Especialistas das Américas
estiveram na quarta-feira (9) na Organização Pan-Americana da Saúde/Organização
Mundial da Saúde (OPAS/OMS) para o Dia Mundial da Radiologia, com o objetivo de
discutir o papel crucial da ecografia obstétrica para detectar e monitorar
anormalidades em mulheres grávidas associadas à infecção pelo vírus zika
confirmada.
O painel de especialistas
sobre radiologia contou com a participação de Andrea Poretti e Thierry A.G.M.
Huisman, especialistas em anomalias cerebrais congênitas da Johns Hopkins
University; Jonel Di Muro, do Hospital Luis Razzetti, na Venezuela; Priscilla Butler,
do American College of Radiology; e Adriano Hazin, do Instituto de Medicina
Integral Professor Fernando Figueira no Recife, Brasil.
A doença do vírus zika é
causada por um vírus transmitido primariamente pelo mosquito Aedes e
seus sintomas incluem febre, erupções na pele, conjuntivite, dores musculares e
articulares, mal-estar ou dor de cabeça. Existe consenso científico que o vírus
zika é uma causa da microcefalia e da Síndrome de Guillain-Barré. A ligação com
outras complicações neurológicas também está sendo investigada. Até o momento,
47 países e territórios das Américas confirmaram a transmissão autóctone por
vetor do vírus zika desde 2015 e cinco países do continente notificaram casos
de transmissão sexual.
A ecografia obstétrica é a
principal ferramenta recomendada pela OPAS para a detecção e monitoramento de
anormalidades cerebrais fetais ou neonatais associadas ao vírus zika. Apesar da
ultrassonografia ser uma tecnologia segura, depende do usuário e requer um
amplo conhecimento de anatomia materno-fetal, aquisição e interpretação de
imagens.
Mulheres grávidas podem ser
infectadas pelo vírus zika em qualquer trimestre, o que tem causado uma
crescente preocupação sobre a transmissão materna-fetal. Anomalias cerebrais
estruturais - como microcefalia, calcificações intracranianas,
ventriculomegalia e malformação do desenvolvimento cortical - têm sido
reportadas em muitos bebês com infecção congênita pelo zika.
Os painelistas estão se
concentrando no espectro de achados de neuroimagem que podem ser observados em
crianças com infecção congênita do vírus zika, no papel crucial e no uso da
ultrassonografia para detecção e monitoramento de anormalidades associadas ao
vírus e na adequação do uso de outras técnicas de neuroimagem, como ressonância
magnética e tomografia computadorizada.
Em alguns casos, outras
tecnologias como a ressonância magnética têm sido utilizadas junto à ecografia
obstétrica. Este exame proporciona informações mais detalhadas sobre a anatomia
do cérebro que a ultrassonografia e pode esclarecer os resultados da ecografia
e também é usado quando são necessários mais informações sobre a anatomia
cerebral fetal ou neonatal. A ressonância magnética pode não ser tão
prontamente disponível quanto a ultrassonografia, no entanto, tende a ser
dispendiosa.
A América Latina e Caribe
enfrentam uma lacuna nos serviços de radiologia, de acordo com especialistas da
OPAS. A disponibilidade e a qualidade dos serviços são frequentemente mínimas
ou inexistentes e alguns serviços contam com equipes não funcionais, que não
praticam o controle e a garantia de qualidade ou necessitam de mais capacitação
profissional.
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