Os recursos serão destinados
ao desenvolvimento de kits de diagnóstico e ações de combate aos vetores de
transmissão dos vírus. Resultados esperados englobam combate à dengue e ao
chikungunya
A Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), vinculada ao Ministério da Saúde, vai receber R$ 23 milhões do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para aplicar as ações
estratégicas de enfrentamento à Zika, dengue e chikungunya. Os recursos do
BNDES serão destinados ao desenvolvimento de kits de diagnóstico e ações de
combate aos vetores de transmissão dos vírus, no âmbito da Emergência em Saúde
Pública de Importância Nacional (Espin) do Ministério da Saúde. A participação
do BNDES viabiliza a imediata realização de diversos projetos, antecipando
resultados para a saúde pública e evitando maiores prejuízos à população,
principalmente àquela em situação de maior vulnerabilidade social.
Entre esses projetos, estão
ações que visam o desenvolvimento de novos testes rápidos de diagnósticos, com características
diferentes daqueles já disponíveis no mercado. Um destes produtos é um moderno
teste de diagnóstico molecular que utiliza a tecnologia point of care (P.O.C) e
destaca-se por sua capacidade de identificar simultaneamente os vírus da Zika, dengue
e chikungunya com maior segurança. O modelo dispensa análise laboratorial para
realização de ensaios, podendo ser utilizado em unidades de saúde e em ações de
campo. O teste deverá ser desenvolvido, validado e produzido em larga escala.
Outra categoria que receberá
recursos é a de testes sorológicos, que se baseiam na reação do organismo à
presença dos vírus e podem ser utilizados muito tempo após a transmissão dos
vírus pelos mosquitos. Essa categoria de testes é importante para pacientes
assintomáticos, possibilitando aferir se já foram infectados anteriormente.
CONTROLE – Complementam
as ações que serão beneficiadas dois projetos de controle de vetores. A
primeira delas busca a avaliação em larga escala do uso da bactéria Wolbachia
no Aedes aegypti para interromper o ciclo de transmissão – não
só da dengue, mas também da zika e da chikungunya. A metodologia foi
desenvolvida na Austrália e ainda conta com etapas a serem realizadas no
Brasil, que visam avaliar sua eficácia em áreas mais extensas e de maior
densidade demográfica.
O segundo projeto de controle
de vetores, que receberá apoio, é a tecnologia desenvolvida pela Fiocruz que
utiliza o próprio mosquito como veículo dispersor de larvicida. O método
inovador visa solucionar o problema de dificuldade de acesso aos criadouros dos
insetos, locais não tratáveis pelos meios de controle tradicionais. O larvicida
aplicado é o mesmo utilizado em ações já consolidadas de captura e
monitoramento do mosquito Aedes, transmissor das três doenças.
ZIKA VÍRUS – O zika é um
vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, cuja primeira
transmissão no país foi registrada em abril de 2015. Por ser recente, seus
mecanismos de atuação ainda não são completamente conhecidos, e têm se
demonstrado capazes de produzir graves manifestações neurológicas – como a
microcefalia e a Síndrome Guillain-Barré. Os casos de zika associados à
microcefalia no Brasil levaram à declaração de Estado de Emergência em Saúde
Pública.
Em 2016, até meados de
setembro, foram registrados 200.465 casos prováveis de febre pelo vírus zika no
país, tendo sido confirmados 109.596 casos. A doença pode causar sérios
problemas nos bebês de grávidas infectadas, como a microcefalia e outros
problemas neurológicos. Nestes casos, toda a família é afetada, constituindo-se
uma gravíssima questão de Saúde Pública. A coexistência com os vírus da dengue
e da chikungunya vem suscitando outras questões importantes que precisam ser
mais investigadas.
Renata Moehlecke
Agência Fiocruz de Notícias (AFN)
Agência Fiocruz de Notícias (AFN)
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