LIRAa aponta 855 cidades em
situação de risco para surto de dengue, chikungunya e Zika. O levantamento é
fundamental para orientar as ações de controle das três doenças
Levantamento do Ministério da
Saúde, realizado em conjunto com os municípios brasileiros, aponta que 855
cidades encontram-se em situação de alerta e risco de surto de dengue,
chikungunya e zika. Isso representa 37,4% dos municípios pesquisados, enquanto
que 62,8% dos municípios (1.429) estão em situação satisfatória. Os dados fazem
parte do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa)
de 2016 divulgados pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, nesta quinta-feira
(24). Na ocasião, também foi divulgada a campanha deste ano para combate ao
mosquito transmissor das três doenças. A nova campanha chama a atenção para as
consequências das doenças causadas pela chikungunya, zika e dengue, além da
importância de eliminar os focos do Aedes.
“Para este ano, esperamos uma
estabilidade nos casos de dengue e zika. Como chikungunya é uma doença nova, e
muitas pessoas ainda estão suscetíveis, pode ocorrer aumento de casos ainda
este ano. Porém, para o próximo, também esperamos estabilização dos casos de
chikungunya” explicou o ministro Ricardo Barros. Ele ressaltou, no entanto, que
o Sistema Único de Saúde (SUS) está qualificado e preparado para o atendimento
destas pessoas.
Dos 3.704 municípios que
estavam aptos a realizar o LIRAa – aqueles que possuem mais de 2 mil imóveis -
62,6% (2.284) participaram da edição deste ano. Em comparação com 2015,
houve um aumento de 27,3% em relação ao número de municípios participantes.
Realizado em outubro e novembro deste ano, o levantamento é um instrumento
fundamental para o controle do mosquito Aedes aegypti. Com base nas
informações coletadas, o gestor pode identificar os tipos de depósito onde as larvas
foram encontradas e, consequentemente, priorizar as medidas mais adequadas para
o controle do Aedes no município.
Atualmente, o levantamento é
feito a partir da adesão voluntária de municípios. O ministro Ricardo Barros,
no entanto, vai propor que a participação, no levantamento, dos municípios com
mais de 2000 imóveis seja obrigatória, a partir de 2017. A proposta será
apresentada na reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) entre
estados, municípios e União, no próximo dia 8 de dezembro.
Das 22 capitais que o
Ministério da Saúde recebeu informações sobre o LIRAa, apenas Cuiabá (MT) está
em situação de alto risco. São nove as capitais em alerta - Aracajú (SE),
Salvador (BA), Rio Branco (AC), Belém (PA), Boa Vista (RR), Vitória (ES),
Goiânia (GO), Recife (PE) e Manaus (AM); e 12 satisfatórias – São Luiz (MA),
Palmas (TO), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Teresina (PI), Belo Horizonte
(MG), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Macapá (AP), Florianópolis (SC),
Campo Grande (MS) e Brasília (DF). O Ministério da Saúde não recebeu informação
sobre Maceió (AL), Porto Velho (RO) e Curitiba (PR). As cidades de Natal (RN) e
Porto Alegre (RS) adotam outro tipo de metodologia.
CRIADOUROS - Os
depósitos de água, como toneis, tambores e caixas d’água, foi o principal tipo
de criadouro na região Nordeste e Sul. Já o depósito domiciliar, categoria em
que se enquadram vasos de plantas, garrafas, piscinas e calhas, predominou na
região Sudeste. Nas regiões Norte e Centro-Oeste, o lixo foi o depósito com
maior número de focos encontrados.
REGIÃO
|
NORDESTE
|
NORTE
|
SUDESTE
|
SUL
|
CENTRO-OESTE
|
Depósito Água
|
76%
|
29,1%
|
33,1%
|
45,5%
|
33,2%
|
Depósito domiciliar
|
19,1%
|
28,7%
|
47,1%
|
36,4%
|
30,9%
|
Lixo
|
4,9%
|
42,2%
|
19,8%
|
18,2%
|
35,9%
|
CAMPANHA – A
nova campanha do Ministério da Saúde, de conscientização para o combate ao
mosquito, chama a atenção para as consequências das doenças causadas pela
chikungunya, zika e dengue, além da importância de eliminar os focos do Aedes.
“Um simples mosquito pode marcar uma vida. Um simples gesto pode salvar” alerta
a campanha, que será veiculada na TV, rádio, internet, redes sociais e
mobiliários urbano (ponto de ônibus, outdoor) no período de 24 de novembro a 23
de dezembro. Foram investidos R$ 10 milhões na campanha.
“Neste ano, a diferença da
campanha é que estamos mostrando as consequências de não combater os focos do
mosquito. A ideia é sensibilizar as pessoas para que percebam que é muito
melhor cuidar do foco do mosquito do que sofrer as consequências de não ter
feito esse gesto. Vamos reforçar, ainda mais, a necessidade de eliminar os
criadouros, convocando toda a sociedade para esse trabalho”, destacou o
ministro da Saúde Ricardo Barros.
Além do conhecido Dia “D”, que
será realizado em 2 de dezembro, quando há mobilização nacional em todo o país,
serão realizadas ações para lembrar que toda sexta-feira é dia de eliminar
focos no mosquito. A campanha traz como foco “Sexta sem mosquito. Toda sexta é
dia do mutirão nacional de combate”.
DENGUE – O
Brasil registrou, até 22 de outubro, 1.458.355 casos de dengue. No mesmo
período de 2015, esse número era de 1.543.000 casos, o que representa uma queda
de 5,5%. Considerando as regiões do país, Sudeste e Nordeste apresentam os
maiores números de casos, com 848.587 casos e 322.067 casos, respectivamente.
Em seguida estão as regiões Centro-Oeste (177.644), Sul (72.114) e Norte
(37.943).
O novo boletim epidemiológico
do Ministério da Saúde apresenta 601 óbitos pela doença em 2016, contra 933 no
mesmo período do ano anterior. Isso representa uma redução de 35,6% dos óbitos
por dengue no país. Também houve redução nos casos de dengue grave (49,7%), que
passou de 1.616 casos no ano passado para 803 este ano, e nos casos com sinais
de alarme a queda foi de 62%, passando de 20.352 casos para 7.730 registros em
2016.
CHIKUNGUNYA - No
país, foram registrados 251.051 casos suspeitos de febre chikungunya, sendo
134.910 confirmados. No mesmo período, no ano passado, eram 26.763 casos
suspeitos e 8.528 confirmados. Ao todo, 138 óbitos registrados pela doença, nos
estados de Pernambuco (54), Paraíba (31), Rio Grande do Norte (19), Ceará (14),
Bahia (5), Rio de Janeiro (5), Maranhão (5), Alagoas (2), Piauí (1), Amapá (1)
e Distrito Federal (1). Os óbitos estão sendo investigados pelos estados e
municípios mais detalhadamente, para que seja possível determinar se há outros
fatores associados com a febre, como doenças prévias, comorbidades, uso de
medicamentos, entre outros. Atualmente, 2.281 municípios brasileiros já
registraram casos da doença.
Do ponto de vista
epidemiológico, o aumento de casos era previsto, uma vez que a chikungunya é
uma doença recente (identificada pela primeira vez no Brasil em 2014) e, por
isso, a população está mais suscetível. O Ministério da Saúde trabalha com a
possibilidade de que ocorra um aumento no número de casos nos próximos meses em
alguns estados não afetados pela doença, devido à suscetibilidade da população
ainda não exposta ao vírus e às condições climáticas favoráveis, como o calor e
as chuvas, condições ideais para a proliferação do Aedes aegypti.
ZIKA – Foram
208.867 casos prováveis de febre pelo vírus Zika em todo o país, até o dia 22
de outubro, o que representa uma taxa de incidência de 102,2 casos a cada 100
mil habitantes. Foram confirmados laboratorialmente, em 2016, três óbitos por
vírus Zika no país. Em relação às gestantes, foram registrados 16.696
casos prováveis em todo o país. A transmissão autóctone do vírus no país foi
confirmada a partir de abril de 2015, com a confirmação laboratorial na Bahia.
O Ministério da Saúde tornou compulsória a notificação dos casos de Zika em
fevereiro deste ano.
A região Sudeste teve 83.884
casos prováveis da doença, seguida das regiões Nordeste (75.762); Centro-Oeste
(30.969); Norte (12.200) e Sul (1.052). Considerando a proporção de casos por
habitantes, a região Centro-Oeste fica à frente, com incidência de 200,5
casos/100 mil habitantes, seguida do Nordeste (133,9); Sudeste (97,0); Norte
(69,8); Sul (3,6).
AÇÕES PERMANENTES - Desde
a identificação do vírus Zika no Brasil e sua associação com os casos de malformações
neurológicas no segundo semestre de 2015, o Ministério da Saúde tem tratado o
tema como prioridade. Os recursos federais destinados à Vigilância em Saúde,
Piso Fixo de Vigilância em Saúde (PFVS), para a transferência aos estados,
municípios e Distrito Federal que incluem as ações de combate ao Aedes
aegypti, cresceram 39% nos últimos anos (2010-2015), passando de R$ 924,1
milhões para R$ 1,29 bilhão em 2015. E, no ano de 2016, teve um incremento de
R$ 580 milhões, chegando o valor a R$ 1,87 bilhão. Além disso, o Ministério da
Saúde contou com apoio extra do Congresso Nacional, por meio de emenda
parlamentar, no valor de R$ 500 milhões.
Por Nivaldo Coelho, da
Agência Saúde
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