Luiz Henrique Mandeta (em pé)
assumiu o comando do Ministério da Saúde em 2018 e teve sua dispensa da pasta
anunciada nesta quinta-feira (15) pelo presidente da República
Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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A demissão de Luiz Henrique
Mandetta do Ministério da Saúde repercutiu entre os senadores. Logo após o
anúncio da decisão, na tarde desta quinta-feira (16), vários senadores foram ao
Twitter lamentar sua saída e criticar a postura do presidente Jair Bolsonaro.
Na rede social, a senadora
Eliziane Gama (Cidadania-MA) disse que o Brasil recebe com temor a demissão do
ministro. Na visão da senadora, ele atuou com coragem ao "não se submeter
às loucuras de um presidente que se mostrou tantas vezes irresponsável”. Ela
também pediu que o novo ministro, Nelson Teich, trabalhe sem apego ideológico
que signifique risco à vida dos brasileiros.
"A nossa torcida é que o
novo ministro ancore sua gestão em princípios defendidos pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) e pela ciência. Também torcemos que os brasileiros e
brasileiras não tenham que pagar com a própria vida essa decisão intempestiva
tomada pelo presidente — afirmou a senadora em um vídeo divulgado por sua
assessoria.
Para o senador Humberto Costa
(PT-PE), Mandetta foi demitido por seguir as recomendações da OMS e por pensar
diferente de Bolsonaro. Ele ressaltou que vários panelaços foram registrados em
diversas cidades do país, em protesto contra a mudança na pasta. Paulo Rocha
(PT-PA) afirmou que a demissão de Mandetta deixa várias dúvidas, mas a
principal delas é se o Brasil continuará seguindo diretrizes de saúde pública
ou o que os economistas recomendam. Se for necessário, avisa o senador,
“acionaremos o STF para impedir que o governo tome medidas irresponsáveis neste
momento de crise”.
O senador Alessandro Vieira
(Cidadania-SE) disse lamentar que a demissão ocorra sem motivação técnica e em
meio à maior crise sanitária da história, mas destacou que Nelson Teich tem
currículo compatível com o cargo. Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apontou que
recebeu a notícia da saída de Mandetta com preocupação. Para o senador, vaidade
e falta de diálogo marcaram mais “esse triste episódio do governo”.
Ângelo Coronel (PSD-BA) disse
que Mandetta não aceitou a subserviência e saiu. De acordo com o senador, a lei
no governo é bem clara: “cale-se ou será demitido”. O senador Weverton (PDT-MA)
também lamentou a saída do ministro e ressaltou que não deveria ser no momento
de transição.
Em sua conta, Jean Paulo
Prates (PT-RN) disse que o governo está na contramão. Ele acrescentou que “em
momentos de crises é a hora de reunir todos no enfrentamento ao coronavírus,
não é hora de dividir uma equipe ou uma nação”. "Lamentavelmente,
Bolsonaro tem preferido usar a última opção e confundir e dividir a população
brasileira, lamentou o senador.
Segundo Major Olimpio
(PSL-SP), a saída de Mandetta se explica porque ele preferiu seguir a ciência e
a medicina. Olimpio ainda desejou sorte ao novo ministro e ao povo brasileiro.
Na mesma linha, Nelsinho Trad (PSD-MS) classificou a demissão de lamentável,
mas disse torcer pelo novo ministro e pelo Brasil. Fabiano Contarato (Rede-ES)
disse que a demissão foi um “capricho do capitão”, em referência ao presidente
Jair Bolsonaro. Já os senadores Eduardo Braga (MDB-AM) e Veneziano Vital do
Rego (PSB-PB) agradeceram o trabalho de Mandetta no Ministério da Saúde.
"Agradecemos toda a sua
dedicação em prol do povo brasileiro! A sua competência e responsabilidade
sempre serão reconhecidas pelos que têm bom senso", registrou Veneziano.
Colisão
O agora ex-ministro Luiz
Henrique Mandetta entrou em rota de colisão com o chefe do Executivo depois de
divergências sobre medidas de isolamento para conter o avanço do coronavírus.
Por várias vezes, Bolsonaro se manifestou contrário às medidas de isolamento,
preocupado com as repercussões na economia. Ele próprio contrariou as medidas
recomendadas pelo Ministério da Saúde, ao saudar centenas de manifestantes na
Praça dos Três Poderes, no dia 15 de março, e ao fazer passeios por Brasília,
no domingo de março (29) e na quinta-feira (9).
Luiz Henrique Mandetta é
médico ortopedista e fez sua carreira política em Campo Grande (MS), onde
nasceu, em 1964. Na capital do Mato Grosso do Sul, assumiu a Secretaria de
Saúde em 2005, no início da gestão municipal do hoje senador Nelsinho Trad, que
também é seu primo. Foi deputado federal entre 2010 e 2018, quando anunciou sua
aposentadoria da política. Posteriormente, mudou de ideia e aceitou o convite
de Bolsonaro para assumir o Ministério da Saúde.
Mandetta também foi ao Twitter
e agradeceu "a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS,
de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de e planejar o
enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema
de saúde está por enfrentar”.
"Agradeço a toda a equipe
que esteve comigo no Ministério da Saúde e desejo êxito ao meu sucessor no
cargo de ministro. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o
nosso país", registrou Mandetta.
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