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segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Ipen vai repatriar fontes seladas de material radioativo descartadas por hospitais do país

Especialistas da África do Sul estão no Brasil para o desmonte e o acondicionamento das fontes, que serão enviadas para os EUA e Alemanha. Material descartado foi usado em procedimentos de radioterapia e diagnóstico do Câncer

Fontes seladas são blindagens que contêm material radioativo de alta atividade.
Crédito: Cnen
Até janeiro de 2017, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) vai repatriar 82 fontes seladas de material radioativo que não são mais utilizadas por clínicas e hospitais do país nos procedimentos de radioterapia e diagnóstico do câncer. A operação começou em outubro com a chegada de especialistas da NECSA, estatal da África do Sul responsável pelo desenvolvimento e gerenciamento da tecnologia nuclear naquele país. Um acordo foi firmado com a NECSA para o desmonte e o acondicionamento das fontes para transporte.

Fontes seladas são blindagens que contêm material radioativo de alta atividade. Os especialistas da NECSA vão remover esse material encapsulado e transferi-lo para embalagens de transporte adequadas para a repatriação. As fontes oriundas dos Estados Unidos irão para o Southwest Research Institute, em San Antonio, no Texas, e as fontes canadenses para a Gamma Service Recycling GmbH, em Leipzig, na Alemanha. Todo esse trabalho está sendo coordenado no Ipen pela Gerência de Rejeitos Radioativos (GRR). O Ipen é vinculado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e fica em São Paulo (SP).

De acordo com o gerente de Rejeitos Radioativos do Ipen, Júlio Takehiro Marumo, a maioria das fontes foi utilizada para fins médicos. Das 82, 51 estão no Ipen. As demais estão armazenadas nos institutos da Cnen no Rio de Janeiro (Instituto de Radioproteção e Dosimetria – IRD), Minas Gerais (Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear - CDTN) e Pernambuco (Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste – CRCN).

"Recebemos vários tipos de fontes, e essas que estão sendo repatriadas são as que têm maior atividade. Nesse acordo, foram listadas as fontes que serão repatriadas nesse momento, mas outras que não entraram na transação ficarão no Ipen para serem enviadas posteriormente. Depois do acordo, chegaram mais fontes que não estão nesta lista. Se houver tempo, a equipe sul-africana vai desmontá-las, retirar da blindagem e colocar em uma embalagem menor", explicou Mamuro.

Segundo ele, é função da Cnen receber rejeitos radioativos no Brasil, o que inclui as fontes seladas em desuso. "Com a repatriação, primeiro teremos um ganho de espaço, porque essas fontes ocupam muito espaço no depósito, e isso vai possibilitar um ganho considerável para a gente poder armazenar mais fontes", observou.

Transferência de conhecimento
Júlio Marumo destacou a importância da repatriação para a troca de experiência entre os especialistas do Ipen e da NECSA. "Outra questão é o conhecimento e contato com essa tecnologia. Foi importada uma célula móvel da África do Sul para fazer essa operação, que não é simples. Ela veio toda desmontada e foi montada aqui no Ipen para fazer essa operação. É a única que existe no , e a gente está tendo essa oportunidade de ter contato com essa tecnologia e essa operação. Então, estamos ganhando experiência com isso."

A operação é baseada numa tecnologia cuja segurança foi analisada por especialistas dos Estados Unidos, Reino Unido, Bélgica e África do Sul. "A célula é muito segura, e os técnicos que vieram são muito experientes e competentes. O cronograma inicial da operação terminaria em dezembro, mas é possível que ele se estenda até janeiro."

Essa não é a primeira vez que é feita a repatriação de fontes seladas pelo Ipen. De acordo com o gerente do Ipen, em 2011, foram enviados aos Estados Unidos cerca de 120 fontes de nêutrons usadas na indústria de petróleo para perfilagem de poços de petróleo.

Fonte: MCTIC


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