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segunda-feira, 30 de julho de 2018

Vacinar é garantir a vida!, afirma Osnei Okumoto, secretário nacional de vigilância em Saúde


“Muitos jovens que hoje já são pais, não conheceram estas doenças e, por conseguinte não achavam que era necessário vacinar seus filhos”, assegura Osnei Okumoto

O farmacêutico Osnei Okumoto, secretário nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, recebeu nesta semana em seu gabinete, a reportagem do Agenda Capital para falar sobre a volta das doenças erradicadas e outros assuntos relevantes da sua pasta.

Osnei já assumiu cargos importantes na área de gestão em saúde, dentre eles, Coordenador da Rede Nacional de Serviços de Hematologia e Hemoterapia (Hemorrede); presidente da Fundação dos Serviços de Saúde do Mato Grosso do Sul; presidente do Conselho Regional de Farmácia do Mato Grosso do Sul e Conselheiro Federal de Farmácia.

Okumoto é servidor da Secretaria de Saúde do Estado do Mato Grosso do Sul, e está cedido desde abril de 2016 para o Ministério da Saúde. Em abril de 2018 assumiu uma das pastas mais importantes do Ministério, a Secretaria de Vigilância em Saúde.

Nesta entrevista exclusiva ao Agenda Capital, Osnei Okumoto fala sobre a campanha de vacinação e o retorno das doenças tropicais, como o sarampo por exemplo, que voltou a infectar pessoas após ser contido no país.

Leia entrevista na íntegra:

AC – Quais são os principais motivos do retorno das chamadas doenças tropicais que eram consideradas erradicadas em nosso país?

Dr. Osnei Okumoto – Quando a gente fala de doenças a serem erradicadas, a gente se refere a doenças imunopreveníveis que são aquelas que podem ser evitadas por meio da vacinação. Nós temos por exemplo a vacina tríplice viral que é a vacina que serve tanto para Caxumba, Sarampo e Rubéola.

AC – Secretário, volta e meia estamos vendo estados e municípios reclamarem da falta de vacina na rede pública de saúde. Procede esta reclamação?

Dr. Osnei Okumoto: Não. O Ministério da Saúde adquire um quantitativo grande de vacinas para vários tipos de doenças. Estas vacinas tem um custo para o Ministério em torno de quatro bilhões de reais. Então as vacinas são adquiridas e são distribuídas para os estados de acordo com a característica de cada grupo prioritário para determinadas doenças. Os estados fornecem as informações para o MS, o qual faz a programação, adquire estas vacinas e distribui para os estados.

AC – Especialistas alertam para o perigo do retorno de doenças consideradas controladas como o Sarampo por exemplo. Quais são as ações que estão sendo desenvolvidas pelo Ministério da Saúde através da SVS, para o controle destas doenças?

Dr. Osnei Okumoto – O Ministério da Saúde desde 2016 possui o certificado de erradicação do Sarampo e isso foi possível a partir do momento que conseguimos minimizar a circulação do vírus no país. Havia um sistema de Vigilância em Saúde, que para qualquer caso suspeito de Sarampo, o sangue seria coletado, os exames realizados e logo em seguida a gente faria um bloqueio através da vacinação para que não houvesse o alastramento da doença.

AC – Apesar do pouco tempo à frente da Secretaria de Vigilância em Saúde, o senhor poderia destacar as ações mais relevantes na SVS na sua gestão?

Osnei Okumoto – Sim. Adquirimos as vacinas não somente para Sarampo, Rubéola e Caxumba. Adquirimos também para Varicela (catapora), Meningite, Tuberculose e assim por diante. A quantidade hoje de vacinas ofertadas pelo SUS é muito grande. No entanto houve uma baixa de cobertura vacinal em virtude de que muitas doenças dessas, não foram conhecidas por uma população mais jovem. A Poliomielite por exemplo, tem 81% de cobertura, e necessitaríamos de 95%. O Sarampo também que gira em torno de 80%, precisaríamos ter em torno de 95% de cobertura. Muitos jovens que já são pais, não conheceram estas doenças e, por conseguinte não achavam que era necessário vacinar seus filhos. Ficamos com uma população muito jovem principalmente de 0 a 5 anos com uma baixa cobertura de vacinação. Em virtude disso, o Ministério da Saúde tem desenvolvido ações prioritárias no sentido de vacinar essas crianças, porque são os mesmos problemas que tivemos em relação a vacinação da gripe. Vacinação é garantia de vida.

AC – Me fale um pouco sobre a nova campanha de vacinação contra o Sarampo que ocorrerá do dia 06 ao dia 31 de agosto. O país enfrenta dois surtos nos estados de Roraima e Amazonas. Isso está relacionado com a imigração da Venezuela?

Osnei Okumoto – Sim perfeitamente. Como a Venezuela está tendo um problema financeiro muito grande, que é uma questão político-financeira, eles não tiveram a disponibilização de vacinas para o Sarampo para sua população. Isso ficou comprovado com a identificação do genótipo do vírus (D8) nos estados do Amazonas e Roraima, que é o mesmo que circula na região da Venezuela. Em relação a campanha de vacinação, pretendemos atender 11,4 milhões de crianças de 1 a menos 5 anos de idade em todo o Brasil. Estas crianças que não foram vacinadas, acabam transmitindo o vírus para outras crianças, inclusive adultos que não foram vacinados. A partir do momento que fizermos a vacinação destas crianças, estaremos diminuindo a capacidade de transmissão do vírus no país.

INFORMAÇÕES IMPORTANTES:

O que é sarampo?

O sarampo é uma doença infecciosa aguda, de natureza viral, grave, transmitida pela fala, tosse e espirro, e é extremamente contagiosa, mas que pode ser prevenida pela vacina. Pode ser contraída por pessoas de qualquer idade. As complicações infecciosas contribuem para a gravidade da doença, particularmente em crianças desnutridas e menores de um ano de idade. Em algumas partes do mundo, a doença é uma das principais causas de morbimortalidade entre crianças menores de 5 anos de idade.

Sintomas

Principais sinais:

Febre alta, acima de 38,5°C;
Dor de cabeça;
Manchas vermelhas, que surgem primeiro no rosto e atrás das orelhas, e em seguida se espalham pelo corpo
Tosse;
Coriza;
Conjuntivite;
Manchas brancas que aparecem na mucosa bucal conhecida como sinal de Koplik, que antecede de 1 a 2 dias antes do aparecimento das manchas vermelhas.

Por Delmo Menezes, Foto: Agenda Capital, da Redação



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