Doação voluntária é importante
para manutenção dos estoques
Dezesseis brasileiros em cada
mil são doadores de sangue, o que representa 1,6% do total da população. A
estimativa é de que 66% dessas doações sejam espontâneas, ou seja, de pessoas
que buscam os centros de doação voluntariamente. A média de doações no país
está dentro da meta da Organização Mundial de Saúde (OMS), que preconiza que
entre 1% e 3% dos habitantes de um país sejam doadores de sangue.
Segundo o Ministério da Saúde,
nos últimos anos, as taxas de doação ficaram estáveis, o que demonstra que há
uma conscientização da população. No entanto, o ministério reforça que é
necessário fortalecer as ações que estimulam a doação voluntária para
manutenção dos estoques no país.
Para o ministro da Saúde
interino, João Gabbardo, que participou nesta sexta-feira (14), Dia Mundial do
Doador de Sangue, de uma ação voluntária de incentivo à doação em São Paulo, as
datas são importantes para lembrar que a doação de sangue salva vidas.
Em especial no inverno e
feriados prologados, períodos em que se tem uma baixa de estoque de sangue, é
preciso ampliar as ações para levar o público aos hemocentros “Nesses momentos,
as pessoas mudam suas rotinas, viajam ou aproveitam para descansar. Então é
importante fazer a doação de sangue antes de viajar ou de curtir o feriado”,
diz o ministro interino.
Segundo o último balanço do
Ministério da Saúde, em 2017, foram coletadas 3,4 milhões de bolsas de sangue e
realizadas 2,8 milhões de transfusões. Desse total, 34% correspondem à doação
de reposição – quando o indivíduo doa para atender à necessidade de um
paciente. Foi por esse motivo que a farmacêutica, Priscila Drumond Alves
Moreira, 37 anos, que mora em Belo Horizonte, fez sua primeira e única doação
de sangue em novembro de 2016.
“Foi por causa da minha avó
que teve uma fratura, precisava de cirurgia e foi pedido doação. Antes disso,
tinha tentado doar e tinha me sido dito que eu não poderia por ter tomado
medicação anticonvulsivante na infância. Apesar dessa restrição fui ao
Hemominas e eles falaram que o protocolo mudou e que eu poderia doar”, conta
Priscila.
A família da médica Roberta
Catarfina, 37 anos, que mora em Brasília, conseguiu levar 29 pessoas aos bancos
de sangue em São Paulo após a sobrinha Bruna, de 6 anos, passar por uma
cirurgia. Das pessoas que compareceram ao chamado, 23 estavam aptas a fazer a
doação. Agora ela se prepara para repetir a campanha a pedido do hemocentro por
causa do baixo estoque nessa época do ano.
“Achei uma atitude de nobreza
de sentimento, que às vezes nem mesmo o doador imagina que seja tão importante.
Sabendo das dificuldades de sair de casa, trabalho, compromissos e doar algo
que, realmente, pode salvar vidas e fazer a diferença pra alguém que nem
conhece. Fiquei surpresa porque a maioria a gente nem conhecia e foi lá doar”,
diz Roberta.
Recomendação para doar sangue
Pessoas com mais de 16 anos
(até os 18 com autorização do responsável) e até 69 anos que pesam no mínimo 50
quilos (kg) e em bom estado de saúde são potenciais doadores. A recomendação é
para que o doador esteja descansado, não tenha ingerido bebidas alcoólicas nas
12 horas anteriores à doação e não esteja de jejum. Homens podem fazer quatro
doações anuais e mulheres três. O intervalo mínimo deve ser de dois meses para
os homens e de três meses para as mulheres.
Segundo o Ministério, a doação
é segura e todo o sangue coletado é testado para HIV, Hepatite C e B,
respeitando a “janela imunológica” dessas doenças – aquele tempo em que o vírus
já está presente no doador, mas ainda não é possível sua detecção. Por isso, o
processo que antecede a doação é composto por entrevista em que é avaliado o
estado de saúde do paciente. “Durante a entrevista, que é sigilosa, é avaliado
o estado de saúde do doador, visando à proteção de sua saúde e da saúde do
receptor e, ainda, são utilizados produtos descartáveis no processo de doação”,
diz o coordenador-geral de Sangue e Hemoderivados, do Ministério da Saúde,
Flávio Vormittag.
O país possui 32 hemocentros
coordenadores e outros 2.066 serviços de coleta ligados ao Sistema Único de
Saúde. Em 2018, foram investidos R$ 1,3 milhão em qualificação de
profissionais, modernização e fornecimento de medicamentos para a rede. Para
este ano o mesmo valor está previsto para investimentos nos serviços da rede de
coleta de sangue.
Edição: Bruna Saniele
Freitas Ramos
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