Noticiário dos jornais diários exerce
forte influência na pauta das revistas que circulam neste fim de semana.
O fenômeno contamina, especialmente,
os temas relacionados à operação Lava Jato: todos os veículos – em maior ou
menor grau – trazem repercussões sobre a nova fase da investigação. Não há,
porém, itens exclusivos ou inéditos.
Abordagens centradas na conjuntura
política também têm como pano de fundo a Lava Jato. A expectativa das revistas
quanto à retomada dos trabalhos no Congresso Nacional, no entanto, se impõe.
Reportagens especiais e as colunas de
notas especulam sobre o cenário de curto prazo.
CARTA CAPITAL traz em sua capa
reportagem na qual lança uma série de questionamentos sobre a tese de
impeachment da presidente Dilma Rousseff e faz correlações entre as ambições da
oposição e o cenário que aguarda o governo ao longo de agosto.
ÉPOCA publica na capa uma síntese do
que Câmara e Senado terão pela frente e provoca: “Você votou neles. E agora?”.
Reportagem pergunta ainda o que farão os eleitores, caso o Congresso aprove a
chamada "pauta-bomba".
ISTOÉ reserva sua capa para retomar
uma polêmica recente e concluir que, ainda que tenha sido real o movimento de
aproximação entre Fernando Henrique Cardoso e Lula, o diálogo entre os dois é
inviável por diferenças que os separam radicalmente.
VEJA destoa das demais e investe em economia
como tema para reportagem de capa. O termo “tempestade perfeita” guia o
contexto apresentado pela revista: inflação, juros e dólar em alta, combinados
com a crise política, anunciam um longo período de estagnação.
ISTOÉ DINHEIRO avança na cobertura de
novos negócios e em sua capa registra a ousadia da GM em programar
investimentos bilionários no Brasil em plena turbulência.
As menções à Confederação Nacional da
Indústria (CNI) estão atreladas a abordagens que têm como referência temas de
longo alcance que marcaram parte da cobertura dos últimos dias.
Como ponto de atenção, registra-se na
coluna do jornalista RICARDO BOECHAT, em ISTOÉ, a seguinte nota: “nos últimos
dias, alguns funcionários e diretores da CNI exibem tensão em seus rostos com a
possibilidade de policiais federais subirem ao 17º andar do prédio da
confederação, em Brasília, por causa da Operação Radioatividade – desdobramento
da Lava-jato que apura a formação de suposto cartel no sistema elétrico”.
Ainda de acordo com BOECHAT, “o
presidente da Eletrobrás, José da Costa, foi sócio de empresas do ramo com
gente grande da CNI antes de assumir o poder na estatal”.
Em outra frente, DINHEIRO NA SEMANA,
na ISTOÉ DINHEIRO, repercute dados do recente relatório Doing Business, do
Banco Mundial, que aponta que “o excesso de burocracia é responsável pelo
atraso da economia brasileira”.
O Brasil continua entre os últimos
quando se pensa em facilidade para abrir um negócio, adverte DINHEIRO NA SEMANA,
que completa: “pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) confirma
esse quadro: a burocracia é perceptível no dia a dia da população brasileira”.
Infraestrutura e a agenda empresarial
retomam espaços, embora o peso do noticiário macroeconômico atrelado ao
universo industrial seja relevante.
A perspectiva de crise está instalada
em reportagens, entrevistas e colunas. A ideia de que o mau momento que afeta o
emprego, a inflação, o dólar, o investimento e a confiança do empresariado
ainda levará tempo para passar determina o tom da cobertura.
MÁRCIO KROEHN, na ISTOÉ DINHEIRO,
opina que a decisão da agência de classificação de risco Standard & Poors
de manter a nota do Brasil em BBB-, mas com perspectiva negativa, não poderá ser
vista, de forma alguma, como a causa dos problemas do país.
“Precisamos de capital estrangeiro,
que está escasso com as crises internacionais”, afirma KROEHN.
O ex-ministro ANTONIO DELFIM NETTO,
em sua coluna na CARTA CAPITAL, adverte que a “obsessão fiscal” é incapaz de
induzir a mudança das expectativas para a economia voltar a funcionar.
“Qual é a probabilidade de que o
honesto reconhecimento pelo governo do fracasso do ‘ajuste fiscal’ original
[...] possa estimular o aumento da ‘confiança’ e, assim, o ‘desenvolvimento’?
Provavelmente, zero! O mais provável é que a concentração apenas em mais
‘ajuste fiscal’ deteriore ainda mais as expectativas de ‘desenvolvimento’”,
avalia.
Ainda entre as colunas, RICARDO
BOECHAT, em ISTOÉ, informa que, “na reunião em que autorizou a transferência de
até R$ 10 bilhões de verba do FGTS para o BNDES, vários membros do conselho que
aprova os investimentos do bilionário fundo (FI-FGTS) declararam em seus votos
um alerta: as taxas de juros do banco, em algumas operações de crédito para
empresas, estão muito baixas”.
BOECHAT revela que, “com o alerta os
conselheiros buscam se proteger, caso venham a ser questionados sobre o destino
dos financiamentos e eventuais calotes. O fantasma da CPI do BNDES paira sobre
a cabeça de muitos”.
Também em RICARDO BOECHAT, informação
é de que, “pela primeira vez a maior disputa de educação profissional do mundo
será na América Latina”.
Texto relata que, de 12 a 15 de
agosto, no Anhembi, a WorldSkills Competition reunirá 1.200 desafiantes (56 do
Brasil) de 62 países, que simularão desafios reais de ensino técnico em 50
ocupações diferentes.
BOECHAT relata que, “para que os
competidores sigam padrões internacionais, muitos equipamentos virão do
exterior, mas a brasileira ROMI cederá 64 centros de usinagem para as provas –
máquinas que moldam todo tipo de peças industriais – no valor de R$ 17
milhões”.
DOZE FRASES, na revista ÉPOCA, reproduz
declaração atribuída à presidente Dilma Rousseff sobre a nova fase do Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec): “Não vamos colocar
meta. Vamos deixar a meta aberta, mas, quando atingirmos a meta, vamos dobrar a
meta” – SEMANA, na ISTOÉ, e VEJA ESSA, na VEJA, também reproduzem.
Como mais um ponto de atenção, ISTOÉ
publica reportagem diferenciada na qual faz um balanço sobre o que chama de
“salto científico”.
De acordo com o texto, “essa
perspectiva está abalada” devido ao contingenciamento financeiro.
“Universidades brasileiras têm sofrido com um corte de 75% na verba federal
destinada ao custeio das pesquisas em cursos de mestrado e doutorado, chegando
ao cúmulo de os próprios pesquisadores precisarem comprar material de laboratório,
como luvas e reagentes químicos”, resume a revista.
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