Em todo o Brasil, 169 mil
pessoas morreram em 2017 por conta de complicações cardiovasculares. Infarto
agudo do miocárdio, hipertensão, insuficiência e miocardiopatias são as
principais causas. Médicos apostam no avanço da tecnologia
» MARINA TORRES*
As doenças cardiovasculares
são o principal motivo de mortes no mundo todo, de acordo com dados da
Organização Mundial da Saúde (OMS). As complicações cardiovasculares lideram na
frente de câncer, guerras e álcool. Em contraponto, os avanços tecnológicos têm
permitido que médicos e pacientes trabalhem em conjunto para evitar o pior.
No Brasil, de acordo com dados
do Ministério da Saúde, em 2018, foram realizadas 83.909 cirurgias cardíacas em
adultos. No ano anterior, cerca de 169.557 pessoas morreram por doenças
cardiovasculares. Entre as doenças no aparelho circulatório, quatro estão entre
as principais causas de óbito: infarto agudo do miocárdio, doenças
hipertensivas, insuficiência cardíaca e miocardiopatias.
O aposentado Rogério Roscoe,
78 anos, passou recentemente por uma cirurgia de implante de marcapasso. Ele
conta que descobriu uma disfunção em um dos ventrículos depois de episódios de
desmaio, quando foi internado e realizou a cirurgia. "Foi um processo
muito rápido e tive uma recuperação muito tranquila. Fiz a cirurgia pela manhã,
fiquei na UTI por um dia e no outro já estava no quarto."
Apesar da recuperação
tranquila, Rogério se queixa de ter descoberto o problema por acaso. "Meu
problema é hereditário, meu pai chegou a colocar três marcapassos. Eu fui ao
hospital porque quando desmaiei, machuquei o pé." Para ele, os avanços
tecnológicos, tal qual as pulseiras "self-ids" poderiam ter ajudado
muito no caso dele. "Seria muito bom. Tem muita gente que tem esse
processo na família e usaria para checagem, isso poderia evitar diversos
problemas," afirma.
Para o cardiologista Rafael
Munerato, da Santa Casa (SP), a tecnologia tem sido fundamental para prestar
assistência à equipe médica e empoderar o paciente. "Por um lado, existe o
auxílio no cuidado prestado ao paciente, com exames de imagem mais modernos, de
sangue ou com cirurgias robóticas menos invasivas. No outro lado, existe o
empoderamento dos pacientes, em que entram, por exemplo, relógios que controlam
alguns dados do paciente, como número de passos, de calorias, a qualidade do
sono e batimentos cardíacos. Alguns desses dispositivos também fazem
eletrocardiograma. Ou seja, o paciente pode estar trabalhando ou em casa, no
momento em que ele sentir uma palpitação, ele aperta o botão e manda para o
médico", explica.
Cuidados
O estudante Lênio Carneiro
Junior, 19 anos, é portador de uma anomalia rara no coração denominada
coronária anômala. Na condição, a artéria coronária esquerda do coração, que
deveria estar ligada à artéria aorta, se conecta à artéria pulmonar, podendo
matar o paciente em grande parte dos casos. No caso de Lênio, o diagnóstico foi
possível depois de uma série de exames, incluindo testes ergométricos, o
monitor holter, cintilografia e cateterismo.
A decisão do médico de operar
o estudante surgiu após confirmado o risco de morte súbita. Lênio só concordou
em realizar a cirurgia por confiar na tecnologia disponível para tratá-lo.
"O único motivo, fora a competência médica, foi a tecnologia. Mesmo não
tendo sintoma, havia um provável risco de morte cardíaca, mas o que me deu
segurança foi a aparelhagem do hospital. Sem isso, eu provavelmente não
faria," constatou.
Ricardo Ramos, médico
cirurgião-geral e diretor da Aliança para a Saúde Populacional, explica como a
chamada "medicina personalizada" entrou no conceito moderno para
mudar o cenário. "Hoje, existem equipamentos que armazenam dados clínicos,
envolvendo dados genéticos e contas médicas. Existe uma máquina em que o
algoritmo identifica os graus de risco com base em dados do genoma e hábitos de
vida. Isso está sendo aplicados em larga escala e faz parte da medicina
personalizada," explica.
* Estagiária sob supervisão de
Roberto Fonseca
Saiba como se prevenir
Confira algumas dicas para
evitar doenças cardiovasculares
» Manter uma alimentação
equilibrada;
» Fazer atividades físicas;
» Controlar o peso;
» Realizar exames de check-up
para conferir taxas;
» Evitar açúcar;
» Evitar o tabagismo;
Fonte: Rafael Munerato e
Ministério da Saúde
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