Por Guilherme Lara da Rosa
O Centro de Produção e
Pesquisa de Imunobiológicos – CPPI tem uma longa história e, consequentemente,
uma grande importância para o Brasil, já que, segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), é um dos 46 produtores de soros antivenenos no mundo. O CPPI está
situado em Piraquara, município com pouco mais de 100 mil habitantes, de acordo
com o senso 2019 do IBGE. Esse centro de pesquisa é responsável pelo
desenvolvimento de medicamentos imunobiológicos que servem para diagnosticar
doenças infecciosas e parasitárias. Inclusive, atua em vários setores sociais,
principalmente na área de pesquisa e desenvolvimento, que vem com o propósito
de gerar um impacto positivo para a população brasileira.
A Funeas é responsável pela gestão do CPPI desde 2016. Além de administrar cinco unidades hospitalares, a Fundação também tem o objetivo de garantir insumos para gerar e executar ações de pesquisa, desenvolvendo a tecnologia necessária para a produção de imunobiológicos e outros medicamentos. De acordo com o presidente da Fundação Estatal de Atenção em Saúde do Paraná, Marcello Augusto Machado, é de extrema importância esse órgão andar lado a lado com o campo da pesquisa, além dos hospitais, pois “o papel da Funeas é facilitar, da melhor forma possível, o desenvolvimento da pesquisa e, claro, levar aos paranaenses todo tratamento adequado com produtos de altíssima qualidade através do SUS”, afirma Machado.
O que o CPPI produz?
Esta instituição é referência
nacional em produção de soros hiperimunes, dado que é um dos 31 produtores de
cunho público no mundo todo. Esses soros, também conhecidos como “soros
antivenenos”, são produzidos na capital paranaense desde 1987, e são fornecidos
exclusiva e diretamente para o Ministério da Saúde, o qual faz a distribuição
para as unidades brasileiras que realizam os tratamentos. Os medicamentos que o
Centro de Pesquisa produz são utilizados em casos onde há acidente com animais
venenosos, quando o paciente apresenta risco de vida. Os casos mais comuns são
envenenamentos resultantes de ataques de aranhas, serpentes, escorpiões, e
entre outros animais peçonhentos. O CPPI produz, predominantemente, antivenenos
contra o veneno da aranha-marrom (Loxoscelles) e de serpentes como das
jararacas (Bothrops).
Soro Antiloxoscélico Trivalente (aranha-marrom) e Soro Antibotrópico
(jararaca)
No ano de 2018, de acordo com
a Secretaria de Saúde do Estado, o Paraná registrou 4.098 acidentes com
aranha-marrom, número menor ao de 2017. É em Curitiba e nas regiões
metropolitanas que existe o maior número de casos registrados. Apesar do Centro
de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos produzir o soro antiloxoscélico
trivalente, quer dizer, o soro específico contra três espécies de
aranha-marrom, no Paraná a espécie mais frequente é a Loxosceles
Intermedia. Por isso, se faz importante a existência de um órgão como
o CPPI, que traz diversas contribuições para a saúde pública e para a área de
pesquisa no Brasil e no mundo. Mas é necessário lembrar que envenenamentos
apresentam sintomas que podem se agravar rapidamente, quer dizer, a urgência
das unidades terem os soros em seus estoques é imprescindível, portanto, é clara
a importância desse Centro em nosso país.
O tratamento eficaz contra
esses envenenamentos só é possível utilizando imunoglobulinas, ou seja,
anticorpos, que são específicos contra as proteínas existentes no veneno. Essas
imunoglobulinas inativam e bloqueiam a ação das proteínas, impedindo que atuem
no corpo da vítima. A obtenção do soro é feita por meio de cavalos, pois são
animais de grande porte. De acordo com o Chefe da Divisão de Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovação do CPPI, João Carlos Minozzo, cada cavalo produz, em
média, quatro (4) litros de plasma por sangria e cada litro de deste produz
cerca de 15 ampolas de soro antiveneno. Estima-se que cada cavalo gera soro
hiperimune para aproximadamente 50 pessoas no período de um (1) ano.
Fonte: Blog Caminhada
Produtiva
Para produzir o soro, é
necessário que os médicos veterinários realizem um procedimento meticuloso. O
cavalo recebe o veneno da serpente, por exemplo, em pequenas doses numa
quantidade que não afete sua saúde para, enfim, produzir anticorpos contra o
veneno da serpente. Após dez (10) dias, são retiradas amostras de sangue do
cavalo para que haja a verificação se já há anticorpos contra o veneno da
serpente. Após esse procedimento, o plasma* é separado do sangue do animal. É
válido situar que o CPPI contém as licenças necessárias para a produção de seus
medicamentos e é regulamentado pela Anvisa.
Construção da fábrica
Além de o Centro de Produção e Pesquisa de
Imunobiológicos estar empenhado em diversas frentes para readequar a atual área
do CPPI, o órgão também planeja construir uma nova unidade fabril em Piraquara.
De acordo com o diretor-geral do CPPI, Rubens Gusso, alguns projetos já estão
em fase de conclusão e os recursos financeiros garantidos pelo Ministério da
Saúde. Gusso ainda diz que “estudos indicam uma necessidade de aumentar
globalmente a disponibilidade de antivenenos, aumentar a capacidade dos atuais
produtores, e promover a introdução de novos fabricantes”.
Marcello Augusto Machado,
presidente da Funeas e Rubens Gusso, diretor-geral do CPPI; respectivamente
Essa nova fábrica se faz útil
quando se salienta que o CPPI não produz somente para o Paraná; o Centro produz
mediante a demanda nacional. Rubens Gusso afirma que essa fábrica poderá suprir
toda a demanda de soro antiloxoscélico do país, e conclui dizendo que o país
tem potencial para desenvolver outros soros, mediante registros de produto na
Anvisa que sejam necessários ao país. Conforme Machado, presidente da Funeas,
durante o início deste ano, estudos confirmaram que a construção dessa nova
unidade fabril é técnica e economicamente viável.
*Plasma: O
plasma sanguíneo é a parte líquida do sangue e corresponde a 55% do volume
total. Nele, proteínas, sais minerais, gás carbônico e outras substâncias estão
dissolvidos em água. É nele que ficam situados os anticorpos.
Fonte: http://www.funeas.pr.gov.br/
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