“Muitos jovens que hoje já são
pais, não conheceram estas doenças e, por conseguinte não achavam que era
necessário vacinar seus filhos”, assegura Osnei Okumoto
O farmacêutico Osnei Okumoto,
secretário nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, recebeu
nesta semana em seu gabinete, a reportagem do Agenda Capital para falar sobre a
volta das doenças erradicadas e outros assuntos relevantes da sua pasta.
Osnei já assumiu cargos
importantes na área de gestão em saúde, dentre eles, Coordenador da Rede
Nacional de Serviços de Hematologia e Hemoterapia (Hemorrede); presidente da
Fundação dos Serviços de Saúde do Mato Grosso do Sul; presidente do Conselho
Regional de Farmácia do Mato Grosso do Sul e Conselheiro Federal de Farmácia.
Okumoto é servidor da
Secretaria de Saúde do Estado do Mato Grosso do Sul, e está cedido desde abril
de 2016 para o Ministério da Saúde. Em abril de 2018 assumiu uma das pastas
mais importantes do Ministério, a Secretaria de Vigilância em Saúde.
Nesta entrevista exclusiva ao
Agenda Capital, Osnei Okumoto fala sobre a campanha de vacinação e o retorno
das doenças tropicais, como o sarampo por exemplo, que voltou a infectar
pessoas após ser contido no país.
Leia entrevista na íntegra:
AC – Quais são os principais
motivos do retorno das chamadas doenças tropicais que eram consideradas
erradicadas em nosso país?
Dr. Osnei Okumoto – Quando a
gente fala de doenças a serem erradicadas, a gente se refere a doenças imunopreveníveis
que são aquelas que podem ser evitadas por meio da vacinação. Nós temos por
exemplo a vacina tríplice viral que é a vacina que serve tanto para Caxumba,
Sarampo e Rubéola.
AC – Secretário, volta e meia
estamos vendo estados e municípios reclamarem da falta de vacina na rede
pública de saúde. Procede esta reclamação?
Dr. Osnei Okumoto: Não. O
Ministério da Saúde adquire um quantitativo grande de vacinas para vários tipos
de doenças. Estas vacinas tem um custo para o Ministério em torno de quatro
bilhões de reais. Então as vacinas são adquiridas e são distribuídas para os
estados de acordo com a característica de cada grupo prioritário para
determinadas doenças. Os estados fornecem as informações para o MS, o qual faz
a programação, adquire estas vacinas e distribui para os estados.
AC – Especialistas alertam
para o perigo do retorno de doenças consideradas controladas como o Sarampo por
exemplo. Quais são as ações que estão sendo desenvolvidas pelo Ministério da
Saúde através da SVS, para o controle destas doenças?
Dr. Osnei Okumoto – O
Ministério da Saúde desde 2016 possui o certificado de erradicação do Sarampo e
isso foi possível a partir do momento que conseguimos minimizar a circulação do
vírus no país. Havia um sistema de Vigilância em Saúde, que para qualquer caso
suspeito de Sarampo, o sangue seria coletado, os exames realizados e logo em
seguida a gente faria um bloqueio através da vacinação para que não houvesse o
alastramento da doença.
AC – Apesar do pouco tempo à
frente da Secretaria de Vigilância em Saúde, o senhor poderia destacar as ações
mais relevantes na SVS na sua gestão?
Osnei Okumoto – Sim.
Adquirimos as vacinas não somente para Sarampo, Rubéola e Caxumba. Adquirimos
também para Varicela (catapora), Meningite, Tuberculose e assim por diante. A
quantidade hoje de vacinas ofertadas pelo SUS é muito grande. No entanto houve
uma baixa de cobertura vacinal em virtude de que muitas doenças dessas, não
foram conhecidas por uma população mais jovem. A Poliomielite por exemplo, tem
81% de cobertura, e necessitaríamos de 95%. O Sarampo também que gira em torno
de 80%, precisaríamos ter em torno de 95% de cobertura. Muitos jovens que já
são pais, não conheceram estas doenças e, por conseguinte não achavam que era
necessário vacinar seus filhos. Ficamos com uma população muito jovem
principalmente de 0 a 5 anos com uma baixa cobertura de vacinação. Em virtude
disso, o Ministério da Saúde tem desenvolvido ações prioritárias no sentido de
vacinar essas crianças, porque são os mesmos problemas que tivemos em relação a
vacinação da gripe. Vacinação é garantia de vida.
AC – Me fale um pouco sobre a
nova campanha de vacinação contra o Sarampo que ocorrerá do dia 06 ao dia 31 de
agosto. O país enfrenta dois surtos nos estados de Roraima e Amazonas. Isso
está relacionado com a imigração da Venezuela?
Osnei Okumoto – Sim
perfeitamente. Como a Venezuela está tendo um problema financeiro muito grande,
que é uma questão político-financeira, eles não tiveram a disponibilização de
vacinas para o Sarampo para sua população. Isso ficou comprovado com a
identificação do genótipo do vírus (D8) nos estados do Amazonas e Roraima, que
é o mesmo que circula na região da Venezuela. Em relação a campanha de
vacinação, pretendemos atender 11,4 milhões de crianças de 1 a menos 5 anos de
idade em todo o Brasil. Estas crianças que não foram vacinadas, acabam
transmitindo o vírus para outras crianças, inclusive adultos que não foram
vacinados. A partir do momento que fizermos a vacinação destas crianças,
estaremos diminuindo a capacidade de transmissão do vírus no país.
INFORMAÇÕES IMPORTANTES:
O que é sarampo?
O sarampo é uma doença
infecciosa aguda, de natureza viral, grave, transmitida pela fala, tosse e
espirro, e é extremamente contagiosa, mas que pode ser prevenida pela vacina.
Pode ser contraída por pessoas de qualquer idade. As complicações infecciosas
contribuem para a gravidade da doença, particularmente em crianças desnutridas
e menores de um ano de idade. Em algumas partes do mundo, a doença é uma das
principais causas de morbimortalidade entre crianças menores de 5 anos de
idade.
Sintomas
Principais sinais:
Febre alta, acima de 38,5°C;
Dor de cabeça;
Manchas vermelhas, que surgem
primeiro no rosto e atrás das orelhas, e em seguida se espalham pelo corpo
Tosse;
Coriza;
Conjuntivite;
Manchas brancas que aparecem
na mucosa bucal conhecida como sinal de Koplik, que antecede de 1 a 2 dias
antes do aparecimento das manchas vermelhas.
Por Delmo Menezes, Foto:
Agenda Capital, da Redação
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