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sábado, 5 de novembro de 2016

Perseveram as iniciativas mal intencionadas de confundir Canabidiol (DBD) com Maconha (THC) medicinal e esquecem dos danos causados...

Os médicos paulistas defendem a descriminalização da maconha. 

O Conselho Regional de Medicina (Cremesp) emitiu uma nota pública em que pede a descriminalização da erva para uso próprio.

Não posso concordar, minha ressalva em relação ao Cremesp é que a nota é tímida, incompleta e pouco esclarecedora como interessa a alguns segmentos. Ela se limita a pedir a descriminalização da Cannabis, como um todo; deixando de lado outras substâncias. 
O raciocínio que os médicos aplicaram à maconha, induz a uma proposital mistura entre o Canabidiol (CBD) a parte do bem da planta da cannabis ... com a parte que contém o THC (alucinógeno que torna o usuário dependente). O abuso constitui um problema de saúde pública... daí vir a ser ou não um caso de polícia, entra na vala comum com todas as substâncias psicoativas. 

Na mesma linha de superficialidade e intencional postura dúbia do Cremesp, a nota fala genericamente em drogas, mas o título especifica claramente maconha. Olhado a distância parece que ainda existem membros coerentes e responsáveis na câmara técnica de psiquiatria que induziu o lado mais prudente/conservador preservado na nota.

Pretender “Proteger” a elite consumidora de maconha das ações policiais não deixa de ser um evidente movimento político, mas como resolver os problemas da grande massa de usuários crônicos ou mais pobres, que tendem a sustentar sua dependência repassando partes da droga para terceiros, continuariam sendo enquadrados como traficantes, para os quais a lei reserva duras penas.

Quais serão os próximos passos? Para preservar o mercado, usuários com elevado poder aquisitivo “alimentam e ampliam a escravização dos crónicos” que, para não lançar mão de outras atividades ilícitas para obter recursos, e manter seus vícios, se submetem a realizar o tráfico... sob risco de ir para a cadeia e o usuário seu “cliente e comprador” não??? Como os usuários vão obter a droga? Plantarão nas sacadas dos apartamentos das grandes cidades? E as sementes quem vender o Estado ou um crónico será considerado traficante?
Mesmo que o País consega definir um critério para distinguir com precisão o dependente que vende dos grandes traficantes, não bastaria descriminalizar a atividade. Se quisermos mudar o "statu quo", é preciso construir marcos regulatórios eficazes, exequíveis, que responsabilize os optantes pelas consequências, eventualmente causadas pelos seus atos, em especial, quando sob efeito das drogas, causam danos, muitas vezes irreparáveis, à terceiros. Outro lado da mesma moeda é a irresponsabilidade do usuário, crônico ou não, com a própria saúde.

Assim como quaisquer motivações que cause danos a terceiros, até mesmo quando não intencionalmente, são severamente cobradas, inclusive em juízo. O usuário que assume o risco de provocar danos e a expor a Sociedade às suas inconsequências, igualmente precisa ser penalizado, cobrado e obrigatoriamente responder civil, financeira e moralmente perante a Sociedade. O SUS deve ter seus custos reembolsados – por que não é justo que toda sociedade arque com o prejuízo causado por grupo reduzido de pessoas que, intencionalmente, assumem o risco de, sob o efeito de drogas licitas ou ilícitas, causar danos à terceiros e a si mesmo.

Prontos socorros, SAMUs, Ambulâncias, viaturas policiais, médicos, especialistas, hospitais, UTIs, anos de fisioterapia, INSS por afastamento e exclusão do mercado de trabalho e outros instrumentos e ferramentas de governo que custam bilhões aos cofres púbicos, mantidas pelo cidadão que paga impostos, sejam os principais penalizados pela inconsequência de usuários de drogas. É alarmante o elevadíssimo volume de acidentes com grandes traumas nas grandes cidades, onde boa parte dos causadores estavam sob efeito de drogas.     

Isso não resolveria o problema do abuso. Na verdade, poderia até agravá-lo, mas serviria para reembolsar o custeio do sistema, esvaziar um pouco as cadeias e, principalmente, para reduzir o poder do tráfico.

Retomando o tema; é no mínimo um equívoco, que até parece intencional por parte do CREMESP, misturar os reais efeitos terapêuticos de tratamentos médicos, com Canabidiol (CBD), obtidos de parte da planta da cannabis, por processo farmacêutico – hoje, beneficia mais de 1000 pacientes na sua grande maioria composta por crianças, com efetivo tratamento – e chamar isso de maconha medicinal, que qualquer poderá usar e plantar para consumo próprio realmente ultrapassa o racional de qualquer cidadão responsável.

Texto baseado no artigo do colunista Hélio Schwartsman


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