As Sociedades Brasileiras de
Pediatria (SBP), Imunizações (SBIm), e Infectologia (SBI), em parceria com o
Rotary Internacional, fizeram um manifesto chamando atenção da população sobre
a importância de manter a vacinação em dia para evitar doenças e suas sequelas,
como o sarampo e a poliomielite. O documento alerta a população e profissionais
de saúde para a real possibilidade de retorno da pólio e da reemergência do
sarampo em território nacional. A divulgação foi feita nesta quinta-feira (26),
no Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, durante evento que reuniu profissionais
renomados no tema da vacinação. O manifesto também mobiliza a todos a
participarem da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Sarampo
que ocorrerá em todo o país de 6 a 31 de agosto, reforçando que a imunização
continua sendo a melhor ferramenta na promoção e manutenção da saúde da
população brasileira.
Desde que observou queda nas
coberturas vacinais do país, o Ministério da Saúde tem alertado sobre o risco
da volta de doenças que já não circulavam no país, como é o caso do sarampo. A
vacina é a forma mais eficaz de manter o país livre de doenças já eliminadas e
erradicadas. A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério
da Saúde, Carla Domingues, ressalta que a manutenção da população protegida,
através de elevadas coberturas vacinais é fundamental para manter o país livre
de doenças imunopreveníveis. “As coberturas vacinais são heterogêneas no
Brasil, podendo levar à formação de bolsões de pessoas não vacinadas,
possibilitando, assim, a reintrodução do poliovírus e do sarampo. O recente
surto no país, em Roraima e Manaus, evidencia nossas inadequadas coberturas
vacinais e a urgente necessidade de melhoria dessas taxas”, comentou Carla
Domingues.
No início do século XX, as
doenças imunopreveníveis como poliomielite e varíola eram endêmicas no Brasil,
causando elevado número de casos e mortes em todo o país. As ações de
imunização e, especialmente, os 45 anos de existência do Programa Nacional de
Imunizações (PNI) foram responsáveis por mudar o perfil epidemiológico das
doenças imunopreveníveis no Brasil, sendo uma importante conquista da sociedade
brasileira ao demonstrar sua eficiência erradicando a febre amarela urbana, a
varíola, bem como a eliminação da poliomielite, da rubéola, da síndrome da
rubéola congênita e do sarampo. Além disso, reduziu drasticamente a circulação
de agentes patógenos, responsáveis por doenças como a difteria, o tétano e a
coqueluche. "Não podemos perder a vigilância sobre a vacinação. É ela que
protege nossos filhos de sequelas e até a morte por doenças evitáveis",
completou Carla Domingues.
O Ministério da Saúde oferta
todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no
Calendário Nacional de Vacinação. Atualmente, são disponibilizadas pela rede
pública de saúde, de todo o país, cerca de 300 milhões de doses de
imunobiológicos ao ano. São 19 vacinas para combater mais de 20 doenças, em
diversas faixas etárias.
ESFORÇOS PARA VACINAÇÃO
A cobertura vacinal homogênea
da vacinação em todo o país é uma preocupação do Ministério da Saúde.
Periodicamente, o PNI emite notas técnicas para estados e municípios sobre o
monitoramento e avaliação das coberturas vacinais. A pasta também tem pautado
frequentemente o tema em discussões em fóruns,
como a Comissão Intergestores Tripartite (CIT), que reúne
representantes de todos os estados e municípios.
Para os estados que estão
abaixo da meta de vacinação, o Ministério da Saúde tem orientado os gestores
locais que organizem suas redes, inclusive com a possibilidade de readequação
de horários mais compatíveis com a rotina da população brasileira. Outra
orientação é o reforço das parcerias com as creches e escolas, ambientes que
potencializam a mobilização sobre a vacina por envolver também o núcleo
familiar. O Ministério da Saúde também alerta estados e municípios sobre a
importância de manter os sistemas de informação devidamente atualizados.
SARAMPO
Há registros de casos de
sarampo em alguns países da Europa e das Américas, inclusive, na Venezuela que
faz fronteira com o Brasil. Em 2017, foram 173.330 casos de sarampo registrados
no mundo, a maioria em países da Europa e nos Estados Unidos. Atualmente, o
Brasil enfrenta dois surtos de sarampo, em Roraima e Amazonas. No entanto, os
surtos estão relacionados à importação. Isso ficou comprovado pelo genótipo do
vírus (D8) que foi identificado, que é o mesmo que circula na Venezuela. Até o
dia 17 de julho, foram confirmados 519 casos de sarampo no Amazonas, 3.725
permanecem em investigação. O estado de Roraima confirmou 272 casos da doença e
106 continuam em investigação.
Além disso, alguns casos
isolados e relacionados à importação foram identificados nos estados de São
Paulo (1), Rio de Janeiro (14); Rio Grande do Sul (13); Rondônia (1) e Pará
(2). O Ministério da Saúde permanece acompanhando a situação e prestando o
apoio necessário ao Estado. Cabe esclarecer que as medidas de bloqueio de
vacinação, mesmo em casos suspeitos, estão sendo realizadas em todos os
estados.
O Brasil recebeu, em 2016, da
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o certificado de eliminação da
circulação do vírus do sarampo, e atualmente empreende esforços para manter o
certificado, principalmente por meio do fortalecimento da vigilância epidemiológica,
da rede laboratorial e de estratégias de imunização.
POLIOMIELITE
De acordo com dados da
Organização Mundial da Saúde (OMS), três países ainda são considerados
endêmicos (Paquistão, Nigéria e Afeganistão). O Brasil está livre da
poliomielite desde 1990. Em 1994, o país recebeu, da Organização Pan-Americana
da Saúde (OPAS), a Certificação de Área Livre de Circulação do Poliovírus
Selvagem.
Por Amanda Mendes, da Agência
Saúde
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