A cada ano, cerca de 12 mil
novos casos de câncer infantil são diagnosticados no Brasil, segundo o
Instituto Nacional do Câncer (Inca). A maioria envolve crianças de quatro a
cinco anos de idade. Apesar de ser uma doença grave, com o avanço da medicina, o
câncer tem sido vencido em 50% dos casos no nosso país. No mundo, essa taxa de
cura sobe para 80%.
De acordo com a coordenadora
de oncologia e hematologia do Hospital da Criança José de Alencar de Brasília
(DF), Isis Magalhães, o diagnóstico precoce já é importante quando se trata de
um adulto, mas é crucial na luta contra a doença quando o paciente é uma
criança. “A nossa principal ação médica é diagnosticar precocemente. Para isso,
a gente depende do médico pediatra geral que vai estar com a criança regularmente.
Também nós dependemos da conscientização desses médicos de entrar no
diagnóstico diferencial. De investigar a possibilidade de câncer”, alerta.
O diagnóstico precoce foi
essencial na vida da Beatriz Machado, hoje com quatro anos de idade. Quando ainda
era bebê, a avó da menina percebeu um inchaço na barriga que a mãe pensava que
eram gases. Não eram. Beatriz tinha um tumor no rim que foi diagnosticado
graças à insistência da avó em investigar aquele sintoma. “Os médicos diziam
têm tantos por cento de chance de cura. Então eu disse que íamos nos apegar a
esse número de porcentagem de chance de cura”, contou a mãe, Vanuza Machado. O
tratamento foi iniciado imediatamente no Hospital da Criança. Depois da
quimioterapia, cirurgia e radioterapia, ela ficou livre do tumor e agora está
na fase de acompanhamento a cada quatro meses. A alta só vem cinco anos após a
eliminação do câncer. Este é o tempo considerado pelos médicos de possível
retorno do tumor. Antes disso, os profissionais de saúde não liberam o paciente.
Após os cinco anos, as chances de reincidência são mínimas, quase inexistentes.
Alerta aos sintomas
Investigar sintomas é o que tem feito os médicos que acompanham o pequeno Thalisson Costa, de quatro anos. Desde os sete meses de idade, as plaquetas de sangue dele apresentam problemas. Ele ainda não recebeu diagnóstico positivo ou negativo de câncer. Porém, a mãe Ana Maria de Brito não descansa na busca por respostas. “É consulta atrás de consulta e exame atrás de exame, porque sei que precisamos descobrir o que ele tem”. Ela teme o câncer mais do que qualquer doença. Mas sabe que, caso este seja o problema de saúde do filho, o tratamento vai começar imediatamente após a conclusão dos resultados.
Investigar sintomas é o que tem feito os médicos que acompanham o pequeno Thalisson Costa, de quatro anos. Desde os sete meses de idade, as plaquetas de sangue dele apresentam problemas. Ele ainda não recebeu diagnóstico positivo ou negativo de câncer. Porém, a mãe Ana Maria de Brito não descansa na busca por respostas. “É consulta atrás de consulta e exame atrás de exame, porque sei que precisamos descobrir o que ele tem”. Ela teme o câncer mais do que qualquer doença. Mas sabe que, caso este seja o problema de saúde do filho, o tratamento vai começar imediatamente após a conclusão dos resultados.
Para ajudar os pais e
responsáveis, o Inca lançou no último dia 23 de novembro, Dia Nacional de
Combate ao Câncer Infantil, uma cartilha com os sintomas mais comuns no caso de
tumores em crianças. Sintomas que, caso persistam, precisam ser investigados
por profissionais de saúde o mais breve possível. São eles: Palidez, hematomas
ou sangramento, dor óssea; caroços ou inchaços, principalmente aqueles
indolores e sem febre; perda de peso inexplicada, tosse persistente, sudorese
noturna e falta de ar; alterações nos olhos, como estrabismo; inchaço
abdominal; dores de cabeça persistentes ou graves, vômitos pela manhã com piora
ao longo do dia; dor em membros e inchaço sem traumas.
Contudo, o mais importante
recado aos pais é este: mudanças no comportamento dos filhos. Por isso, a
oncologista do Hospital da Criança, Isis Magalhães, indica que os profissionais
de saúde ouçam as mães, as cuidadoras, que estão a maior parte do tempo com as
crianças e reparam qualquer sinal de mudanças na saúde delas.
Os desafios da medicina na
luta contra o câncer infantil
Leucemia, tumores no sistema
nervoso central e linfomas são os tipos de cânceres infantis mais comuns. Esses
e os demais tumores que aparecem nas crianças têm uma característica em
comum: não são tão previsíveis como os cânceres mais frequentes em adultos, a
exemplo do câncer de pulmão, que na maior parte dos casos, surge em decorrência
do tabagismo.
Outros problemas ocorrem
durante o tratamento. “Nossa causa maior de mortalidade é de fato as infecções
oportunistas decorrentes da doença e do tratamento”, explica a médica Isis
Magalhães.
Atualmente, a arma mais
importante contra o câncer infantil é a quimioterapia. Aliás, as crianças respondem
melhor a este processo do que os adultos. Acontece que tal tratamento tem
efeitos negativos que precisam ser acompanhados quando o câncer é vencido.
Diminuir essas complicações tóxicas também é um desafio para a medicina.
As sessões de quimioterapias
venceram o linfoma que acometia o Nicolas Barroso, de três anos. Com pouco mais
de um ano ele começou o tratamento e já está na fase de manutenção da
medicação. Nele, as complicações tóxicas foram mínimas e a vida voltou ao
normal. Ele já estuda, brinca e vive como qualquer criança saudável. “Só de ele
estar aqui perto de mim é uma vitória. E ele está curado. É muito esperto,
inteligente. É um grande milagre”, comemora a mãe Letícia Barroso.
Além de todos os recursos
disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) para o combate ao câncer infantil,
o Ministério da Saúde ressalta que é preciso humanizar ao máximo o atendimento.
“Os pais nunca estão preparados. Ninguém nunca encara bem essa sensação de
possibilidade de perda. É uma coisa inconcebível”, lembra a oncologista Isis.
Essa humanização tem
sustentado Maria da Conceição Pereira, avó do Matheus Pereira, de 10 anos. Há
quatro meses ele foi diagnosticado com leucemia. A confiança na vitória e na
equipe médica anima a família. “Ele vai ficar curado, tenho fé em Deus. Vamos
vencer. Eu sei disso”.
Erika Braz, para o Blog da
Saúde
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