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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Agência da ONU visita fábrica de camisinhas sustentáveis no Acre

Uma experiência inovadora desenvolvida no Acre, em plena floresta amazônica, está unindo saúde sexual e reprodutiva, sustentabilidade ambiental e inclusão social. Trata-se da empresa de preservativos Natex, gerida pela Fundação de Tecnologia do Acre (FUNTAC), em Xapuri.

Há oito anos, a companhia confecciona preservativos feitos a partir de látex nativo extraído com métodos tradicionais de famílias de seringueiros. Uma equipe do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) visitou o local para conhecer de perto a iniciativa.

Equipe do UNFPA visitou fábrica de camisinhas no Acre que usa látex extraído com métodos tradicionais das comunidades de seringueiros. 

Uma experiência inovadora desenvolvida no Acre, em plena floresta amazônica, está unindo saúde sexual e reprodutiva, sustentabilidade ambiental e inclusão social, demonstrando na prática que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável podem ser alcançados “sem deixar ninguém para trás”. Trata-se da empresa de preservativos Natex, gerida pela Fundação de Tecnologia do Acre (FUNTAC), em Xapuri.

Há oito anos a empresa confecciona preservativos para o Ministério da Saúde. O grande diferencial é a matéria-prima, feita a partir de látex nativo extraído a partir de métodos tradicionais de famílias de seringueiros, agregando proteção do meio ambiente e rentabilidade para a população que vive na floresta. Uma equipe do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) visitou Xapuri no último dia 8 para conhecer de perto a experiência.

Em um dia de pleno sol, a equipe percorreu toda a cadeia produtiva, desde a extração do látex, na floresta nativa, até a manufatura da matéria-prima — histórica para o Acre — em preservativos utilizados na saúde pública brasileira.

Há oito anos a empresa Natex confecciona preservativos para o Ministério da Saúde. 
“São cerca 700 famílias que vivem de vender a borracha para Natex, gerando renda e mantendo a floresta preservada. É uma experiência que tem que ser mantida e, se possível, crescer”, disse o representante do UNFPA no Brasil, Jaime Nadal.

A Natex busca agora novas alternativas de mercado e ampliação. Em reunião com a direção da empresa, a delegação do UNFPA analisou possibilidades de parcerias e o modo com o qual estado consegue conciliar evolução econômica e proteção à natureza e culturas tradicionais.

Dirlei Bersch, diretora-executiva da Natex, explicou que um comitê do governo estadual busca alternativas de negócios, mas sempre com olhar socioambiental. “Estamos trabalhando em alternativas que compreendam mais modernidade, efetividade e a concretização da sustentação do empreendimento”, disse a diretora.

“Esta atividade está em total sintonia com os princípios do UNFPA, unifica os desenvolvimentos econômico, social e ambiental, acreditamos que essa é uma tríade que agrega muito valor a essa fábrica em Xapuri”, explicou Jaime.

As equipes do UNFPA e da Natex pretendem agora realizar a pré-qualificação da empresa para participar de editais internacionais de fornecimento de insumos para saúde reprodutiva aos Estados-membros da ONU. Do lado oposto, também irão avaliar a aquisição internacional de insumos usados na fabricação dos preservativos, como lubrificantes, que permitam à Natex reduzir seus custos de produção.

As partes também trabalharão em parcerias com grupos privados e governamentais interessados em produtos com perfil de responsabilidade socioambiental.

A cultura da borracha
Após a visita à fábrica, o grupo da agência da ONU foi ao Seringal Rio Branco, na Reserva Chico Mendes. A equipe do UNFPA ouviu de Raimundo Mendes, o Raimundão, líder e seringueiro que lutou ao lado de Chico Mendes, parte da história dos conflitos na região.
Apontando para a “cabrita”, equipamento de corte da árvore seringueira, Raimundão lembrou: “está aqui é a caneta do seringueiro”. Aos 72 anos, ele continua cortando e colhendo o látex, sendo um dos mais de 700 seringueiros fornecedores da Natex.

“Existe um ditado que diz: ‘não se constrói nada se não houver luta’. Hoje, finalmente, estamos em um momento de desfrutar. É triste que companheiros como Chico Mendes e Wilson Pinheiro não estejam mais conosco para ver essa nova realidade que vivemos”, declarou o seringueiro.

Foto: UNFPA

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