento, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas.
• Inchaço de mãos e pés.
• Diminuição sensibilidade e/ou da força muscular da face, mãos e pés, devido à inflamação de nervos, que nesses casos podem estar engrossados e doloridos.
• Úlceras de pernas e pés.
• Caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.
• Febre, edemas e dor nas juntas.
• Entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz.
• Ressecamento nos olhos.
• Áreas com diminuição dos pelos e do suor.
• Dor e sensação de choque, formigamento, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas.
• Inchaço de mãos e pés.
• Diminuição sensibilidade e/ou da força muscular da face, mãos e pés, devido à inflamação de nervos, que nesses casos podem estar engrossados e doloridos.
• Úlceras de pernas e pés.
• Caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.
• Febre, edemas e dor nas juntas.
• Entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz.
• Ressecamento nos olhos.
Uma doença histórica cercada
de preconceitos
A hanseníase é uma das doenças
mais antigas do mundo. Os primeiros registros históricos da remontam ao século
6 a.C. Por isso, também está associada com muito preconceito. Também conhecida
como “lepra”, no passado foi associada ao pecado, à impureza e à desonra. Além
disso, narrativas religiosas associavam as marcas na carne aos desvios da alma.
Por isso, durante muitos anos, os portadores da doença foram duramente
discriminados e excluídos da sociedade.
Em uma tentativa de reduzir o
estigma da doença, desde 1995, o termo “lepra” e seus derivados foram proibidos
de serem empregados nos documentos oficiais no Brasil. A doença foi batizada
como hanseníase, em homenagem ao seu descobridor, o cientista norueguês Gerhard
Hansen.
Janaina Bolonezi, para o Blog
da Saúde.
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