Nanopartículas
criadas por pesquisadores do Departamento de Engenharia Química da Poli já
estão sendo testadas 'in vivo' em tumor causado pelo HPV.
O
professor Adriano Azzoni, do Departamento de Engenharia Química da Escola
Politécnica da USP, está pesquisando formas de mimetizar a capacidade dos vírus
de transportar informação genética para dentro de células de mamíferos. O
objetivo é desenvolver um veículo eficiente para as chamadas vacinas de
terceira geração, em que o material entregue ao paciente não é o agente
patogênico atenuado ou morto, mas sim o DNA contendo o gene que codifica uma
proteína antigênica (aquela que gera resposta imunológica).
"Nas
vacinas mais antigas, normalmente o que se inocula no paciente é o próprio
patógeno ou agente patogênico atenuado, ou morto. Nas vacinas de segunda
geração, o material entregue ao paciente são, na maioria das vezes, formulações
contendo as proteínas do patógeno, que normalmente causam a resposta desejada
do sistema imunológico. O que pesquisamos aqui são as vacinas de terceira
geração, as chamadas vacinas de DNA, nas quais se inocula o material genético
que codifica essa proteína", contextualiza o professor.
Para
isso, é preciso que esse material genético seja protegido e entre na célula do
paciente. "Mas nossas células não foram feitas para receber genes
estrangeiros. Isso só acontece eficientemente se houver algum agente para
carregá-los para dentro. São os chamados 'vetores de DNA'. É com isso que
trabalhamos."
Azzoni
explica que os vírus são exímios transportadores de material genético; por
isso, os pesquisadores tentam imitar sua capacidade de realizar esse trabalho.
"Estamos criando nanopartículas que atuem de maneira parecida aos vírus,
que interagem com o material genético, protegem-no, e fazem com que as células
o reconheçam e o coloquem par a dentro."
Segundo
o engenheiro químico, há muitas pesquisas feitas com vetores virais também.
"Há mais de 2 mil testes clínicos feitos com vetores virais e não virais.
No caso dos virais, ainda subsistem problemas. Os vírus são muito frágeis,
podem perder rapidamente a capacidade de infecção. Têm de ser produzidos em
células de animais, em processos de alto custo... Eles têm alta eficiência, mas
uma série de limitações", explica.
HPV
e Raiva - O trabalho de Azzoni e sua equipe de orientandos consiste em produzir
o DNA em bactérias E. coli. Esse material genético, chamado plasmídeo ou DNA
plasmidial, é um DNA circular onde se introduz o gene terapêutico de interesse
e já utilizado em vacinas veterinárias de terceira geração. "Criamos aqui
também proteínas recombinantes que se ligam ao plasmídeo, as proteínas
carreadoras.A nossa se chama TRp3. No fundo, estamos querendo conferir a essas
proteínas, que envolvem o DNA, capacidades que os vírus possuem", revela.
As
proteínas, modificadas geneticamente, são colocadas em contato com o plasmídeo,
e a nano partícula formada é caracterizada e testada em células de mamífero.
Testa-se a capacidade das nanopartículas de entrar na célula com o plasmídeo e
de ir até o núcleo. Ou seja: de fazer o que os vírus fazem.
Segundo
Azzoni, os testes 'in vitro' em células animais tiveram respostas eficientes.
"Agora estamos começando a testar 'in vivo'. E para isso é preciso
colaborar. Estamos testando os vetores em camundongos, em um modelo de tumor
causado pelo HPV, em colaboração com o professor Luís Carlos Ferreira, do
Instituto de Ciências Biológicas -ICB, da USP", diz Azzoni.
Há
ainda uma pesquisa junto ao Laboratório de Imunologia Viral do Instituto
Butantan. Daniela Teruya, orientanda de Azzoni, ajuda a desenvolver uma vacina
de DNA contra a raiva. Neste caso, o plasmídeo contendo o gene terapêutico
utilizado (GPV), está em fase de testes e a expressão do GPV nas células está
sendo verificada pela introdução do vetor em células animais. "Concluídos
os estudos, será possível utilizar a proteína recombinante T-Rp3 como
carreadora do material genético, verificar o comportamento do conjunto, como
nano partícula, e sua eficiência na introdução em macrófagos, células do
sistema imune", diz a pesquisadora.
Fonte/Autoria.:
Acadêmica Agência de Comunicação
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