O evento pretende reunir cerca
de 15 mil pessoas em Amsterdã. A resposta brasileira ao HIV e aids é destacada
em nove sessões científicas
Com o desafio de encontrar
caminhos para enfrentar o aumento da epidemia entre jovens e ampliar o
tratamento, começa nesta segunda-feira (23), em Amsterdã (Holanda), a 22ª
Conferência Internacional de Aids (AIDS 2018), o maior e mais importante
encontro sobre HIV e aids no mundo. Realizada a cada dois anos, a conferência
baliza a comunidade científica quanto às evidências e os avanços na pesquisa
sobre HIV, sinalizando diretrizes globais de tratamento e prevenção para os
países. Mais de 18 mil pessoas são esperadas no evento, que segue até
sexta-feira (27), no RAI Amsterdam Convention Centre, na capital holandesa.
Atualmente, apenas 53% das 36
milhões de pessoas que vivem com HIV no mundo têm acesso ao tratamento. A
edição de 2018 da Conferência tem como tema “Quebrando Barreiras, Construindo
Pontes”, um chamado global para que a luta contra o HIV ultrapasse as
fronteiras entre os países e os supere obstáculos do preconceito, promovendo
respostas baseadas na construção de pontes entre direitos humanos e evidências
científicas, adaptadas às necessidades das comunidades mais vulneráveis à
epidemia.
A Conferência Internacional
reúne os mais importantes avanços científicos na área, incluindo pesquisas
recentes sobre vacinas contra HIV, inovações no tratamento e lições aprendidas
com a ampliação da profilaxia pré-exposição (PrEP) – medicamento de uso diário
para prevenção do HIV – e outras e estratégias inovadoras de prevenção,
especialmente aquelas voltadas aos adolescentes e jovens.
A programação do AIDS 2018 é
extensa e inclui sessões científicas com destacados pesquisadores, simpósio com
representantes de países, atividades culturais e concorridas sessões especiais
com personalidades mundiais engajadas na luta contra o HIV, como o
ex-presidente americano Bill Clinton, a atriz Charlize Teron e o príncipe
Harry, da Inglaterra. O discurso inaugural da cerimônia de abertura será feito
pela cantora austríaca Conchita Wurst, que ficou conhecida por seu visual
andrógino e voz potente ao vencer o concurso Eurovision em 2014, e que
recentemente revelou viver com HIV. A abertura e as principais sessões do
evento serão transmitidas (em inglês) ao vivo pelo site www.aids2018.org.
O Brasil também marcará
presença no evento com um estande montado pelo Ministério da Saúde, além de
participar de simpósios com outros países e apresentações de pesquisadores
nacionais em sessões científicas. Dentre essas sessões, quatro são a convite da
Organização Mundial de Saúde (OMS): duas para falar sobre protocolos de uso e
monitoramento do medicamento dolutegravir (DTG); uma sobre PrEP; e outra sobre
inovações na testagem do HIV. A pasta também irá promover um workshop sobre
implementação da PrEP, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A produção científica nacional
e a avaliação das políticas públicas de saúde voltadas para prevenção e
controle do HIV/aids no país também serão tema de 12 trabalhos científicos
produzidos por técnicos do Ministério da Saúde e que foram aceitos para
apresentação na conferência. Saiba mais sobre a participação do Brasil na
conferência em www.aids.gov.br.
DESAFIOS NA LUTA CONTRA A AIDS
Essa será a primeira edição do
evento sob o novo horizonte dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS), pactuados durante a 70ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2015. Os
ODS constituem uma ambiciosa lista de tarefas a serem cumpridas pelos países;
dentre elas, acabar com a epidemia de HIV até 2030.
Cerca de 36 milhões de pessoas
em todo o mundo vivem com HIV, de acordo com dados de 2016 do Programa Conjunto
das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids). Mas somente pouco mais da metade
delas, 53%, têm acesso ao tratamento. O aumento do HIV entre jovens e
populações vulneráveis também preocupa: do total de 1,8 milhões de novas
infecções pelo HIV registradas em todo mundo, no ano de 2016, 600 mil ocorreram
entre jovens de 15 a 24 anos, e 80% dos novos casos de HIV, fora da África
subsaariana, estão concentrados entre as populações-chave – pessoas que usam
álcool e outras drogas, pessoas trans, gays e outros HSH, trabalhadoras do sexo
e pessoas privadas de liberdade. Essas populações ainda experimentam altos
níveis de violência, estigma, discriminação, criminalização e pobreza,
condicionantes de vulnerabilidade que criam barreiras de acesso à direitos e ao
cuidado integral de saúde.
No Brasil são estimadas 866
mil pessoas vivendo com HIV; destas, 84% haviam sido diagnosticadas em 2017 e
572 mil (75%) tiveram acesso ao tratamento. No país, a prevalência do HIV
também é maior entre populações-chave, superior a 5% – enquanto na população
geral é 0,4% – chegando a 18,4% entre gays e outros HSH e a 16,9% entre as
pessoas trans.
VILA GLOBAL
Ativistas, jovens lideranças e
diversas organizações da sociedade civil se encontrarão na Vila Global, espaço
da conferência que mistura sessões científicas com atividades culturais, em uma
vitrine de projetos e iniciativas de ação comunitária engajados na luta contra
a aids, como o desfile de roupas e assessórios feitos com camisinhas pela
artista plástica e estilista brasileira Adriana Bertini – expressão de arte que
serve como forma de conscientização sobre o uso do preservativo e prevenção do
HIV, que pode ser vista no estande do Ministério da Saúde brasileiro, também
montado na Vila Global. Lá os participantes poderão ver de perto o trabalho da
artista radicada em São Paulo e até tirar fotos usando um de seus figurinos
exclusivos, produzidos com preservativos com defeito ou que perderam a
validade, que depois são tingidos e costurados à mão.
Outra exposição, a “Jovens do
Brasil: um retrato da prevenção combinada”, reúne fotos que mostram um pouco do
trabalho das Oficinas de Prevenção Combinada do HIV realizadas pelo Ministério
da Saúde com jovens de todo país. A mostra fotográfica ficará em exibição no
Pavilhão Jovem da Vila Global, durante toda a conferência.
CONFERÊNCIA AIDS
A primeira Conferência
Internacional de Aids foi realizada em 1985, em Atlanta, nos Estados Unidos,
ainda nos primórdios da epidemia de aids e em meio a toda incerteza, estigma e
óbitos associados à doença. Convocada pela International AIDS Society – IAS
(Associação Internacional de Aids), instituição criada na época para organizar
a conferência, o evento reuniu esforços da comunidade científica para entender
o que estava acontecendo e como seria possível enfrentar o agravo.
Exatos 33 anos depois da
realização da primeira edição, a Conferência Internacional de Aids permanece
com um dos principais marcos da resposta global à epidemia, consolidando-se
como um fórum único de interseção da ciência e defesa dos direitos humanos. Em
2018, o evento volta a acontecer em Amsterdã, cidade que já havia sediado a 8ª
Conferência Internacional de Aids, em 1992.
Conhecida por ser uma das
primeiras cidades do mundo a apoiar a redução de danos – como a substituição de
agulhas para combater a epidemia então crescente entre pessoas que usavam
drogas injetáveis – a capital holandesa é também um centro global de pesquisa
sobre o HIV. Hoje, Amsterdã faz parte da lista das “Fast Track Cities”, grupo
de cidades que se comprometeram a acelerar as ações de resposta ao HIV,
contribuindo para que o mundo alcance a ambiciosa meta de acabar com a aids até
2030. O Brasil conta com cinco “Fast Track Cities”: Rio de Janeiro, São Paulo,
Salvador, Curitiba e Florianópolis.
Por Assessoria de Imprensa
Departamento de Vigilância,
Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais
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