Uma experiência inovadora
desenvolvida no Acre, em plena floresta amazônica, está unindo saúde sexual e
reprodutiva, sustentabilidade ambiental e inclusão social. Trata-se da empresa
de preservativos Natex, gerida pela Fundação de Tecnologia do Acre (FUNTAC), em
Xapuri.
Há oito anos, a companhia
confecciona preservativos feitos a partir de látex nativo extraído com métodos
tradicionais de famílias de seringueiros. Uma equipe do Fundo de População das
Nações Unidas (UNFPA) visitou o local para conhecer de perto a iniciativa.
Equipe do UNFPA visitou fábrica de camisinhas no Acre que
usa látex extraído com métodos tradicionais das comunidades de seringueiros.
Uma experiência inovadora
desenvolvida no Acre, em plena floresta amazônica, está unindo saúde sexual e
reprodutiva, sustentabilidade ambiental e inclusão social, demonstrando na
prática que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável podem ser alcançados
“sem deixar ninguém para trás”. Trata-se da empresa de preservativos Natex, gerida pela Fundação de
Tecnologia do Acre (FUNTAC), em Xapuri.
Há oito anos a empresa
confecciona preservativos para o Ministério da Saúde. O grande diferencial é a
matéria-prima, feita a partir de látex nativo extraído a partir de métodos
tradicionais de famílias de seringueiros, agregando proteção do meio ambiente e
rentabilidade para a população que vive na floresta. Uma equipe do Fundo de
População das Nações Unidas (UNFPA) visitou Xapuri no último dia 8 para
conhecer de perto a experiência.
Em um dia de pleno sol, a
equipe percorreu toda a cadeia produtiva, desde a extração do látex, na
floresta nativa, até a manufatura da matéria-prima — histórica para o Acre — em
preservativos utilizados na saúde pública brasileira.
Há oito anos a empresa Natex confecciona preservativos para
o Ministério da Saúde.
“São cerca 700 famílias que
vivem de vender a borracha para Natex, gerando renda e mantendo a floresta
preservada. É uma experiência que tem que ser mantida e, se possível, crescer”,
disse o representante do UNFPA no Brasil, Jaime Nadal.
A Natex busca agora novas
alternativas de mercado e ampliação. Em reunião com a direção da empresa, a
delegação do UNFPA analisou possibilidades de parcerias e o modo com o qual
estado consegue conciliar evolução econômica e proteção à natureza e culturas
tradicionais.
Dirlei Bersch,
diretora-executiva da Natex, explicou que um comitê do governo estadual busca
alternativas de negócios, mas sempre com olhar socioambiental. “Estamos
trabalhando em alternativas que compreendam mais modernidade, efetividade e a
concretização da sustentação do empreendimento”, disse a diretora.
“Esta atividade está em total
sintonia com os princípios do UNFPA, unifica os desenvolvimentos econômico,
social e ambiental, acreditamos que essa é uma tríade que agrega muito valor a
essa fábrica em Xapuri”, explicou Jaime.
As equipes do UNFPA e da Natex
pretendem agora realizar a pré-qualificação da empresa para participar de
editais internacionais de fornecimento de insumos para saúde reprodutiva aos
Estados-membros da ONU. Do lado oposto, também irão avaliar a aquisição
internacional de insumos usados na fabricação dos preservativos, como
lubrificantes, que permitam à Natex reduzir seus custos de produção.
As partes também trabalharão
em parcerias com grupos privados e governamentais interessados em produtos com
perfil de responsabilidade socioambiental.
A cultura da borracha
Após a visita à fábrica, o
grupo da agência da ONU foi ao Seringal Rio Branco, na Reserva Chico Mendes. A
equipe do UNFPA ouviu de Raimundo Mendes, o Raimundão, líder e seringueiro que
lutou ao lado de Chico Mendes, parte da história dos conflitos na região.
Apontando para a “cabrita”,
equipamento de corte da árvore seringueira, Raimundão lembrou: “está aqui é a
caneta do seringueiro”. Aos 72 anos, ele continua cortando e colhendo o látex,
sendo um dos mais de 700 seringueiros fornecedores da Natex.
“Existe um ditado que diz:
‘não se constrói nada se não houver luta’. Hoje, finalmente, estamos em um
momento de desfrutar. É triste que companheiros como Chico Mendes e Wilson
Pinheiro não estejam mais conosco para ver essa nova realidade que vivemos”,
declarou o seringueiro.
Foto: UNFPA
0 comentários:
Postar um comentário