Pesquisadores ouvidos pela
Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados não descartam o
risco de novos casos de microcefalia causados por Zika vírus no País. Eles
apontam que a gravidade dos casos registrados, principalmente no nordeste, tem
relação com a bactéria saxitoxina (que se reproduz na água) associada à dengue
e à desnutrição.
Mesmo após quatro anos da
epidemia de zika, o Brasil continua com índices de incidência de microcefalia
acima dos níveis mundiais nas regiões Nordeste, Centro-oeste e Sudeste. Em
2018, a cidade de Belo Vale, em Minas Gerais, registrou 50 casos por 10 mil
habitantes, enquanto no restante do mundo esse índice é de dois casos por 10
mil.
Para o pesquisador em
microbiologia celular Flávio Lara, os fatores responsáveis pela gravidade dos
casos de microcefalia ainda não foram sanados e podem voltar a ocorrer. "A
saxitoxina provavelmente é um deles, restrição proteica também, a
desnutrição", enumerou.
Lara afirmou que o próximo
passo da pesquisa é identificar fatores ambientais que contribuem para maior
incidência de dengue e zica no nordeste. "Fatores evitáveis para a gente
poder se preparar para uma possível futura epidemia de zika na região".
Saneamento
Professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Renato Molica considera as condições de saneamento no País mais um agravante. Ele lembra que no Brasil apenas 52% do esgoto são coletados e desse total somente 46% são tratados, o que leva a condições ideais para a reprodução da saxitoxina, bactéria que não é retirada da água através do processo de tratamento atual.
Professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Renato Molica considera as condições de saneamento no País mais um agravante. Ele lembra que no Brasil apenas 52% do esgoto são coletados e desse total somente 46% são tratados, o que leva a condições ideais para a reprodução da saxitoxina, bactéria que não é retirada da água através do processo de tratamento atual.
A coordenadora geral de
vigilância em saúde ambiental do Ministério da Saúde, Thais Cavendish, explicou
que já existe um protocolo de tratamento da água potável que é atualizado a
cada cinco anos, mas reconhece que os níveis de saneamento no Brasil ainda são
muito baixos, dificultando esse controle.
Para o deputado Dr. Leonardo
(Solidariedade-MT), autor do pedido para realização da audiência, a
pesquisa demonstra que a situação é preocupante. "Demonstra a necessidade
de mais recursos em pesquisa e de ampliar a discussão social, isso é papel da
Câmara", destacou.
Reportagem - Karla Alessandra,
Edição - Geórgia Moraes, Foto - Cleia Viana/Câmara dos Deputados
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