Um único teste
diagnóstico para identificação rápida de uma vasta gama de patógenos
de relevância médica, entre bactérias, vírus e fungos, além dos genes que
conferem maior virulência e resistência a antibióticos, a partir da análise
direta de amostras microbiológicas. Essa tecnologia, que desde 2014 está sendo
desenvolvida no Laboratório de Metabolismo Macromolecular Firmino Torres de
Castro, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, pretende detectar agentes etiológicos em amostras
exíguas e complexas, sem a necessidade de cultivo e com a rapidez ideal para
assegurar um prognóstico confiável.
Uma pesquisa em genômica e
metagenômica na detecção de bactérias, fungos e arqueas em amostras ambientais
foi o ponto de partida para que o grupo elaborasse e desenvolvesse um painel de
genes microbianos para identificação rápida de patógenos de um só ensaio
otimizado, eficaz e economicamente viável. Sua tecnologia baseia-se em sequenciamento
massivo de DNA para detectar e identificar rapidamente patógenos
cultiváveis e não cultiváveis, a partir de um complexo modelo computacional de
análise dos genomas desses patógenos que serão detectados pelo kit. “Dessa
forma, pretendemos criar um relatório final de quais patógenos estão presentes
na amostra, de modo que seja efetivo o tratamento com antibióticos, por
exemplo”, disse ao Portal LabNetwork Rosane Silva, chefe do Laboratório.
Aplicações clínicas do novo
kit
Desenvolver uma linha de
trabalho no diagnóstico de patógenos relacionados à saúde humana e genes de
resistência a antibióticos estão entre as prioridades do grupo. Nesse contexto,
a nova tecnologia poderá identificar de forma rápida e simultânea diferentes
grupos taxonômicos mesmo em pequenas amostras, vantagem essa, segundo Rosane,
de especial relevância em situações em que a cultura apresenta resultados falsos-negativos,
como em presença de uso prévio de antibióticos, por exemplo, o que ocorre
frequentemente em ambiente hospitalar.
Também serão especialmente
beneficiados com a tecnologia os episódios em que há quantidade insuficiente de
material para análise, como em amostras provenientes de infecções articulares,
principalmente infecções em próteses ortopédicas, tecido cardíaco
(endocardite), bem como em pacientes pediátricos, particularmente neonatos e
prematuros.
A expectativa do grupo
de pesquisadores do Laboratório de Metabolismo Macromolecular Firmino Torres de
Castro é que nova abordagem permita o início precoce de terapêutica direcionada
e eficaz em diferentes casos de infecção grave com o diagnóstico rápido do
agente etiológico causador, auxiliando na redução da mortalidade, bem como do
tempo de internação e custo total do tratamento. A prática pode aumentar a
sobrevivência dos pacientes em taxas de até 10% para cada hora da administração
do antibiótico adequado.
A metodologia inovadora e
robusta é capaz de identificar rapidamente sequências de DNA de um amplo
espectro de espécies patogênicas, entre 24 e 72 horas, diferentemente do
diagnóstico padrão por hemocultura, cujos resultados são disponibilizados em
mais dias: “Nosso kit apresenta algumas vantagens sobre a hemocultura como
diagnóstico precoce, identificação de microrganismos não-cultiváveis, análise
de amostras pequenas e ausência de interferência pelo uso de
antibioticoterapia”, avalia Rosane.
O produto, que atualmente
contempla 40% da proposta inicial, poderá ser disponibilizado à comunidade
científica também sob a forma de um servidor web, no qual o usuário fornece os
dados de sequenciamento e obtém uma análise funcional da sua amostra,
totalmente automatizado. Um dos objetivos do grupo de pesquisa é que no futuro
o kit possa ser utilizado comercialmente, por enquanto, a expectativa é que
dentro de um prazo de 48 meses complete-se a validação dos componentes do kit,
controles positivos e negativos, sensibilidade, especificidade, processamento
das amostras e finalização de relatório por plataforma computacional
automatizada.
Pesquisadores já contemplaram
40% da proposta inicial do projeto. À esquerda, Rosane Silva, chefe do
laboratório
Por Milena Tutumi
Fonte:www.labnetwork.com.br
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