Doença é causada por fatores comportamentais e pode ser prevenida a partir de escolhas, como parar de fumar e beber, além do HPV
O dentista faz o diagnóstico, mas não trata o câncer de boca. Após a detecção, o paciente é encaminhado para um oncologista
Feridas indolores na boca que não cicatrizam por mais de 15 dias, manchas ou placas vermelhas ou esbranquiçadas e sangramentos sem causa conhecida são possíveis sinais de um câncer de boca.
Por isso, ao identificar um ou mais desses sinais, é necessário buscar ajuda de profissionais dentistas ou médicos. Quanto mais cedo procurar ajuda, maiores as chances de cura.
O odontólogo examina a boca e, em caso de diagnóstico positivo, encaminha para biópsia. O professor de estomatologia da Universidade de Brasília (UnB), Paulo Tadeu de Souza Figueiredo, explica que o ideal é identificar o câncer antes dos sintomas aparecerem.
“Quando o paciente detecta, é porque está em um estágio mais avançado. Então ele normalmente chega encaminhado por outros profissionais que detectaram as lesões. Esse diagnóstico inicial é muito importante porque, quanto mais precoce for identificada, maior a adesão ao tratamento e a chance de cura e sobrevida dos nossos pacientes”, esclarece.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), sem considerar o câncer de pele não melanoma, o câncer da cavidade oral está entre os cinco mais incidentes estimados para 2016. Entre os homens são 11.140 casos, para 4.350 acometimentos em mulheres. A mortalidade também é maior entre os homens: 4.223 homens e 1.178 mulheres em 2013.
O câncer de boca é extremamente invasivo, e o tratamento pode ser muito doloroso para o paciente. A odontóloga e professora da Universidade de Brasília (UnB) Nilce Santos de Melo explica que há uma dificuldade na detecção do câncer e que isto está ligado ao grupo mais vulnerável. “O perfil do paciente é de mais de 50 anos que fuma, que bebe e geralmente homem. E esse perfil não procura muito o serviço de saúde.”
Conforme alerta a odontóloga, o câncer de boca é causado por fatores comportamentais e pode ser prevenido a partir de escolhas, como parar de fumar e beber. Entretanto, essas mudanças não são tão simples de fazer, e ter o suporte de uma equipe multiprofissional de saúde pode ser um começo para vencer os vícios antes de chegarem a causar um câncer.
Outro fator de risco é o HPV, transmitido por sexo oral. Atualmente, o SUS agora oferece a vacina para meninas entre 9 e 13 anos de idade e, a partir de janeiro do ano que vem, para meninos de 12 e 13 anos.
Tratamento
Apesar de fazer o diagnóstico, o dentista não trata o câncer de boca. Após a detecção, o paciente é encaminhado para um oncologista ou cirurgião de cabeça e pescoço. Isso porque existem dois tipos de tratamento mais utilizados atualmente: a radioterapia e a cirurgia. A quimioterapia só é associada em pacientes graves que não podem realizar a cirurgia.
Paulo Tadeu de Souza Figueiredo, professor de estomatologia da UnB, explica que, mesmo sem tratar o paciente, o papel do dentista é muito importante durante todo o processo. “O dentista faz uma preparação dos pacientes para o tratamento. Temos essa preocupação porque depois que algum tipo de efeito adverso ou sequela do tratamento acontece, é muito difícil de ser tratado.”
Além disso, o professor também reforça que, mesmo com todas as dificuldades, não se deve abandonar o tratamento. “É importante o paciente saber que o diagnóstico de um tumor maligno não é uma sentença de morte. E se ele seguir o tratamento e as condutas à risca, tem uma enorme chance de sobrevida.”
O paciente oncológico precisa ter um suporte odontológico para o resto da vida e de perto, com consultas frequentes.
Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério da Saúde
Ana Maciel/Prefeitura de Cachoeirinha (RS)
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