O ministro Celso Pansera
assinou na tarde desta quarta-feira (25/11) a liberação de R$ 2 milhões
para que as pesquisas sobre a eficácia e a segurança da fosfoetanolamina. O
montante será disponibilizado aos laboratórios credenciados para conduzir os
experimentos por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq/MCTI). Os testes pré-clínicos com a substância que pode ter a
propriedade de tratar o câncer devem durar ao menos sete meses.
"O que nós queremos
mostrar para a população brasileira, principalmente as famílias que possuem
doentes, é que o MCTI está agindo com rigor, mas também com muita agilidade,
porque existe uma comoção nacional, existe um anseio das famílias por uma
resposta do Governo em relação à questão do tratamento do câncer, e a nossa
obrigação é agir dessa forma: com eficiência, rapidez, para dar uma resposta
para o povo brasileiro", afirmou Pansera.
Serão três as unidades de
pesquisa laboratorial: o Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP), de
Florianópolis (SC); o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos
(NPDM), de Fortaleza (CE), ligado à Universidade Federal do Ceará (UFC); e o
Laboratório de Avaliação e Síntese de Substâncias Bioativas (LassBio), do
Rio de Janeiro (RJ), ligado à Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ).
As análises serão
divididas em três subprojetos, cada um coordenado por um laboratórios. Os resultados
serão compartilhados entre as instituições para que os estudos locais sejam
conduzidos com base em referenciais cientificamente comprovados pelas
contrapartes. O presidente do CNPq, Hernan Chaimovich, destacou a
interdependência das ações entre os três atores para que a pesquisa tenha
sucesso.
"O trabalho é
interdependente, um depende do outro para dar continuidade à sua pesquisa. É
uma etapa muito importante para sabermos se a fosfoetanolamina é realmente
eficaz. Queremos dar tranquilidade para a sociedade no menor tempo
possível", destacou Chaimovich.
Procedimento
O MCTI já requereu à
Universidade de São Paulo (USP)500 gramasde fosfoetanolamina sintética, que foi
inicialmente desenvolvida no Instituto de Química de São Carlos (IQSC), unidade
do campus de São Carlos (SP). O material será, então, distribuído aos laboratórios
credenciados para que as pesquisas de segurança farmacológica e eficácia do
possível medicamento sejam cientificamente comprovadas.
O passo inicial é a
verificação do processo de produção do composto desenvolvido por Gilberto
Chierice, de acordo com a patente depositada no Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (INPI). Após esta etapa, será testada a formulação da
substância seguindo métodos diferentes.
Há também a determinação
da dosagem em animais de experimentação, ao mesmo tempo que são feitos testes
em baterias de tumores em ratos e camundongos, para avaliar qual é a dosagem
adequada. Após esta etapa, os pesquisadores vão avaliar nas cobaias qual a
melhor formulação para a possível eficácia da fosfoetanolamina (comprimido,
cápsula, intravenosa). Estas etapas estão contempladas neste primeiro aporte de
R$ 2 milhões do MCTI.
Se aprovada nestes testes,
ela passará a ser administrada em seres humanos, para comprovar sua possível
efetividade, na chamada fase 1. É nesta etapa que são avaliados os efeitos
colaterais em seres humanos e qual a dosagem adequada para tratar a enfermidade.
Na fase2, afosfoetanolamina poderá ser ministrada a portadores da doença, para
nova etapa de avaliação da medicação no combate ao câncer. Em caso de sucesso,
os resultados serão comparados com outros tratamentos e, se avaliado como
positivo, poderá ser disponibilizado para produção.
Ainda que os resultados
atestem a eficácia da fosfoetanolamina, é preciso seguir as diretrizes de
produção farmacêutica definidos pelo Ministério da Saúde (MS) e pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
"A resposta, para ser
digna para a sociedade, tem que ser completa. Não podemos abrir mão de
princípios éticos. Temos que seguir os processos da Anvisa. Sem ética, não se
faz ciência", afirmou o diretor do NPDM, Odorico Moraes.
Comitiva
Um grupo de 12 deputados
federais, membros da Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) da Câmara
dos Deputados, compareceu à reunião do grupo de trabalho sobre a
fosfoetanolamina. Eles dialogaram com pesquisadores e representantes do MCTI,
do MS e da Anvisa para conhecer o procedimento de pesquisa da substância.
Líder do grupo, o deputado
Arlindo Chinaglia (PT-SP) demonstrou apoio à iniciativa conduzida pelo
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. "Apoiamos decididamente o
trabalho que vocês vão fazer e queremos ajudar", ressaltou o
parlamentar.
Também participaram da
reunião os deputados federais Adelmo Carneiro Leão (PT-MG), Carmem Zanotto
(PPS-SC), Dr. João (PR-RJ), Dr. Sinval Malheiros (PV-SP), Dulce Miranda
(PMDB-TO), Eduardo Barbosa (PSDB-MG), Laura Carneiro (PMDB-RJ), Leandre Dal
Ponte (PV-PR), Misael Varella (DEM-MG), Raquel Muniz (PSC-MG) e Zenaide Maia
(PR-RN).
Além deles, compareceram a
secretária executiva do MCTI, Emília Ribeiro; o secretário de Políticas e
Programas de Pesquisa e Desenvolvimento da Pasta, Jailson de Andrade; o chefe
de gabinete do Ministério, Carlos Azevedo; a diretora do Departamento de
Ciência e Tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde, Márcia Luz da Mota; e a
superintendente de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Meiruze Souza
Freitas.
(Fonte: MCTI – 26/11/2015)
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