Tratado foi
assinado em Bruxelas, na Bélgica Blocos representam 25% do PIB mundial Economia
do Brasil pode crescer US$ 125 bi
O chanceler Ernesto Araújo comemora a conclusão da negociação do acordo
de livre comércio entre União Europeia e MercosulReprodução/
Twitter/@ernestofaraujo
Mercosul e UE (União Europeia) concluíram nesta 6ª feira
(28.jun.2019) a negociação do Acordo de Associação entre os 2 blocos
econômicos, que representam, juntos, 25% do PIB (Produto Interno Bruto)
mundial, além de 1 mercado de 780 milhões de pessoas.
Os 2 blocos concordaram em cortar tarifas alfandegárias, desde as
impostas a bifes argentinos até partes de carros alemães.
Eis a íntegra do acordo, divulgado pelo governo brasileiro.
O tratado foi fechado depois de 3 dias intensos de negociações em
Bruxelas, capital da Bélgica. As negociações tiveram início há 20 anos.
Para o Mercosul, algumas das concessões mais difíceis incluíam cortar as
tarifas sobre carros e peças importados da Europa e abrir seu mercado de
compras públicas. Para a UE, as questões mais controversas centraram-se na
agricultura.
Bruxelas enfatizou que o acordo eliminará os altos impostos
alfandegários em setores-chave para empresas da UE, incluindo máquinas,
produtos químicos e farmacêuticos.
Segundo nota conjunta divulgada pelos ministérios da Economia e das
Relações Exteriores, “em momentos de tensões e incertezas no comércio
internacional, a conclusão do acordo ressalta o compromisso dos 2 blocos com a
abertura econômica e o fortalecimento das condições de competitividade”.
Pelos cálculos da equipe econômica, o acordo deve fazer o PIB brasileiro
crescer US$ 87,5 bilhões em 15 anos, com a possibilidade de chegar a US$ 125
bilhões, caso seja levado em consideração a redução das barreiras
não-tarifárias e o aumento, dentro do esperado, na produtividade.
Há estimativa também de que sejam aplicados US$ 113 bilhões em recursos
na economia do Brasil.
Em relação à balança comercial, o cálculo é que o comércio entre os 2
blocos impulsione as exportações brasileiras para a UE em cerca de US$ 100
bilhões até 2035.
De 2014 a 2018, o Brasil foi o país do Mercosul que mais exportou e
importou bens e serviços do bloco europeu. Gráficos divulgados pelo governo
brasileiro mostram a enorme distância entre os negócios do Brasil em comparação
à Argentina, Paraguai e Uruguai.
Eis as tabelas:
Por meio do acordo, produtores brasileiros terão ampliação do acesso ao
mercado europeu por meio de quotas para:
- carnes;
- açúcar
e etanol.
Ainda segundo o governo, com a associação entre os 2 blocos, produtos
agrícolas de grande interesse do Brasil terão as tarifas isentas, como:
- Suco
de laranja;
- fruta;
- café
solúvel.
As empresas brasileiras serão beneficiadas com a eliminação de tarifas
na exportação de 100% dos produtos industriais, equalizando a concorrência com
parceiros que já possuem acordo de livre comércio com a UE.
O governo afirmou que a negociação comercial “cobre temas tanto
tarifários quanto de natureza regulatória, assim como serviços, compras
governamentais, facilitação de comércio, barreiras técnicas, medidas sanitárias
e fitossanitárias e propriedade intelectual“.
Empresas brasileiras poderão acessar o mercado de licitações da UE,
estimado em US$ 1,6 trilhão, de acordo com informações do ministério da
Economia.
Para os diferentes segmentos de serviços, o acordo “garantirá acesso
efetivo“, como:
- comunicação
e construção;
- distribuição
e turismo;
- transporte
e serviços profissionais e financeiros.
Participaram do encontro representantes o Brasil, o ministro das
Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a ministra da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Tereza Cristina, e o secretário Especial de Comércio Exterior e
Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo.
AUMENTO DA COMPETITIVIDADE
Segundo a nota, espera-se que haja 1 maior grau de competitividade da
economia brasileira, garantindo, ao mercado doméstico, acesso a insumos com
alto teor tecnológico por preços inferiores aos praticados anteriormente.
“Os consumidores também serão beneficiados pelo acordo, com acesso a
maior variedade de produtos a preços competitivos“, diz o governo.
BOLSONARO COMEMORA
Por meio do seu perfil no Twitter, o ministro Ernesto Araújo (Relações
Exteriores) afirmou que o acordo abriu “grandes mercados para o Brasil”.
Em publicação no Twitter, o chanceler Ernesto Araújo comemorou a
conclusão da negociação do acordo de livre comércio entre União Europeia e
Mercosul.Reprodução: Twitter/@ernestofaraujo
O presidente Jair Bolsonaro também destacou a conclusão das negociações
em sua conta na rede social:
PRAZOS
Segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria), para os países do
Mercosul, “o acordo prevê 1 período de mais de uma década de redução de tarifas
para produtos sensíveis à competitividade da indústria europeia“.
Já para o lado europeu, a estimativa é de que o imposto sobre importação
seja zerado com o início do tratado.
“Esse acordo pode representar o passaporte para o Brasil entrar na liga
das grandes economias do comércio internacional. Cria novas oportunidades de
exportação devido à redução de tarifas europeias, ao mesmo tempo que abre o
mercado brasileiro para produtos e serviços europeus, o que exigirá do Brasil
aprofundamento das reformas domésticas”, diz o presidente da CNI, Robson Braga
de Andrade.
RELAÇÕES COMERCIAIS
A UE é o 2° principal parceiro comercial do Mercosul e o 1° em matéria
de investimentos. Já o Mercosul é o 8º principal parceiro comercial
extrarregional do bloco econômico europeu. Em 2018, a corrente de comércio
birregional foi de mais de US$ 90 bilhões.
HISTÓRICO
O processo de negociação para firmar 1 acordo entre Mercosul e União
Europeia data de 1999, quando Fernando Henrique Cardoso ainda era presidente do
Brasil.
Naquela época, as tratativas enfrentaram diversos desafios, com
indisposições tanto de países europeus, como pelos países sul-americanos.
Em coletiva nesta 6ª, Ernesto Araújo chegou a afirmar que a “vontade
política” de governos anteriores foi 1 dos motivos para que não houvesse
finalização das negociações.
Autores
0 comentários:
Postar um comentário