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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Aprovado relatório da LDO 2016 sem redutor para superávit

A Comissão Mista de Orçamento aprovou nesta quinta-feira (12), o parecer final ao projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO 2016), voltando atrás e excluindo do texto a possibilidade do governo reduzir até R$ 20 bilhões do superávit primário do ano que vem. A proposta foi apresentada pela bancada do PSDB a assinada pelo deputado Samuel Moreira (SP). Com isso, o governo está agora obrigado a cumprir a meta de superávit de R$ 43,8 bilhões (equivalente a 0,7% do PIB), dos quais R$ 34,4 bilhões (0,55% do PIB) para a União e R$ 9,4 bilhões (0,15% do PIB) para os entes federados.

Para 2017, a previsão é de um superávit de 1,3%, Em 2018, o superávit está estimado em 2% do PIB. Apesar da crise econômica em 2015, a LDO de 2016 é otimista quanto ao desempenho da economia. Em 2016, um crescimento de 0,5% do PIB; em 2017, um crescimento de 1,8% do PIB; e, em 2018, um crescimento de 2,1% do PIB. No caso da inflação, o IPCA é projetado em 5,50% ao ano em 2016; 4,50% em 2017 e 4,50% em 2018. Já a taxa de juros, a Selic, é estimada em 11% ao ano em 2016; 10% em 2017 e 9,50% em 2018. Com a aprovação da LDO de 2016, o governo fica confortável para fazer gastos em 2016, mesmo sem a aprovação do Orçamento da União de 2016 até o final de dezembro. Assim, pode gastar o chamado duodécimo (1/12 do valor da receita), sem ter pressa de ver aprovado o Orçamento.

A proposta Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) – que agora será votado no Plenário do Congresso Nacional para a próxima terça-feira (17) vai orientar o Legislativo e os demais poderes a elaborar a proposta orçamentária de 2016. Foram apresentados 291 destaques ao texto do substitutivo do relator, deputado Ricardo Teobaldo (PTB-PE) ao PLN 1/15, que acatou apenas 33 destaques.

Se a autorização para o abatimento de até R$ 20 bilhões dessa conta fosse mantida no texto, a meta de superávit poderia ser de apenas R$ 23,8 bilhões no ano que vem. A mudança no relatório retirando esse abatimento com obras do PAC obrigará, então, o setor público a respeitar a meta de R$ 43,8 bilhões. Esse destaque foi aprovado em conjunto com outras sugestões de alteração ao texto por votação simbólica.

De acordo com a avaliação feita por representantes da base aliada na Comissão de Orçamento, o Governo via com grande preocupação o risco de o Congresso não votar até final do ano o projeto que altera a meta fiscal de 2015. Se não cumprir a meta prevista originalmente, a presidente Dilma Rousseff poderá ser enquadrada pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e também por crime de responsabilidade. No limite, abriria uma brecha para ser alvo de um processo de impeachment.

“Para avançarmos na questão da meta fiscal foi preciso recuar um pouco”, frisou o Líder do Governo na Comissão, deputado Paulo Pimenta. Para a Senadora Rose de Freitas (PMDB/ES), a entrega do relatório aprovado da LDO no prazo combinado é uma enorme contribuição que a CMO dá ao futuro deste país. “Ninguém deseja um cenário de crise, todos perderemos; foi preciso dar um norte para o Brasil”, declarou Rose de Freitas. “Não dá para a meta ficar flexível. Precisamos ter a coragem de administrar a meta cortando gastos”, disse o deputado Samuel Moreira (PSDB/SP).

Desde 2004, a LDO traz comandos que permitem ao governo reduzir a meta fiscal até determinado valor utilizado em investimentos prioritários. Mas somente a partir da crise financeira internacional, em 2009, é que o desconto passou, efetivamente, a ser feito na meta. Em 2013, por exemplo, o superavit da União foi fixado na LDO em R$ 108,1 bilhões, com a possibilidade de redução de até R$ 65,2 bilhões, o que permitia que a meta caísse para até R$ 42,9 bilhões. Após descontar R$ 35 bilhões, a União encerrou o ano com resultado positivo de R$ 73 bilhões, valor bem abaixo da meta, mas ainda assim dentro do intervalo permitido pela lei.

Em 2014 não houve limite para a redução, o que levou o governo, diante da dificuldade de caixa, a abater quase R$ 162 bilhões da sua meta. O ano se encerrou com déficit. A meta fiscal aprovada nesta quinta é diferente da que veio no projeto original. O texto propôs, inicialmente, R$ 104,5 bilhões para o governo federal e R$ 22,2 bilhões para estados, Distrito Federal e municípios. O próprio governo solicitou a redução após constatar que a atividade econômica não vai se recuperar no curto prazo, com efeitos sobre a arrecadação federal.

O deputado Ricardo Teobaldo incluiu no texto, dispositivos para controlar os gastos do governo com diárias, auxílios e compra de passagens aéreas. O texto limita o valor das diárias (incluindo despesa com deslocamento) a R$ 700. Benefícios como auxílio-moradia ou alimentação só poderão ser pagos com prévia autorização em lei. O relatório determina ainda que os aumentos concedidos pelo Executivo aos seus servidores públicos, e incluídos na lei orçamentária, somente entrarão no contracheque de agosto do próximo ano.

Um dos principais pontos da LDO aprovada é a execução obrigatória, em 2016, de uma emenda sugerida por cada uma das 27 bancadas estaduais direcionada para ações estruturantes. As 27 emendas de bancada foram incluídas no anexo da LDO que contempla as metas e prioridades do orçamento em 2016. Teobaldo fechou um acordo com o governo para que estas emendas sejam incluídas na carteira de projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sem possibilidade de futura retirada. Isso confere um regime orçamentário diferente às obras, como prioridade na execução e uso do Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC).

Próximas votações

Para o líder do governo, deputado Paulo Pimenta a aprovação desta quinta é importante porque abre espaço para a Comissão de Orçamento iniciar a análise, na próxima semana, do PLN 5/15, projeto do governo que altera a meta de superavit deste ano. O relator é o deputado Hugo Leal (Pros-RJ). Leal acolheu os números sugeridos pelo Executivo, que transformam a meta oficial da União de 2015 de um superavit de R$ 55,3 bilhões em um deficit primário que pode chegar, com a utilização de redutor, a quase R$ 120 bilhões.

“É importante que o País dê uma resposta para o mercado, que mostre uma estabilidade na condução dos temas orçamentários. Enquanto não votarmos o PLN 5, ficamos diante de uma instabilidade, porque temos uma LDO que prevê um superavit primário que todos sabemos que não vai se realizar, em que pese todo um esforço feito”, disse Paulo Pimenta. O deputado Caio Nárcio (PSDB-MG) aproveitou para elogiar a aprovação da LDO de 2016 na comissão sem o abatimento do PAC. “Conseguimos retirar o cheque em branco dado equivocadamente ao governo”, afirmou.

O próximo desafio da CMO será tentar votar, na próxima semana, a meta fiscal de 2015, com déficit de R$ 119,9 bilhões.
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