O aumento das doenças
causadas pelo papiloma vírus humano (HPV) em homens e o papel do sexo masculino
para transmitir a infecção são as principais justificativas para vacinação
também dos meninos, segundo informou hoje (19) o infectologista Edson Moreira.
Esta semana, na capital paulista, o médico participará de um simpósio sobre o
tema no X Congresso da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente
Transmissíveis e VI Congresso Brasileiro de Aids.
As conclusões
apresentadas por Moreira são baseadas em estudo com 3,6 mil homens de todos os
continentes, de modo a avaliar o desempenho da vacina contra HPV. Metade dos
participantes da pesquisa não recebeu o medicamento, apenas um placebo
simulando a imunização. Segundo ele, a partir daí foi possível observar o
comportamento da infecção nos homens.
De acordo com o médico,
aproximadamente 60% da população masculina adulta está contaminada pelo vírus.
Porém, ele tende a desenvolver doenças mais graves com mais frequência em
mulheres. Entre o sexo feminino, Moreira estima que quase 10% das adultas
portam o vírus.
“Isso sugere também que
os homens funcionam como um reservatório, uma fonte de transmissão para as
mulheres”, explicou.
Apesar do HPV ser
conhecido como grande causador do câncer e colo do útero, o especialista
alertou que doenças com prevalência em homens têm aumentado. “Existem canceres
crescendo de frequência, entre eles o do canal anal e o de orofaringe [boca e
garganta]. Nas últimas três décadas, eles quase dobraram de frequência.”
Para Edson Moreira, o HPV
é responsável por 5% - 600 mil – dos 13 milhões de novos casos de câncer que
surgem por ano em todo o mundo.
Moreira lembrou ainda que
as mulheres costumam fazer exames periódicos para detectar doenças como o
câncer do colo do útero, o que não ocorre com os homens. “Os canceres a que nos
referimos em homens não têm nenhum tipo de triagem. A única alternativa de
proteção é a vacinação”, esclareceu.
Segundo o médico, a
vacina contra HPV masculina está aprovada no Brasil desde 2011. A versão para
mulheres foi liberada em 2006 e já faz parte do calendário das campanhas de
vacinação.
“Estudos de custo efetividade mostram que também vale a pena vacinar meninos, não só pela proteção às doenças que do sexo masculino. Quando vacinamos meninos, a gente protege também as meninas”, concluiu.
“Estudos de custo efetividade mostram que também vale a pena vacinar meninos, não só pela proteção às doenças que do sexo masculino. Quando vacinamos meninos, a gente protege também as meninas”, concluiu.
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